A história do Palmeiras, um dos clubes mais vitoriosos do futebol brasileiro, é repleta de conquistas marcantes, grandes times e vitórias inesquecíveis. Mas entre todas as partidas disputadas desde sua fundação, nenhuma foi tão avassaladora quanto a ocorrida em 8 de agosto de 1920, quando o então Palestra Itália goleou o Internacional de São Paulo por 11 a 0 no Campeonato Paulista. O Lance! relembra a maior goleada da história do Palmeiras.
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Maior goleada da história do Palmeiras
Aquela vitória não foi apenas um resultado expressivo. Ela representou o surgimento de um clube destinado à grandeza. Fundado em 1914 por imigrantes italianos, o Palestra Itália se consolidava como uma potência emergente no futebol paulista. Em poucos anos, o clube construiu um estádio próprio, formou um elenco forte e passou a desafiar os times mais tradicionais da capital. A goleada de 1920 foi a prova definitiva de que o Palestra havia chegado para ficar.
O jogo foi disputado no Parque Antarctica, atual Allianz Parque, e ficou eternizado como o maior placar da história do clube em competições oficiais. A equipe palestrina, liderada por nomes como Heitor, Bertolini, Caetano e Amílcar Barbuy, dominou completamente o adversário, demonstrando um poderio técnico e físico muito superior.
Mais de um século depois, o 11 a 0 sobre o Internacional-SP ainda é lembrado como um símbolo do início da jornada gloriosa de um clube que viria a se transformar em referência mundial. Foi ali, em 1920, que o Palmeiras mostrou pela primeira vez o futebol vistoso e vencedor que marcaria sua identidade para sempre.
O contexto do futebol paulista e o nascimento de um gigante
O futebol em São Paulo no início do século XX vivia um período de expansão. Novos clubes surgiam, e o esporte começava a ganhar popularidade entre imigrantes e trabalhadores. O Palestra Itália nasceu exatamente nesse contexto — uma iniciativa da comunidade italiana que desejava ter um time que representasse suas cores, sua língua e seu orgulho.
Com apenas seis anos de existência, o Palestra já disputava de igual para igual com as equipes mais tradicionais, como Paulistano e Corinthians. A goleada sobre o Internacional, em 1920, foi o primeiro grande resultado que colocou o clube definitivamente no mapa do futebol paulista. O placar elástico impressionou não apenas pela diferença técnica, mas pela intensidade de um time que jogava ofensivamente do primeiro ao último minuto.
O Palestra Itália era, à época, símbolo de organização e ambição. Com estrutura própria e torcida crescente, o clube representava o espírito de superação dos imigrantes italianos que ajudaram a construir a cidade. A vitória de 11 a 0 foi, portanto, mais do que um feito esportivo: foi uma afirmação cultural.
O jogo dos 11 gols: domínio total no Parque Antarctica
A tarde de 8 de agosto de 1920 entrou para a história como um dos dias mais perfeitos do futebol alviverde. O Palestra entrou em campo com postura ofensiva e impôs seu ritmo desde o início. O Internacional, um clube modesto da capital, pouco conseguiu resistir ao volume de jogo palestrino.
O primeiro tempo terminou com o Palestra já vencendo por 6 a 0, e a goleada se ampliou de forma implacável na etapa final. O atacante Heitor, maior artilheiro da história do Palmeiras com 327 gols, foi o grande destaque da partida, marcando cinco vezes e conduzindo o time com autoridade. O meio-campo comandado por Amílcar Barbuy articulava as jogadas com precisão, enquanto a defesa praticamente não foi exigida.
Ao final dos 90 minutos, o marcador apontava 11 a 0 — um resultado tão extraordinário que se tornaria uma espécie de mito na história do clube. A torcida, que lotou o Parque Antarctica, saiu em êxtase. Os jornais do dia seguinte exaltavam o "massacre palestrino" e destacavam o surgimento de uma potência.
Heitor e os heróis da primeira era de ouro do Palmeiras
Entre os protagonistas daquela goleada histórica, Heitor Marcelino Domingues, o lendário Heitor, foi o maior nome. Ídolo incontestável, ele não apenas foi o artilheiro do jogo, mas também o símbolo da primeira geração vitoriosa do Palestra Itália. Sua técnica refinada, visão de jogo e poder de finalização o transformaram em um dos maiores atacantes do futebol paulista nas décadas de 1910 e 1920.
Outros jogadores daquela equipe também entraram para a história: Amílcar Barbuy, que seria mais tarde ídolo no Corinthians e na Seleção Brasileira; Caetano, que brilhou nas laterais; e Bertolini, conhecido por sua força física e presença de área. O time representava uma mistura de talento e disciplina, algo incomum para a época.
O sucesso de 1920 foi um prenúncio do que viria nas décadas seguintes. O Palestra se tornaria um dos clubes mais vitoriosos do Brasil, colecionando títulos estaduais, nacionais e internacionais. Mas tudo começou com vitórias como aquela, que moldaram a mentalidade vencedora do clube.
O legado do 11 a 0 e o nascimento do espírito palestrino
A maior goleada da história do Palmeiras diante do Internacional-SP consolidou o time como um dos grandes clubes do Estado. O placar de 11 a 0 ainda é, mais de cem anos depois, a maior vitória oficial da história do Palmeiras. Esse resultado simboliza o início de uma trajetória de conquistas que levaria o clube a dominar o futebol paulista e nacional nas décadas seguintes.
Com o passar dos anos, o Palestra Itália se tornaria Palmeiras, nome adotado em 1942, e seguiria empilhando títulos: Libertadores, Brasileiros, Paulistas e Copas. Mas o espírito do time de 1920 continua presente — o mesmo ímpeto ofensivo, a busca pela perfeição e o orgulho de representar uma torcida apaixonada.
Um placar que atravessou gerações e eternizou o Palmeiras
O 11 a 0 sobre o Internacional-SP é mais do que um recorde: é um retrato fiel da essência palmeirense. Mostra o nascimento de um clube que sempre acreditou na força do trabalho, na técnica e na superação.
Daquela tarde gloriosa no Parque Antarctica até as conquistas recentes na América do Sul, o Palmeiras manteve o mesmo DNA vencedor. O futebol mudou, os tempos evoluíram, mas o sentimento permanece. E enquanto houver memória alviverde, o 11 a 0 de 1920 seguirá sendo lembrado como o primeiro grande rugido do gigante que o Brasil aprendeu a respeitar.