No futebol, o goleiro é o único jogador autorizado a usar as mãos dentro da própria área, mas essa vantagem vem acompanhada de restrições claras estabelecidas pela FIFA. Entre as mais conhecidas está a regra que limita o tempo em que o goleiro pode manter a posse da bola nas mãos. Ainda assim, muitos torcedores, jogadores e até treinadores se confundem ao tentar responder: afinal, quantos passos o goleiro pode dar segurando a bola? O Lance! explica.
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A dúvida é comum porque, tecnicamente, a regra não fala em número de passos, e sim em tempo de posse. Esse detalhe é importante: o árbitro não conta os passos do goleiro, mas sim os segundos em que ele permanece com a bola sob controle, seja andando, parado ou preparando uma reposição.
A norma tem como objetivo garantir a fluidez do jogo e evitar que o time que está vencendo utilize o goleiro como forma de retardar a partida. Quando a regra é desrespeitada, o árbitro pode punir a equipe com um tiro livre indireto dentro da área, o que pode resultar em uma jogada extremamente perigosa a favor do adversário.
A seguir, entenda exatamente o que diz a regra sobre posse de bola com as mãos, qual o limite de tempo permitido, quando o árbitro pode aplicar uma punição e por que o número de passos do goleiro é irrelevante diante da contagem oficial de segundos.
Quantos passos o goleiro pode dar com a bola na mão?
De acordo com a Regra 12 da International Football Association Board (IFAB), que trata de “Faltas e Conduta Antidesportiva”, o goleiro não pode controlar a bola com as mãos por mais de seis segundos consecutivos. Esse tempo é contado a partir do momento em que ele adquire o controle claro da bola com as mãos — seja após uma defesa, uma interceptação ou qualquer outra ação dentro da própria área.
Portanto, não existe um número específico de passos permitidos. O goleiro pode caminhar, recuar, avançar ou ficar parado com a bola nas mãos, desde que não ultrapasse o limite de 6 segundos. O árbitro deve fazer essa contagem mentalmente e pode advertir verbalmente o goleiro antes de aplicar qualquer sanção.
A regra tem como base o princípio da dinâmica do jogo. Antigamente, antes da introdução dos 6 segundos, os goleiros podiam ficar com a bola nas mãos por até quatro passos, o que gerava interpretações subjetivas e muitos atrasos na partida. Com a mudança para a contagem em segundos, a FIFA buscou maior padronização e fluidez ao jogo.
Se o goleiro ultrapassar esse tempo, o árbitro pode interromper a jogada e marcar tiro livre indireto para o time adversário, no local onde a infração ocorreu (normalmente dentro da área). A cobrança, mesmo sendo indireta, representa grande oportunidade ofensiva, dada a proximidade do gol.
Quando a contagem dos 6 segundos começa?
A contagem dos 6 segundos se inicia no momento exato em que o goleiro tem o controle da bola com as mãos. Isso inclui:
- Quando ele segura a bola após uma defesa
- Quando recolhe a bola vinda de um chute ou cruzamento
- Quando a bola quica no chão e ele a pega com as mãos
Vale lembrar que a bola deve estar completamente sob controle — se o goleiro apenas desvia ou toca na bola sem agarrá-la, a contagem ainda não começa. Além disso, o goleiro pode quicar a bola ou jogá-la ao chão temporariamente, desde que não perca o controle dela.
A arbitragem, muitas vezes, adota certa tolerância contextual, especialmente quando o goleiro está sendo pressionado por atacantes adversários ou quando há impedimento na reposição rápida. No entanto, a demora excessiva, mesmo sem pressão, pode ser interpretada como antijogo.
O que acontece se o goleiro exceder o tempo permitido?
Se o árbitro julgar que o goleiro demorou intencionalmente para repor a bola após os 6 segundos, ele pode aplicar as seguintes medidas:
- Marcação de tiro livre indireto em favor do time adversário, no ponto da área onde ocorreu a infração.
- Em casos reincidentes ou quando houver clara intenção de retardar o jogo, o goleiro pode ser advertido com cartão amarelo por conduta antidesportiva.
É importante destacar que a marcação desse tipo de falta é relativamente rara no futebol profissional, mas já aconteceu em partidas decisivas. O principal motivo da baixa frequência é a tolerância aplicada pelos árbitros, que buscam não interferir excessivamente no andamento do jogo com interrupções por segundos de diferença.
Ainda assim, em jogos com o placar apertado, a arbitragem pode ser mais rigorosa, principalmente quando a equipe em vantagem tenta administrar o tempo de forma exagerada.
A regra dos 6 segundos vale para todas as categorias?
Sim, a regra dos 6 segundos é universal e aplicável em todas as categorias regulamentadas pela FIFA, desde o futebol profissional até o amador, incluindo competições juvenis e torneios de base. No entanto, a aplicação da punição costuma ser mais flexível em níveis amadores, onde os árbitros podem usar o bom senso para orientar os goleiros antes de marcar a infração.
Nas categorias de formação, inclusive, é comum que treinadores e árbitros reforcem essa regra com frequência, para evitar vícios técnicos nos jovens atletas e promover um jogo mais fluido.