Quando o técnico José Roberto Guimarães anunciou em maio que a bicampeã olímpica Sheilla ganharia um semestre de férias da Seleção Brasileira de vôlei, Rosamaria percebeu a responsabilidade que estava por vir. Aos 21 anos, só queria mostrar serviço.
Durante a semifinal do Pan de Toronto (CAN), na suada vitória por 3 a 2 sobre Porto Rico, ela fez exatamente isso. Agora, a mais jovem do grupo quer ajudar a equipe a faturar a quinta medalha de ouro no torneio (venceu em 1959, 1963, 1999 e 2011), contra os Estados Unidos, neste sábado, às 21h30 (de Brasília).
Com a experiência de ter passado por todas as categorias de base do time verde e amarelo, Rosa nunca havia disputado uma competição adulta pela Seleção antes. Tanto que começou o Pan na reserva da veterana Joycinha, de 31 anos.
Não demorou para que a condição fosse deixada de lado. Na última quinta-feira, ela substituiu a titular, anotou 17 pontos e ajudou o grupo a virar um jogo que parecia perdido. Antes, na estreia, já havia se destacado contra Porto Rico.
Como Joycinha atuou bem nos momentos decisivos do último jogo, Zé Roberto se viu diante de um “problema” para solucionar a tempo da decisão. Mas é grande a chance de Rosamaria começar jogando a partida contra as americanas.
– Abriu essa possibilidade, já que a Sheilla não veio. É minha chance de ganhar experiência em campeonato internacional e mostrar trabalho ao Zé. Tudo é aprendizado, e tem uma janela aberta aí. Se alguém conseguir ocupar esse espaço será bom – afirmou Rosamaria, de 1,85m, ao LANCE!.
Concentrada no Pan, a atleta já projeta concorrência futura não só com Joycinha, mas também com Monique e Ivna, que estão no Grand Prix, e Tandara, grávida de sete meses. A quase um ano dos Jogos Rio-2016, oportunidade é o que não falta.
A ascensão de Rosamaria já supera as expectativas da comissão técnica. Inicialmente, ela teria como prioridade o Mundial Sub-23, que disputará entre 12 e 19 de agosto, em Ancara (TUR). Mas “estourou” antes.
– Ela está evoluindo muito em termos de movimentos e teve uma melhora grande no passe. É uma jogadora que hoje apresenta uma regularidade maior, mas tem de continuar crescendo – avaliou Zé Roberto, que pode usar a jovem como ponteira.
Por ser caçula, a atacante não escapa das brincadeiras das mais velhas. Elas já prometeram até um “trote” e não a poupam no dia a dia.
– É sempre a novinha que cata bola e que leva as bolsas – disse Rosa.
* Colaborou: Hugo Mirandela
BATE-BOLA
Rosamaria
Oposto da Seleção, ao LANCE!
‘Ter trabalhado com o Zé antes me ajudou quando cheguei na Seleção’
LANCE!: Como encara essa chance de defender a Seleção adulta?
ROSAMARIA: Tento treinar tranquila, sabendo que é a minha primeira vez, então é tudo bem novo. Quero aproveitar a oportunidade que tiver como ponteira ou como oposto. Posso fazer as duas funções. Então, tento aprender o máximo que posso com as meninas.
LANCE!: Você já havia trabalhado com o Zé Roberto no Vôlei Amil, em 2013/2014 . Isso te ajudou agora?
ROSAMARIA: Acho que me ajudou bastante, porque tive contato com ele supernova e assim, entendi o que eles (comissão) querem de uma jogadora de nível internacional. Pude desde cedo buscar melhorar e atingir o nível que querem.
LANCE!: Como foi chegar no Vôlei Amil?
ROSAMARIA: No Amil foi o primeiro baque. Eu tinha 18 anos e fiquei assustada no início, mas feliz com a notícia. Pensei: “meu Deus, como eu vou chegar lá naquele time?”. Ainda mais com campeãs olímpicas. Então, comecei um pouco perdida, mas todo mundo me acolheu.