Anunciado como palco principal do Oi Rio Pro, etapa brasileira do Circuito Mundial (WCT), após três ressacas atingirem a estrutura do Postinho, na Barra da Tijuca, Grumari entrou no radar da Liga Mundial de Surfe (WSL) muito antes do incidente. Reclamações sobre a má qualidade da água e das ondas pesaram na escolha de um cenário limpo e afastado.
Localizada em Área de Preservação Ambiental (APA) e com acesso limitado, a praia só se tornou sede devido ao estrago causado pela maré alta na semana passada, sem interferência da sujeira. Antes, ela seria apenas alternativa. Mas a pressão dos estrangeiros fez com que o novo lugar entrasse nos planos em dezembro do ano passado.
Alguns atletas relataram ter sentido enjoos durante a estadia na capital fluminense na última edição do torneio, e culparam a poluição da Barra, como os americanos Kelly Slater e C. J. Hobgood, e os brasileiros Filipe Toledo e Wiggolly Dantas.
– A escolha de Grumari como uma das opções teve a ver com a poluição da Barra, sim. Mas o primeiro quesito é sempre a qualidade de onda. Os sites alternativos anteriores (Arpoador e meio da Barra) não tinham o mesmo padrão – afirmou Renato Hickel, comissário da WSL para o tour masculino, em entrevista exclusiva ao LANCE!.
Os australianos Joel Parkinson (5º do ranking mundial) e Kai Otton (28º) confirmaram suas ausências da etapa sob alegação de motivos pessoais. Ao mesmo tempo, uma reportagem de abril da revista “Stab”, especializada em surfe, mostrou que a insatisfação dos “gringos” é tanta que eles cogitam até mesmo o fim da etapa brasileira.
– Se tivermos outro ano de ondas medianas e todos ficarem doentes, provavelmente o evento não segue adiante por lá – declarou o australiano Adrian Buchan, 10º colocado no ranking, à publicação de seu país.
A disputa brasileira é gerenciada pela Liga Mundial de Surfe da América do Sul, que tem planos de levar o tour a outros países do continente. Por enquanto, ninguém fala em retirar o evento do Brasil. Mas, para evitar novas críticas, é preciso dar uma resposta convincente aos surfistas.
Após as ressacas, o Postinho se tornou palco alternativo da edição deste ano do Oi Rio Pro. Uma vez que a estrutura seja reconstruída, o que está previsto para acontecer até quinta-feira, os comissários poderão optar pelo local, caso as condições de onda lá sejam melhores.
– Aumentamos as instalações de Grumari, já que, em tese, teremos mais tempo lá, e reconstruímos o Postinho menor – explicou Hickel.
A etapa brasileira, quarta da temporada do Circuito Mundial, está prevista para começar amanhã. A janela de competição vai até o dia 21.