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Lance!
Rio de Janeiro, Brasil
Dia 20/02/2020
15:42
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Por Marden Diller – Em um torneio do calibre do Rio Open, centenas de experiências do tênis se cruzam no mesmo espaço, e não necessariamente são os jogadores o grande foco da atenção. No caso do austríaco Dominic Thiem, seu treinador Nicolas Massu também surpreende.

Medalhista de ouro em simples e duplas em Atenas 2004 e ex-número 9 do mundo, o chileno é uma verdadeira enciclopédia de experiências do tênis. Capitão de seu país na Copa Davis e trabalhando ao lado do austríaco número quatro do ranking, o ex-tenista conversou com exclusividade com o Tênis News e compartilhou um pouco de sua sabedoria acerca do tênis atual.


Tênis News – Você acaba de completar um ano de parceria com Dominic Thiem, que vem a ser seu primeiro pupilo fixo no esporte. Como tem sido essa aventura?

Nicolas Massú - Começamos a parceria em Buenos Aires, então é exatamente um ano. Acho que foi tudo muito legal. Os resultados também são incríveis, duas finais de Grand Slams, sendo uma no saibro e uma na quadra dura, um Masters 1000 em Indian Wells, cinco títulos ao longo do ano, final no ATP Finals em Londres, em uma superfície rápida também.

Ele esteve muito regular em todas as superfícies ao longo do ano, o que foi um dos grandes objetivos. Buscamos essa regularidade para melhorar o jogo e os resultados nas superfícies mais rápidas. Ano passado ele venceu mais títulos na quadra dura que no saibro e ainda fechou como número quatro no ranking.



Falando justamente do ranking, ele chega ao Rio de Janeiro apenas 100 pontos atrás de Roger Federer, o terceiro colocado. Como está sendo essa experiência de poder ultrapassá-lo ainda nessa semana?

Claro que isso é importa, quando você tem um sonho você busca essa chance. Ele é numero quatro no mundo e quando se chega aqui você quer subir e ser melhor. Na posição dele, claro, ele lutará por uma chance. Ninguém sabe o que acontecerá no futuro, mas acho que ele tem o tênis e o potencial para chegar lá (no número 1). Obviamente não é apenas ele, existem alguns outros poucos jogadores que também podem atingir esse objetivo e lutar pelo número 1 do mundo.



Além da questão do ranking, muito se fala sobre o primeiro dessa geração posterior a Federer, Nadal e Djokovic a vencer um título de Grand Slam. Para você, após essas duas finais de Grand Slam nos últimos 12 meses, o momento de Thiem está próximo?

Na Austrália ele esteve perto. Todos esperam que ele vá vencer primeiro Roland Garros no saibro, mas ele também teve a primeira chance de vencer um Slam na quadra dura. Se você comparar as duas finais em Roland Garros com a do Australian Open, ele esteve mais perto na Austrália. Você pode pensar que ele tem mais chances aqui ou ali, mas ele vem bem em todas as superfícies. Claro que no saibro ele se sai melhor que outros caras, já que ele vem de duas semis e duas finais consecutivas, mas talvez isso se deva ao fato de ser difícil achar caras que realmente saibam como jogar no saibro. Talvez na quadra dura você consiga achar mais jogadores que têm todo o jogo desenhado para esse tipo de piso, no saibro isso é mais difícil. Não sei bem a que se deve isso, talvez por Dominic ter sido moldado no saibro ele entenda e sinta melhor a superfície. Mas a verdade é que existem muitos jogadores que podem lugar no futuro por grandes coisas, não apenas Dominic, mas ele está em uma posição de quem vem de três finais em Majors, é o melhor ranqueado depois dos três maiores jogadores da história e tem retrospecto positivo contra o Big 3 nos últimos 12 meses.



E esses outros jogadores, esses jovens, vêm apresentando um estilo de jogo diferenciado que está começando a apresentar grandes resultados.

Acho que os atletas estão tendo carreiras mais longas. Esses caras como Federer, Nadal e Djokovic estão jogando um tênis incrível e ainda têm muita lenha para queimar, o que dificulta a vida das gerações mais jovens, pois estamos diante dos melhores da história. No entanto, os jovens estão jogando de forma incrível e por isso eles estão perto. Agora todos estão esperando que os jovens vençam um Slam, e eu sei que isso vai acontecer, talvez esse ano, talvez ano que vem, talvez no próximo Slam, mas precisamos ter calma, porque a pressa não ajuda em nada. Dominic já mostrou que pode dar esse passo, Medvedev no último US Open também, Stefanos também, então é apenas questão de tempo.



Você segue trabalhando como capitão do Chile na Copa Davis, acompanhou a equipe no novo formato da competição e esteve presente na ATP Cup ao lado de seu pupilo, o que você acha dessas novidades para as duas competições?

Eu estava em Madri como capitão do Chile, na ATP Cup eu estava como treinador de Dominic. Para mim foram duas experiências diferentes. Quanto à Davis, o formato é diferente, mas o mais importante é representar seu país, não importa se é a nova Copa Davis ou a velha Copa Davis ou a Copa Davis do futuro. Para mim, o mais importante é representar meu país, não importa onde. Precisamos seguir as regras, gostando ou não, precisamos ir lá e fazer o que temos que fazer.

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