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Veja pontos que fazem de Cuca um dos principais responsáveis pela boa fase do Santos

Treinador recuperou a confiança do elenco e blindou o grupo de extensa crise financeira, levando-o para a semifinal da Copa Libertadores 

Cuca está na terceira passagem pelo Peixe, em busca do primeiro título pelo clube (Foto: Liamara POLLI / POOL / AFP)
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Quando Cuca assumiu o comando do Santos, no início de agosto, o torcedor do Peixe vivia uma gangorra de sensações: oito meses antes, o time havia sido vice-campeão brasileiro sob o comando do técnico Jorge Sampaoli, que deu aos santistas o prazer de ver uma equipe ofensiva e sempre disposta a marcar gols. No entanto, após a saída do argentino, a diretoria apostou novamente em um nome internacional, o português Jesualdo Ferreira, que não teve o mesmo êxito.

Assim, equilibrar desempenho e resultados era a "ingrata missão" que Alexi Stival, o Cuca, teria em sua terceira passagem pelo Peixe. Isso em meio a uma grave crise financeira, com o clube proibido pela Fifa de contratar jogadores por dívidas com equipes estrangeiras e conturbado clima político.

Hoje, o Santos, sem o melhor dos elencos e em uma condição político-administrativa desfavorável, está nas semifinais da Libertadores e no pelotão superior do Brasileirão, deixando a seguinte questão: o quanto a boa fase passa pelo trabalho do técnico? Confira os pontos principais:

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GANHAR O ELENCO


Quando chegou ao Alvinegro, a primeira meta de Cuca era trazer o elenco para si, algo que o seu antecessor (Jesualdo Ferreira) não conseguiu fazer. Nos primeiros dias de trabalho, aproximou-se do grupo, reintegrou peças que estavam "escanteadas", como Serginho Chulapa, auxiliar-técnico, e Renato, para a perto da direção técnica de futebol, e assim contribuir com o trabalho de campo.

Aos poucos, isso foi criando um sentimento familiar entre todos, o que ficou visível na goleada por 4 a 1 aplicada diante do Grêmio, na última quarta-feira (16), pela volta das quartas de final da Libertadores, na Vila Belmiro. O resultado culminou com o avanço santista às semifinais da competição continental.

Com a maratona de jogos e a sequência intensa de compromissos, muitas vezes o técnico trocou o trabalho de campo nos treinamentos por atividades mais leves e a montagem dos esquemas por meio de conversas e palestras com os atletas. Na maioria das ocasiões, a fim de preservar o grupo fisicamente, mas no caso da véspera do duelo diante do Imortal foi para investir o tempo em ganho moral.

Resgatar a confiança do grupo em momentos pontuais, como na classificação pela Libertadores, só foi possível por um processo que se iniciou desde a chegada do treinador ao Peixe.

BLINDAR O GRUPO

A situação financeira delicada do Santos nunca foi segredo, tanto externamente quanto para os próprios atletas. Durante os meses que antecederam a chegada de Cuca ao Peixe, o futebol ficou quatro meses parado, por conta da pandemia do novo coronavírus, e o Alvinegro foi o clube que mais teve problemas para reduzir o salário dos jogadores.

Para preservar o ganho dos funcionários que recebem até R$ 6 mil, a opção da diretoria santista à época foi cortar em 70% os salários de quem entra em campo, com a devolução de 30% do valor em um futuro próximo. Contudo, a decisão não foi aceita pelo plantel, dando brechas para manifestações públicas de alguns jogadores e dois pedidos de rescisões unilaterais de contrato: do goleiro Everson e do atacante Eduardo Sasha, ambos atualmente no Atlético-MG.

Outros atrasos financeiros também perduraram os últimos dias, como os três meses de atraso no pagamento dos direitos de imagem e quitação de 70% dos salários em outubro.

Além do fator monetário, o ambiente político também era conturbado, com o impedimento do presidente José Carlos Peres pelo Conselho Deliberativo e a chegada de uma gestão de transição, comandada pelo vice Orlando Rollo, na reta final do mandato.

Por vezes, Cuca bateu de frente internamente com a diretoria, mas nunca deixou essas reivindicações sairem das quarto paredes e, muito menos, atingirem o campo.

Com o estilo conciliador, o treinador foi o pacificador entre diversas revoltas dos jogadores com os dirigentes e, com isso, blindou elenco do Peixe da crise institucional que vive o clube.

UTILIZAR A BASE

Se não bastasse o desafio de conquistar a confiança do elenco em meio a um caos político no Santos, Cuca também teve a missão de não pode solicitar reforços, já que desde março o Peixe tem um banimento na Fifa, por inadimplências em transações com outras equipes, que impede o clube de registrar atletas até que isso seja resolvido.

Com isso, a base foi o único celeiro de garimpo pra Cuca, que algumas vezes foi criticado por torcedores por preterir alguns garotos por medalhões do elenco que não estavam bem.

O técnico, no entanto, soube utilizar muitos pratas da casa de formas pontuais, os oportunizando gradativamente e dentro do crescimento individual dos meninos, sem queima-los. Até os que, no início, não renderam, voltaram a ser usados e desempenharam melhor futebol após um tempo fora dos holofotes. É o caso, por exemplo, do garoto Sandry, fundamental nos dois jogos contra o Grêmio pela Libertadores.

TRABALHO TÁTICO

O Santos está longe de apresentar o futebol mais vistoso do Brasil, mas tem desempenhado apresentações condizentes com a sua realidade e que imprimem a consistência do time na temporada.

Cuca sabe a limitação do seu elenco, bem como a impossibilidade de compor o grupo, e tem montado as ideias de jogo dentro das características dos adversários e entendendo questões como falta de peças e quedas de desempenho.

O Santos de Cuca já teve diversas composições, principalmente no meio-campo, setor onde o Peixe tenta se encontrar, tendo um sistema defensivo sólido e um ataque letal. Além disso, conta com pontos individuais, como as defesas de John, a boa fase de Pará e Diego Pituca e, principalmente, os lampejos de Marinho.