Telê Santana é uma das figuras mais emblemáticas da história do São Paulo Futebol Clube. Com duas passagens como treinador, ele viveu no Morumbi o auge de sua carreira e também proporcionou aos torcedores tricolores os anos mais gloriosos da história do clube. Foi sob seu comando que o São Paulo conquistou os títulos mais importantes de sua trajetória, incluindo conquistas continentais e mundiais. O Lance! relembra a passagem de Telê Santana no São Paulo.
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Sua primeira passagem, em 1973, foi breve e sem grandes feitos, mas serviu como um primeiro contato com o clube que marcaria sua vida. Já a segunda, iniciada em 1990, transformou Telê em sinônimo de excelência, disciplina e futebol bem jogado. Foi neste período que o São Paulo consolidou seu status de potência internacional, tornando-se bicampeão da Libertadores e do Mundial Interclubes.
Com um estilo exigente e detalhista, Telê foi mais do que um treinador. Foi um formador de atletas, um estrategista e um símbolo de compromisso com o futebol técnico e ofensivo. Seus treinos intensos, sua obsessão por fundamentos e sua liderança firme criaram um ambiente vencedor que impactou gerações de jogadores e torcedores.
A trajetória de Telê no São Paulo é marcada por números impressionantes, partidas inesquecíveis e um legado que ultrapassa os títulos. Sua estátua no estádio do Morumbi é apenas um reflexo físico da grandeza de sua contribuição. Seu nome está gravado para sempre na memória tricolor como o maior técnico da história do clube.
Telê Santana no São Paulo
Primeira passagem: 1973
Em 1973, Telê Santana foi contratado para treinar o São Paulo em um momento de transição do clube. Embora já fosse um treinador conhecido no cenário nacional, ainda não havia conquistado títulos de grande expressão. Seu estilo de trabalho, que exigia dedicação máxima e valorizava a disciplina nos treinamentos, encontrou resistência entre os atletas do elenco, que estavam acostumados a uma rotina mais leve.
Durante essa primeira passagem, Telê teve dificuldades para implementar sua filosofia de jogo. Embora fosse admirado por sua seriedade e conhecimento tático, sua relação com os jogadores e dirigentes acabou se desgastando rapidamente. Os resultados também não ajudaram, e após poucos meses, o treinador acabou deixando o cargo.
Apesar de curta e sem conquistas, essa primeira experiência deixou marcas. Telê conheceu de perto a estrutura do clube, a exigência da torcida e a cultura da instituição. Seria apenas uma semente do que viria a florescer anos mais tarde. Naquele momento, no entanto, sua proposta ainda estava à frente do tempo — o que tornaria sua volta décadas depois ainda mais significativa.
Segunda passagem: 1990 a 1996
A segunda passagem de Telê Santana pelo São Paulo começou em 1990 e se estendeu até 1996. Neste período, ele comandou a equipe em mais de 400 partidas, com um aproveitamento acima de 55%. Sob sua liderança, o Tricolor venceu 198 jogos, empatou cerca de 120 e perdeu pouco mais de 90. Além dos números expressivos, o que se destacou foi a forma como o São Paulo jogava: com organização tática, intensidade física e refinamento técnico.
O time de Telê conquistou dois Campeonatos Paulistas, um Campeonato Brasileiro, duas Libertadores, dois Mundiais Interclubes, uma Supercopa da Libertadores e duas Recopas Sul-Americanas. Ao todo, foram dez títulos oficiais no período, o que faz de Telê o técnico mais vitorioso da história do clube. Ele montou equipes que marcaram época, com jogadores como Raí, Zetti, Cafu, Leonardo, Toninho Cerezo, Palhinha, Müller, Ronaldão e muitos outros.
Os anos de 1992 e 1993 foram os mais intensos da era Telê. O São Paulo participou de todas as competições possíveis, disputando mais de 80 jogos em cada temporada. Mesmo com o calendário apertado, a equipe manteve o alto nível técnico, encantando o Brasil e o mundo com seu futebol eficiente e bonito. As vitórias contra Barcelona e Milan nos Mundiais são lembradas até hoje como os maiores feitos internacionais do clube.
Além dos títulos, Telê também foi responsável por revelar e lapidar talentos. Sua atenção aos fundamentos e aos detalhes técnicos ajudou a transformar promessas em jogadores prontos para a Seleção Brasileira e o futebol europeu. Era comum vê-lo interromper treinos para corrigir gestos técnicos, orientar posicionamento ou insistir em repetições até que o movimento fosse executado com perfeição.
Jogos marcantes da era Telê
Ao longo de sua trajetória no São Paulo, Telê Santana esteve à frente de partidas históricas. Entre as mais lembradas estão as finais da Libertadores de 1992 e 1993. No primeiro ano, o São Paulo venceu o Newell’s Old Boys nos pênaltis, em um Morumbi completamente lotado. No ano seguinte, superou a Universidad Católica com uma vitória contundente no jogo de ida por 5 a 1.
Nos Mundiais, os triunfos contra Barcelona e Milan foram consagrações de um time que se impunha diante dos melhores do mundo. Em 1992, o São Paulo venceu os catalães por 2 a 1, com uma atuação de gala de Raí. Em 1993, superou o Milan por 3 a 2, em um jogo memorável que consolidou o bicampeonato e a hegemonia do clube no cenário internacional.
Outro jogo marcante foi a final do Campeonato Brasileiro de 1991 contra o Bragantino. O time comandado por Telê venceu o jogo decisivo por 1 a 0, garantindo seu primeiro título nacional pelo clube e abrindo caminho para as conquistas seguintes. Nas decisões estaduais, o São Paulo também foi dominante, superando Palmeiras e Corinthians com atuações consistentes e superiores.
Essas partidas não ficaram marcadas apenas pelos títulos, mas também pelo estilo com que o São Paulo jogava. Era um time que atacava com inteligência, marcava forte e mostrava repertório tático. Telê montava equipes capazes de controlar o jogo, de se adaptar aos adversários e de impor um padrão técnico de excelência.
Títulos conquistados
Durante este período, o São Paulo conquistou os principais títulos de sua história:
- Campeonato Paulista (1991, 1992)
- Campeonato Brasileiro (1991)
- Copa Libertadores da América (1992, 1993)
- Mundial Interclubes (1992, 1993)
- Supercopa Libertadores (1993)
- Recopa Sul-Americana (1993, 1994)
Isso representa dez títulos oficiais sob seu comando, estabelecendo-o como técnico mais vitorioso da história do clube.
O legado eterno de Telê Santana no São Paulo
A contribuição de Telê Santana ao São Paulo ultrapassa as quatro linhas. Ele transformou a maneira como o clube pensava futebol. Instituiu uma rotina de treinos intensa, com foco em fundamentos, repetição de jogadas, bola parada e preparação física. Essa metodologia elevou o nível de exigência interna e serviu de base para o sucesso prolongado do clube na década de 1990.
Telê também foi um exemplo de ética, seriedade e compromisso com o futebol bem jogado. Sempre respeitoso com os adversários, nunca abria mão de buscar a vitória de forma limpa e honesta. Foi um defensor ferrenho da qualidade técnica, da formação de jogadores e da lealdade ao clube. Muitos de seus comandados reconhecem que aprenderam mais com ele do que com qualquer outro técnico.
O São Paulo reconheceu essa importância de forma definitiva ao homenageá-lo com uma estátua instalada no estádio do Morumbi. A imagem do treinador segurando as duas taças dos Mundiais simboliza o auge da era Telê e o carinho eterno da torcida. É uma lembrança física de tudo o que ele construiu e representa para o clube.
Mesmo após sua saída, a influência de Telê perdurou por anos. Técnicos que o sucederam adotaram parte de sua filosofia, e jogadores formados sob sua orientação se tornaram líderes dentro e fora de campo. Seu legado é vivo, respeitado e admirado. No São Paulo, ele não é apenas o maior técnico — é um capítulo inteiro da história.