O domínio das casas de apostas no futebol da América do Sul se faz presente nas fases decisivas das competições continentais. Na Libertadores, quase 70% dos clubes que iniciaram a edição de 2025 do torneio têm parceria com "bets", incluindo os quatro semifinalistas; a tendência se repete na Copa Sul-Americana.
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Os quatro melhores do continente na temporada, Flamengo, Palmeiras, Racing (Argentina) e LDU (Equador) estampam marcas de apostas em seus uniformes. O clube carioca lidera em valores, com patrocínio de R$ 268,5 milhões por ano, seguido pelo time paulista, que recebe cerca de R$ 100 milhões anuais. Racing e LDU têm acordos menores, de aproximadamente R$ 20 milhões e R$ 10 milhões por temporada, respectivamente.
Na Sul-Americana, três dos quatro semifinalistas também mantêm vínculos com empresas do setor: Atlético-MG, Independiente del Valle (Equador) e Universidad de Chile. Apenas o Lanús, da Argenitna, é exceção entre os oito times restante nas duas principais competições do continente; ambos os torneios, inclusive, também são patrocinados por empresas de apostas.
CEO da empresa inglesa InPlaySoft, que atua na criação e no desenvolvimento de plataformas e provedores para as casas de apostas, Alex Rose entende que o envolvimento das bets no futebol é resultado da força de alcance das competições continentais.
— Com bases de fãs significativamente grandes e fiéis, patrocínios esportivos podem funcionar bem para marcas que buscam reconhecimento, notoriedade e retenção. Em um mercado regulamentado em crescimento como o de apostas no Brasil, torneios sul-americanos podem fazer maravilhas para o crescimento da marca entre as operadoras. De fato, times da Série A brasileira já exibem os logotipos de nossos clientes. As abordagens para tais patrocínios diferem em todo o mundo, é claro, e apoiamos aqueles que permitem entretenimento sem comprometer a proteção dos jogadores — afirmou.
Já o sócio e fundador do Grupo Ana Gaming, responsável por marcas como 7k, Vera e Cassino — esta última patrocinadora máster do Fortaleza —, Nickolas Ribeiro reforça o caráter global desse movimento.
— É um mercado maduro e regulamentado em vários países, comprovando uma realidade de investimento nas principais ligas das Américas e do mundo; algumas mais, outras menos, mas que demonstram a importância desta indústria global no futebol — destacou.
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No Brasil, estima-se que os valores com patrocínios envolvendo as bets superam R$ 1 bilhão por ano. Entre as equipes que disputam a Libertadores, todas as casas estão regulamentadas pelo Governo Federal a operar no país.
— A diferença se refere ao potencial de arrecadação das casas em cada país. Além do maior número de pessoas e maior renda média no Brasil, os comparativos recentes mostram que, por aqui, o percentual da renda que as pessoas estão dispostas a direcionar às apostas esportivas e jogos de azar supera o de qualquer outro país do mundo — analisa o COO da Roc Nation Sports no Brasil, Thiago Freitas.
A regulamentação das bets entrou em vigor a partir de 1º de janeiro deste ano e já provocou mudanças profundas, fazendo com que somente as bets legalizadas passassem a patrocinar os clubes.
— A regulamentação separa o joio do trigo, garantindo apenas a presença de empresas sérias e com credibilidade no mercado. Além disso, cria novas oportunidades para atrair o interesse de operadores internacionais, consolidando o Brasil como um dos mercados mais relevantes do mundo no setor, especialmente no segmento esportivo. Com um enorme potencial de expansão a longo prazo, o país se destaca como um destino estratégico para investimentos em jogos e apostas — acrescenta consultor do Conselho Federal da OAB e sócio do Betlaw, escritório de advocacia especializado no setor de jogos e apostas, Leonardo Henrique Roscoe Bessa.
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