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Vitor Coelho Palhares
São Paulo (SP)
Dia 17/05/2025
18:03
Atualizado há 3 minutos
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A Justiça determinou que o caso envolvendo a morte de Gabriela Anelli, jovem de 23 anos morta em uma confusão entre torcedores de Palmeiras e Flamengo, no dia 10 de julho de 2023, nos arredores do Allianz Parque, seja julgado por júri popular na próxima segunda-feira (19), no Fórum Criminal da Barra Funda, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

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A determinação partiu da juíza Marcela Raia de Sant'Anna, da 5ª Vara do Júri da capital paulista, ainda no início de 2024. Jonathan Messias Santos da Silva, integrante da torcida FlaManguça, é apontado como principal suspeito do crime. O homem, de 34 anos, foi detido duas semanas após o ocorrido e segue preso até o momento.

Em entrevista exclusiva ao Lance!, Dilcilene Prado Anelli (mãe) e Ettore Marchiano Neto (pai) comentaram sobre a relação de amor e devoção de Gabriela com o Palmeiras e pediram justiça no julgamento da próxima semana.

- Eu agradeço pela oportunidade de pedir justiça. (…) Quem conheceu a Gabriela jamais vai esquecer quem ela era. É difícil falar dela. O júri está bem próximo, é nos dias 19 e 20 de maio. Meu pedido é de justiça, não só para mim, mas para todas as mães. Aprendi com o luto uma questão de amor incondicional. A gente, quando é mãe, ama. Mas, quando a gente perde… nós não temos noção do que é um amor de verdade. Não temos de volta esse amor - disse Dilcilene.

- A gente (família e amigos) vive dias terríveis. Parece que a hora não passa. A gente não vê a hora de acabar com tudo isso. A gente não consegue dar continuidade no nosso luto, porque o luto é um processo longo. Você não consegue ter um minuto de paz. É uma vida que foi tirada. Eu deixei ela no metrô do Campo Limpo e levei ela embora dentro de um caixão - explicou Ettore.

Na Rua Padre Antônio Tomás, próximo à divisão entre as torcidas mandante e visitante, Gabriela Anelli foi atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro no pescoço. Na sequência, a jovem foi encaminhada para a Santa Casa, na região central da capital. Já sob cuidados médicos, Anelli sofreu duas paradas cardíacas e, posteriormente, faleceu dois dias depois devido a uma "hemorragia aguda externa traumática".

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o suspeito foi identifcado através de câmeras de segurança na região, que identificaram o rosto de Jonathan com auxílio de drones e do Instituto de Criminalística (IC) da cidade.

- A gente continua amando, e ela tá ali no céu olhando por nós e amando o Palmeiras

Gabriela Anelli, torcedora do Palmeiras (Foto: Reprodução)

Em agosto de 2023, Jonathan Messias Santos da Silva, integrante de uma torcida organizada do clube carioca, passou a responder como réu após ser indiciado por homicídio doloso, que ocorre quando há intenção de matar. A defesa nega as acusações e chegou a pedir, em duas ocasiões, a revogação da prisão preventiva, mas ambos os pedidos foram rejeitados pela Justiça.

- O laudo não é assertivo em mostrar culpabilidade, cita probabilidade e que os vídeos não são originais. Isso pressupõe que são editados em momentos distintos, não dá para precisar se ao certo a garrafa que acertou a vítima tenha sido disparada ou não por ele - afirmou o advogado de defesa, José Victor, em entrevista ao "Uol".

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Relação que vem de berço e segue viva

O amor de Gabriela Anelli pelo Palmeiras vem de berço. Nascida em uma família de alviverdes, ela começou a frequentar estádios ainda jovem, entre 2006 e 2007, quando o clube vivia fase conturbada, dentro e fora de campo.

Com o passar dos anos, a paixão se transformou em rotina, e Gabriela passou a acompanhar a maioria dos jogos que podia, além de cultivar a cultura de estádio, fosse nos arredores do antigo Palestra Itália ou do novo Allianz Parque.

- Eu continuo, apesar de tudo, eu continuo amando o Palmeiras. Eu amo o Palmeiras. Não foi o Palmeiras que matou ela. Então, eu até, na época, fiquei muito revoltado, cheguei a querer desistir do futebol, mas sabia que não era isso que ela ia querer. Muitas vezes, quando o Palmeiras perdia, quem ia me consolar era a Gabriela. ‘Pai, faz parte, na próxima a gente ganha.’ Ela me dava mais força do que eu dava para ela - diz Ettore.

Gabriela Anelli ao lado do pai em jogo do Palmeiras (Foto: Arquivo pessoal)

O veredito do caso será anunciado entre os dias 19 e 20 de maio, em audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Já a camisa alviverde, "uniforme" de Gabriela Anelli em vida, continuará presente onde quer que o Palmeiras jogue.

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