O judô é uma arte marcial milenar que combina técnica, força, equilíbrio e estratégia. Cada detalhe da postura e da movimentação dos atletas influencia diretamente o rumo do combate — e a forma de segurar o quimono do adversário, chamada de empunhadura ou pegada, é um desses aspectos cruciais. Por que existe limite de empunhadura no judô? O Lance! explica.
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Ao assistir a uma luta de judô, é comum ver os atletas disputando insistentemente o controle das mangas e das lapelas, buscando a melhor posição para atacar ou se defender. No entanto, o que poucos sabem é que há regras específicas que limitam a empunhadura, impedindo que ela seja usada de maneira irregular ou como forma de travar o combate.
Essas regras foram implementadas pela Federação Internacional de Judô (IJF) para evitar estratégias excessivamente defensivas, antidesportivas ou que impeçam a fluidez do duelo. Mais do que técnica, a pegada precisa ser ativa e funcional dentro da lógica ofensiva da luta.
Neste texto, você vai entender por que o limite de empunhadura existe, como ele funciona e quais são as principais formas de pegada proibidas no judô competitivo.
O que é empunhadura no judô?
A empunhadura no judô é o ato de segurar o quimono do adversário em áreas como as mangas, lapelas, costas ou calças, com o objetivo de controlar os movimentos, quebrar a postura do oponente e preparar o ataque.
A disputa pela melhor pegada começa desde os primeiros segundos do combate. Quem conquista a pegada dominante tem mais chances de aplicar um golpe com sucesso, desequilibrar o adversário ou impedir que ele ataque. Por isso, a pegada é considerada uma das armas mais estratégicas do judô.
Por que existe limite de empunhadura no judô?
As regras que limitam a empunhadura têm como objetivo evitar o uso defensivo ou passivo da pegada. Em outras palavras, a Federação Internacional de Judô busca impedir que o atleta segure o adversário apenas para travar o combate ou ganhar tempo, sem intenção de atacar.
Se o judoca faz uma pegada considerada irregular ou que não permite ataque efetivo em até 45 segundos, ele pode ser penalizado com um shido (advertência). Três shidos levam à desclassificação (hansoku-make). A ideia é incentivar um judô mais ofensivo, dinâmico e alinhado com os princípios da modalidade.
A empunhadura também pode ser limitada quando representa vantagem indevida, como impedir que o adversário respire livremente, segurar os dedos, enrolar a manga ou esconder a lapela.
Quais são os tipos de empunhadura proibidos?
Alguns tipos de pegada são considerados ilegais ou irregulares pelas regras da IJF:
- Empunhadura com os dois braços do mesmo lado do adversário: não é permitida se não for seguida imediatamente de ataque.
- Pegada cruzada (cross grip): segurar a manga ou a lapela oposta com a mão invertida só é permitida se houver ataque imediato.
- Empunhadura do lado da faixa ou por baixo da manga: são consideradas passivas e podem ser penalizadas.
- Pegada no cinto (obi): permitida apenas em situações de ne-waza (luta no solo). No tachi-waza (luta em pé), é ilegal se for usada para travar o combate.
- Enrolar a lapela ao redor do braço do oponente: considerada antidesportiva e pode resultar em shido imediato.
- Colocar os dedos dentro da manga ou da lapela: é proibido e considerado falta grave.
Essas restrições têm como base não apenas o equilíbrio técnico no judô, mas também a segurança dos atletas, evitando movimentos que forcem articulações ou dificultem a respiração.
O que acontece quando há infração na pegada?
Quando um atleta comete uma infração na empunhadura, o árbitro central sinaliza com um gesto específico e aplica uma penalização progressiva. A primeira infração resulta em shido 1 (advertência). A segunda, shido 2, e a terceira leva à desclassificação.
Em casos de pegadas perigosas ou reincidência em condutas antidesportivas no judô, o árbitro pode aplicar hansoku-make direto, encerrando a luta imediatamente e eliminando o judoca da competição.
Além disso, o tempo conta: mesmo uma pegada legal pode ser penalizada se não for seguida por ataque. A regra dos 45 segundos exige que o atleta seja ativo, evitando condutas passivas ou apenas defensivas.
Como a empunhadura influencia a estratégia do combate?
A disputa de pegada é parte fundamental da tática no judô. Muitos combates são decididos ainda antes do primeiro ataque, apenas com base em quem consegue impor a melhor pegada. Atletas experientes utilizam combinações de empunhaduras, quebras de ritmo e trocas de mão para desequilibrar o adversário mental e fisicamente.
A capacidade de controlar a pegada no judô — e respeitar seus limites — é um dos diferenciais entre os atletas de elite e os iniciantes. O judoca que entende a importância da empunhadura e a usa de forma ofensiva tem mais chances de dominar o combate e conquistar ippons.