Avatar
Lance!
São Paulo (SP)
Dia 07/08/2018
17:03
Atualizado em 08/08/2018
08:38
Compartilhar

Depois de 18 anos, Luiz Felipe Scolari volta a comandar o Palmeiras em um jogo de Libertadores nesta quinta-feira, contra o Cerro Porteño. Um adversário que o técnico conhece bem. Em 1999, quando foi campeão continental pelo clube, Felipão enfrentou a equipe paraguaia na primeira fase e, mesmo com duas vitórias, encarou momentos de tensão em duelos marcantes.

Foi diante do Cerro Porteño, em Assunção, que o Verdão aplicou sua maior goleada na campanha do título: 5 a 2, em 3 de março. Diante do time paraguaio, o zagueiro Junior Baiano fez três dos cinco gols que marcou no torneio e o transformaram no artilheiro do Verdão naquela competição. E a segunda vitória contra a equipe (2 a 1, em 7 de abril, no Palestra Itália) foi tensa, sob risco de precoce eliminação.

Os dois triunfos sobre os paraguaios ganham ainda mais valor diante da campanha que fizeram naquela Libertadores. O Cerro Porteño chegou à semifinal, igualando sua melhor campanha na competição (atingiu a fase também em 1973, 1978, 1993 e 1998 e só ficou entre os quatro primeiros novamente em 2011). O time teve ainda um dos artilheiros da edição: o atacante brasileiro Gauchinho, com seis gols.

Confira abaixo os detalhes dos duelos entre Palmeiras e Cerro em 1999:

Junior cruza e Junior Baiano empata no Paraguai (Foto: Reprodução)

PÊNALTI ABSURDO, VIRADA, GOLEADA E CINCO GOLS DE CABEÇA
3/3/99 - Cerro Porteño 2 x 5 Palmeiras - Defensores del Chaco - Assunção (PAR)

Felipão ainda tentava encontrar um time ideal e viajou para o Paraguai sem o capitão César Sampaio, machucado. O gol ainda tinha Velloso, a linha defensiva já contava com Arce, Junior Baiano, Cleber e Junior, Zinho e Alex eram os armadores e Paulo Nunes era dono de vaga cativa no ataque. Para aquele jogo, Roque Júnior fez dupla de volantes com Rogério e Evair era o centroavante titular, deixando Oséas no banco.

O Palmeiras vinha de uma vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, na estreia, no Morumbi, e logo viu no primeiro jogo fora de casa a força da arbitragem para os anfitriões. Aos 13 minutos, Fernández girou no chão sobre Junior Baiano e Arce, levantou e simplesmente se jogou na área, sozinho. O árbitro marcou pênalti, e Alvarenga converteu enchendo o pé no canto direito de Velloso.

Depois disso, um show aéreo: quatro gols de cabeça do Verdão. O time soube usar a velocidade e a troca de passes de primeira envolvendo Júnior, Alex e Paulo Nunes, e Junior Baiano mergulhou para aproveitar cruzamento de Junior e empatar, aos 39. No segundo tempo, aos sete, Alex bateu escanteio para Cleber virar, Junior lançou na área para Alex ajeitar e Evair testar nas redes, aos 22, e Junior Baiano fez mais um, após Arce bater escanteio, aos 25.

Jorge Campos, aos 31, fez o quinto gol de cabeça da partida, e o segundo do Cerro Porteño. Até que Oséas, especialista no jogo aéreo, entrou no lugar de Evair no segundo tempo e fechou o placar usando o pé, aos 43 minutos. Foi a única derrota em casa na Libertadores do Cerro, que tinha o brasileiro Jair Pereira como treinador naquela partida.

Zinho rolou e Arce fez o gol da virada no Palestra (Foto: Reprodução)

GOLAÇO DO CERRO, DESVIOS SALVADORES E ARCE DECISIVO
07/04/1999 - Palmeiras 2 x 1 Cerro Porteño (PAR) - Palestra Itália - São Paulo

Aquele 5 a 2 no Defensores Del Chaco acabou sendo a última grande exibição do Palmeiras na Libertadores na primeira fase. Depois disso, ainda no Paraguai, a equipe de Scolari levou 4 a 2 do Olimpia, ficou no 1 a 1 em casa diante do mesmo Olimpia e, no jogo que marcou a estreia do goleiro Marcos na competição (Velloso se machucou), perdeu por 2 a 1 para o Corinthians.

Como consequência, o Verdão chegou ao último jogo da fase de grupos correndo risco de eliminação, mesmo com o formato em que três dos quatro clubes da chave se classificavam para as oitavas de final. O Palmeiras dividia a segunda colocação com o Cerro, ambos com sete pontos, o Corinthians liderava com nove e o Olimpia, com cinco, sonhava com a vaga. Neste cenário, caso perdesse, o time de Felipão precisaria torcer para que o Corinthians, já classificado e planejando poupar titulares, não fosse derrotado pelo Olimpia em jogo que ocorreria dois dias depois, no Pacaembu.

O que mais deixava o ambiente tenso, contudo, eram os maus resultados na Libertadores. Felipão já usava a base da escalação que seria campeã, mas ainda com dúvidas. Tanto que deixou Alex, que passava por má fase e tinha acabado de voltar de amistosos com a Seleção na Ásia, no banco para apostar em Jackson. Naquele jogo, ainda apostou em Galeano como volante - ele se revezou algumas vezes com Rogério na formação titular na campanha.

O Cerro (que já não tinha Jair Pereira como técnico, com Carlos Báez no banco do time paraguaio) soube se aproveitar muito bem da tensão palmeirense. Abriu o placar com quatro minutos do segundo tempo com um golaço do atacante brasileiro Gauchinho (atuou por Grêmio e Atlético-PR depois da Libertadores, mas teve mais passagens por times menores do Brasil), indo do meio-campo à área passando por Junior, Jackson e Cleber e, quando Junior Baiano e Marcos se aproximavam, bateu na saída do goleiro.

Foi quando um ex-Cerro virou herói no Palmeiras. Formado no clube paraguaio, Arce garantiu a vitória, e o próprio time de Assunção também, com desvios fundamentais. Aos 15 minutos, Arce cobrou escanteio, Cleber ajeitou de cabeça quase da linha de fundo e Junior Baiano, na outra trave, testou, com a bola ainda batendo na cabeça de um zagueiro do Cerro, tirando qualquer chance de defesa do goleiro. Aos 19, em cobrança de falta perto da meia-lua, Zinho rolou e Arce encheu o pé, contando com um desvio na barreira para virar.

O Cerro ficou com sete pontos, e se classificou porque o Corinthians venceu o Olimpia por 4 a 0. Após ser terceiro na chave, o Cerro passou pelo tradicional Nacional do Uruguai, aplicando 5 a 0 em casa e levando 2 a 1 fora, nas oitavas de final, e eliminou o Estudiantes de Mérida, da Venezuela, nas quartas de final levando 3 a 0 como visitante e goleando por 4 a 0 em casa. Caiu somente nas semifinais para o Deportivo Cali, sofrendo 4 a 0 na Colômbia e vencendo por 3 a 2 no Paraguai.

O Palmeiras, por sua vez, eliminou Vasco (1 a 1 no Palestra e 4 a 2 em São Januário, nas oitavas de final), Corinthians (2 a 0 a favor e contra no Morumbi, e 4 a 2 nos pênaltis, nas quartas de final) e River Plate (levou 1 a 0 na Argentina e aplicou 3 a 0 em São Paulo, pelas semifinais) até ser campeão diante do Deportivo Cali (1 a 0 para os colombianos na ida, 2 a 1 para o Verdão no Palestra, que venceu por 4 a 3 nos pênaltis). E Luiz Felipe Scolari se fixou de vez na história do clube.

Siga o Lance! no Google News