Os corredores ocupam a reta principal do circuito, ansiosos para receber o sinal da largada. Ele vem, não através de um painel de luzes, mas pelo soar de um sino. Logo a pista é invadida por mecânicos, engenheiros, jornalistas e um ou outro piloto, numa disputa para quem vai fazer a volta mais rápida... a pé.
O cenário acontece nas corridas coletivas do “Run That Track”, uma iniciativa que coloca a comunidade da Fórmula 1 para mexer o corpo, ao mesmo tempo em que ajudam a instituição Make-A-Wish, que auxilia crianças doentes com representações em diversos países do mundo. Com absoluto sucesso. São 282 pessoas que trabalham no paddock com voltas registradas no site da iniciativa. Cada volta vale US$ 100 (precisa por em reais) para a caridade.
Só a participação dos pilotos é pequena. Jenson Button participou em quatro oportunidades, mas o compromisso de pilotar um carro de Fórmula 1 no dia seguinte acaba pesando. Quem costuma contribuir mais para a caridade são os pilotos de testes, como Valteri Bottas (Williams), Jules Bianchi (Force India) e Max Chilton (Marussia).
Das 20 etapas deste ano, a única que eu não corri foi a do Canadá, pois me recuperava de uma contratura muscular. O circuito favorito da maioria dos corredores é o mesmo da maioria dos pilotos: Spa-Francorchamps. São sete quilômetros de subida e descida no meio da Floresta das Ardenhas, com a possibilidade de passar pela mítica curva Eau Rouge e sentir nas pernas o quão inclinada ela é.
Curiosamente, o desafio maior é mesmo o circuito de Interlagos. São dois pontos de subida íngreme, uma em direção ao Laranjinha e outra que vai da Junção até a reta dos boxes. Esta acontece no final da volta, justamente quando se está mais cansado. O traçado mais tranquilo é o do circuito de Monza, praticamente plano e com a corrida acontecendo no clima ameno do início de setembro na Itália.