Time do Rei

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Favorito a cargo no Santos não levou taça, mas deixou bom legado em rival

Saiba um pouco da trajetória de Gustavo Vieira no Tricolor; ele deve assumir a direção executiva do Peixe na gestão de José Carlos Peres, recém-eleito

(foto:eduardo viana)
Escrito por

Gustavo Vieira de Oliveira teve duas passagens como diretor executivo de futebol do São Paulo entre 2013 e 2016. A primeira foi encerrada em maio de 2015, por discordâncias com o então presidente Carlos Miguel Aidar. Voltou em outubro daquele ano, logo após Leco ser eleito para ocupar a vaga de Aidar, que renunciara. Nesse período, o dirigente conseguiu deixar um legado importante para o clube, mas sofreu com perseguição política e não foi capaz de quebrar a seca de títulos do Tricolor, que dura desde 2012.

Advogado, Gustavo foge do perfil consagrado de dirigente no futebol brasileiro. Discreto, não costuma aparecer nos holofotes e dá poucas entrevistas. É a favor que se divulgue quanto cada dirigente tem para gastar na montagem do elenco para que seja cobrado a partir dai. O perfil de negociador que conquistou o ex-presidente Juvenal Juvêncio, morto em 2016, lhe rendeu a fama de mão de vaca entre os empresários. Daí vem uma de suas importantes contribuições para o São Paulo.

Em 2016, por exemplo, montou o elenco que chegou a semifinal da Libertadores, algo que não acontecia desde 2010, a custo zero. Por empréstimo, trouxe o zagueiro Maicon, o lateral-esquerdo Mena, e os atacantes Kelvin e Calleri, todos titulares na surpreendente campanha. Em quase todas as contratações, adotou a postura de tentar barganhar ao máximo a favor do clube, de onde vem a fama.

Esse modus, no entanto, também foi apontado como responsável por alguns insucessos do São Paulo no mercado. Um exemplo bastante citado é o de Alexandre Pato. Em julho de 2016, o Tricolor ficou muito perto de comprar o atacante terminado seu período de empréstimo cedido pelo Corinthians. Gustavo, porém, teria tentado reduzir ao máximo os custos da negociação, o que teria feito Pato optar pelo Villareal (ESP). O dirigente nega a versão e diz que não teve o aporte financeiro para fazer a contratação que solucionaria problemas no ataque naquele momento, uma das razões para a eliminação para o Atlético Nacional na Libertadores. Perto da semifinal, o time sofreu com os desfalques de Kelvin e Ganso, e ficou sem opções. A atuação nessa janela foi muito criticada. O São Paulo trouxe o atacante Ytalo, do Osasco Audax, e o meia peruano Cueva, que não pôde ser inscrito na competição sul-americana por ter aduado pelo Toluca.

A atuação do dirigente foi muito além das contratações. Foi ele o principal responsável por implantar o departamento de análise de desempenho do clube, que era o mais atrasado em relação aos quatro grandes de São Paulo nesse ponto. Montou a estrutura e contratou profissionais referendados que haviam feito sucesso no Corinthians. Na base, teve atuação importante ao lado do gerente Júnior Chavare, contratado por Aidar para cuidar de Cotia. Gustavo e o profissional que fez sucesso no Grêmio descobrindo talentos como o volante Walace e o atacante Luan, melhor jogador da última Libertadores, mudaram o modo de captação de talentos. Contratavam a custo baixo, ou em troca de alguns jogadores não utilizados no profissional, promessas de outros clubes que chegavam ao São Paulo para completar a formação. Foi o caso do zagueiro Lyanco e do atacante Luiz Araújo, vendidos este ano para Torino (ITA) e Lille (FRA), respectivamente, rendendo mais de R$ 60 milhões. No elenco atual, o meia Shaylon veio dessa forma, da Chapecoense.

O maior obstáculo do dirigente no São Paulo foi a política. Nesse ponto, dois aspectos foram determinantes para a impopularidade do dirigente e, mais tarde, pela sua saída. A primeira foi a divulgação de seu salário quando retornou ao clube pelas mãos de Leco. Na época, a quantia nos padrões dos maiores executivos foi considerada exagerada para um dirigente de pouca experiência. Além disso, as partes acertaram uma cláusula que dava a Gustavo 3% sobre os lucros nas vendas de jogadores que ele contratasse a partir dali. Esse termo gerou polêmica e acabou retirado do contrato final diante da repercussão negativa. Outro fator que pesou contra Gustavo politicamente foi sua relação com o empresário Eduardo Uram. Como advogado, antes de ser dirigente, seu escritório prestou serviço ao agente. Isso acabou sendo relacionado com o fato de o Tricolor ter contratado jogadores de Uram - chegou a ter dez no elenco. O assunto foi alvo de investigação no Conselho Deliberativo, mas nunca foi provado ilicitudes nas transações envolvendo o clube e Uram.

A passagem de Gustavo pelo São Paulo terminou em setembro de 2016, quando a pressão interna sobre Leco para demiti-lo já era intensa. Além da perseguição política que passou a sofrer pelas razões já citadas, pesaram contra os maus resultados após a Libertadores, quando o time rondou a zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. A reposição de peças foi considerada ruim, com as chegadas de nomes como o atacante argentino Chavez e o centroavante Gilberto.

No fim, Gustavo saiu sem ter conquistado um título, que sempre foi seu principal objetivo, mas acabou tendo êxito em outras questões importantes estipuladas por ele e pelo próprio São Paulo.