Mesmo com limitações após os seguidos AVCs (acidente vascular cerebral), o folclórico Pai Santana recebeu o LANCENET! em sua casa, em Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro. Com o uniforme do Vasco da cabeça aos pés – literalmente, já que até as meias tinham a cruz de malta –, ao ser solicitado para uma foto, fez questão de que pegassem a lendária bandeira, inúmeras vezes beijada por ele no gramado. Sim, só serviria aquela! Dona Carmem, mulher do ex-massagista, atendeu e trouxe o estandarte, castigado pelo tempo, que Santana agarrou com todas as forças entre as mãos, já frágeis, como se ali estivessem as respostas para as perguntas que poderiam surgir.
Pai Santana e sua esposa relembram bons tempos no Vasco
Logo depois, em um movimento lento, a levou até o rosto e fez o gesto tão conhecido: um beijo na cruz de malta. Esse é apenas um dos exemplos do amor que ele guarda pelo Vasco, clube que por muitos anos foi a sua casa.
Apesar de toda essa paixão, Pai Santana não poderá realizar o sonho de voltar ao banco de reservas, lugar onde esteve por mais de 30 anos, nesta quarta-feira, às 21h50, contra o Coritiba, em São Januário, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil a partida terá transmissão em tempo real pelo LANCENET! . Porém, mesmo de longe, garante que a equipe de Ricardo Gomes terá sua torcida e, principalmente, sua benção, que outrora ajudou, e muito, em importantes conquistas vascaínas.
A fala é difícil, mas o largo sorriso e a cabeça balançando positivamente demonstram a confiança no título, inédito na Colina, e que pode ser o primeiro desde que se afastou do clube por problemas de saúde, em 2004.
Tido como um amuleto por todos os vascaínos, que acreditam fielmente que muitas vitórias vieram pelas suas mãos e seus pedidos, Pai Santana é reverenciado pela torcida até hoje. E, quem sabe, as boas vibrações e as rezas vindas de Benfica não possam, mais uma vez, fazer a imensa torcida bem feliz e aumentar ainda mais a coleção de troféus. A bênção do pai, os vascaínos já têm!
ADORAÇÃO SEM FIM DA TORCIDA
Mesmo há algum tempo afastado do clube, Pai Santana ainda não saiu da memória dos torcedores. Recentemente, duas vascaínas, que conhecem sua história, foram até a casa do ex-massagista e pediram sua famosa bandeira emprestada. A justificativa dada pelo pedido era que o objeto daria sorte ao time em uma importante partida da Taça Rio.
Apesar de um pouco um ressabiado, ele atendeu ao pedido das jovens e emprestou seu amuleto.
Porém, as manifestações de carinho não param por ai. Uma torcida organizada confeccionou uma camisa com sua foto e os dizeres "Amuleto Eterno" e repassaram a ele parte da renda obtida com suas vendas.
Uma outra torcida criou uma bandeira com sua imagem e uma música que é cantada em todos os jogos do Cruz-Maltino.
AS CURIOSAS HISTÓRIAS DE PAI SANTANA
A história de Pai Santana no futebol é cercada de misticismo. O ex-massagista se tornou um personagem folclórico por tentar ajudar seus times através de poderes sobrenaturais. Passou por Fluminense, Santa Cruz e Bahia, mas foi mesmo no Vasco que suas mandingas ficaram mais famosas.
Ovos no gramado
Em 74, Santana entrou no gramado antes da final entre Vasco e Cruzeiro e atirou ovos no campo. Pérez, do Vasco, pisou em um desses ovos, torceu um dos pés e foi substituído por Ademir, que fez o gol que abriu caminho para o título.
Pelé também foi alvo
Foi com um trabalho de Santana que o Rei ficou de fora da decisão da Taça Brasil, contra o Bahia. Na ocasião, o Tricolor baiano conquistou o caneco, que hoje é considerado o título brasileiro.
Velas no vestiário
Um dos rituais mais frequentes dele era acender velas no vestiário. Seu objetivo era fazer uma oração para evocar bons fluidos aos times que defendia.
Helicóptero no rival
Outra história que se conta é que ele teria descido de helicóptero na Gávea e colocado um trabalho no campo. O Vasco sagrou-se campeão do Carioca de 77 na decisão por pênaltis.
Beijo na bandeira
Antes dos jogos do Vasco, ele costumava estender uma bandeira do time no gramado, se ajoelhava diante dela e a beijava, como ato de reverência.
Roupas brancas
Um costume de Pai Santana era entrar em campo trajando roupas totalmente brancas. Em uma época, chegou a usar, inclusive, calças sociais e blazers desta cor durante as partidas.
Zico também foi zicado
Devido a um despacho feito pelo ex-massagista, o Galinho de Quintino não chegou a se machucar, porém fez uma de suas piores partidas num clássico contra o Vasco.
A virada sobre o Flu
Até a década de 80, o Tricolor tinha mais vitórias em confrontos diretos com o Vasco. Reza a lenda que ele mexeu seus pauzinhos e fez com que a história fosse invertida na década seguinte.