José Henrique da Silva Dourado, o Henrique Dourado, personifica a jornada do centroavante brasileiro que cruza todas as divisões até tocar o topo. Saído do Flamengo de Guarulhos e lapidado em clubes do interior, conquistou o país com gols, títulos e uma assinatura inconfundível: a comemoração da "ceifada". Entre 2016 e 2019, viveu seu auge em Fluminense e Flamengo, consolidando-se como um dos cobradores de pênalti mais eficientes do futebol nacional. Em 2025, segue ativo no Botafogo-PB, onde soma experiência, poder de área e liderança de vestiário. O Lance! te conta por onde anda Henrique Dourado.
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Formação e primeiros passos: da A3 ao cenário nacional
A trajetória de Dourado começa em Guarulhos e passa por Lemense, União São João, Santo André e Cianorte. Esse percurso pelo futebol de base e por divisões de acesso forjou um atacante "de casca grossa": bom leitor de espaços, agressivo na área e com faro para o primeiro pau. Em 2012, a passagem pela Chapecoense (com participação no acesso) e, em 2013, o Mogi Mirim no Paulistão trouxeram visibilidade nacional.
Traços já visíveis nessa fase:
- Mobilidade curta na última linha, atacando entre zagueiro e lateral.
- Tempo de ataque ao cruzamento: muitas finalizações no limite da pequena área.
- Frieza em pênaltis: semente do que viria a ser sua marca.
A virada de chave: Santos, Portuguesa e o salto ao Palmeiras
Mesmo sem sequência no Santos (2013), Dourado ganhou tração na Portuguesa (2013–2014), onde empilhou gols no Paulistão. O desempenho rendeu o empréstimo ao Palmeiras (2014): ali surge a "ceifada", comemoração que o transformou em personagem midiático. A conexão com a torcida veio do pacote completo: gols em jogos grandes, pênaltis bem cobrados e uma postura competitiva.
Pico de performance: Fluminense e Flamengo
No Fluminense (2016–2018), Dourado viveu um de seus melhores capítulos: Taça Guanabara 2017, artilharia da equipe na temporada e uma série de gols de pênalti com taxa de acerto altíssima. A leitura do goleiro no último passo — a "paradinha" curta, sem perder a naturalidade da passada — virou aula de execução sob pressão.
A transferência para o Flamengo (2018–2019) ampliou a vitrine. Mesmo em um elenco estelar, fechou 2018 como artilheiro do clube na temporada, com títulos como Taça Guanabara (2018) e Carioca (2019). O repertório se manteve: presença na área, bom cabeceio e segurança na marca da cal.
Experiência internacional e resiliência
Em 2015–16, Dourado viveu bom momento no Vitória de Guimarães (Portugal). Já no Henan Jianye (China, 2019–2022), marcou logo na estreia, mas uma fratura de tíbia interrompeu a sequência. O retorno ao Brasil passou por Palmeiras (2019), Ceará, CSA, Operário-PR, Juventude, Avaí e Confiança, até os títulos estaduais com América-RN (2025) e a chegada ao Botafogo-PB.
Aprendizados do ciclo fora do país: adaptação a contextos táticos distintos, robustez mental pós-lesão e manutenção do "instinto de área".
Por onde anda Henrique Dourado?
Em 2025, Henrique Dourado veste a camisa 16 do Botafogo-PB. Foi vice-campeão paraibano na temporada e segue como referência ofensiva: pivô confiável, atacando o espaço no segundo pau e mantendo a eficiência nos pênaltis — arma valiosa em jogos de mata-mata e decisões curtas da Série C.
Momentos memoráveis
- Portuguesa (2014) – Sequência de gols no Paulistão, projeção nacional.
- Palmeiras (2014) – Nasce a “ceifada”; gols importantes em jogos grandes.
- Fluminense (2017) – Taça Guanabara e série de pênaltis convertidos em clássicos.
- Flamengo (2018–2019) – Artilheiro do ano; títulos cariocas e bola na rede em momentos de pressão.
- Henan Jianye (2019) – Gol na estreia e superação de fratura de tíbia.
Linha do tempo – Clubes em que Henrique Dourado jogou
Flamengo de Guarulhos (2007–2008) • Guarulhos (2008) • EC Lemense (2009) • União São João (2010–2012) • Santo André (emp., 2011) • Cianorte (2011–2012, incluindo empréstimo) • Chapecoense (2012; retorno em 2023) • Mogi Mirim (2013) • Mirassol (2013–2016, detentor dos direitos) • Santos (emp., 2013) • Portuguesa (emp. 2013–2014; retorno 2024) • Palmeiras (emp. 2014; retorno 2019) • Cruzeiro (emp. 2015; retorno 2023) • Vitória de Guimarães e Vit. Guimarães B (2015–2016) • Fluminense (2016–2018) • Flamengo (2018–2019) • Henan Jianye/CHN (2019–2022) • Ceará (2018–2019) • CSA (2019) • Operário-PR (2020–2021) • Juventude (2021–2022) • Avaí (2023) • Confiança (2023–2024) • América-RN (2024–2025) • Botafogo-PB (2024–atual)
Títulos e distinções de Henrique Dourado
- Flamengo de Guarulhos – Paulista A3 (2008)
- Portuguesa – Paulista A2 (2013)
- Fluminense – Taça Guanabara (2017)
- Flamengo – Taça Guanabara (2018), Campeonato Carioca (2019), Florida Cup (2019)
- Figueirense – Campeonato Catarinense (2014)
- Confiança – Campeonato Sergipano (2024)
- América-RN – Campeonato Potiguar (2025)
- Botafogo-PB – Vice-campeão Paraibano (2025)
- Marcas pessoais – Alta conversão em pênaltis; inventor da comemoração “ceifada”.
"Ceifada" e pênaltis: a ciência por trás do gesto
A "ceifada" nasceu como assinatura de confiança nos tempos de Palmeiras e se perpetuou. Nos pênaltis, Dourado usa três fundamentos:
- Ritmo variável na corrida;
- Leitura do goleiro no último passo (sem telegráfos);
- Execução limpa, bola baixa e canto aberto.
O resultado é uma taxa de acerto acima da média, com goleiros frequentemente escolhendo o lado errado — traço que o acompanhou em Fluminense e Flamengo e seguiu em outras camisas.
Legado e influência
Henrique Dourado é referência de resiliência: construiu reputação sem atalhos, regressou de lesões graves, abraçou a pressão dos grandes e manteve relevância em diferentes sistemas táticos. Para jovens centroavantes, sua cartilha é clara: posicionamento, repetição de fundamentos e frieza.