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Com Fernando Diniz, Atlético-PR consolida estilo de jogo e busca protagonismo

Furacão inicia a temporada com futebol vistoso e pode ser a surpresa da temporada

Furacão de Diniz está invicto na temporada e o futebol vem evoluindo a cada jogo. (Geraldo Bubniak/AGB)
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Historicamente forte no jogo reativo, o Atlético-PR vem desde 2017 mudando sua forma de jogar. Com o técnico Fernando Diniz, o time paranaense dá sinais de que achou seu estilo e vai em busca do protagonismo que tanto almeja.

Esse objetivo veio em uma proposta do atual presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, com o ex-treinador e coordenador técnico, Paulo Autuori, atualmente no Fluminense, ainda em 2016. Mas foi no ano passado que o Furacão decidiu alterar o seu modelo de jogo na prática, passando a ficar com a bola o maior tempo possível da partida.

Ou seja, o Rubro-Negro não baseia mais suas ideias de treinamento para
jogadas rápidas e verticais, explorando a transição ofensiva e a velocidade dos jogadores para marcar gols em poucos toques. Em sua história sempre foi assim e equipes como em 1999, 2001, 2004, 2005, 2013 e 2016, de um passado mais recente, são provas de sucesso.

- A dificuldade é sair da transição defensiva para ser protagonista, propondo o
jogo. Era uma tradição do clube e agora começa a ver essa mudança. Isso que tem que ser colocado desde lá embaixo, na formação. O clube tem metodologia no que faz. É preciso coragem para ter determinadas atitudes e isso ele (Petraglia) tem. Ele é líder, falta isso no Brasil e toma medidas impopulares, mas que são importantes. Agora tem que virar de coadjuvante a protagonista e não é fácil - afirmou Autuori, em outubro de 2016.

No ano de estreia, o plano não funcionou tão bem. O time atleticano não conquistou o bicampeonato estadual, caiu nas oitavas de final da Libertadores e quartas de final da Copa do Brasil, além de ficar de fora do G8 da Série A, conseguindo a vaga na Sul-Americana apenas.

As críticas ao desempenho da equipe eram grandes. O time rubro-negro rodava a bola lentamente sem objetividade, dando tempo para o adversário se posicionar e fechar espaços. A amplitude com os alas, para que façam triangulações e infiltrem junto ou com o extremos, não funcionava. Basicamente era "uma posse de bola inútil", com muitos toques de lado e pouca profundidade e movimentação, seja com Autuori, Eduardo Baptista ou Fabiano Soares, comandantes em 2017.

Para 2018, a diretoria decidiu demitir Soares após o Brasileirão e demorou para definir um novo técnico. Clarence Seedorf chegou a ficar apalavrado com a direção, mas deu para trás de última hora. A solução, então, foi buscar Fernando Diniz no Guarani, conhecido por ter um estilo de jogo, no mínimo, ousado pelo Audax, Paraná e Oeste.

Furacão defende no 5-4-1. (Reprodução/MWfutebol)

Enquanto o Estadual foi ganho por Tiago Nunes, também usando a posse de bola como ideia central e praticando um bonito futebol com um time mesclado de muita juventude e alguns experientes, a equipe principal treinava, treinava e treinava. Até o meio de abril, por exemplo, foram apenas sete partidas disputadas, sendo cinco pela Copa do Brasil, uma pela Sul-Americana e uma na Série A: quatro vitórias (Atlético-PR 5x4 Tubarão-SC, Atlético-PR 2x1 São Paulo, Atlético-PR 3x0 Newell's Old Boys, Atlético-PR 5x1 Chape) e três empates (Caxias 0x0 Atlético-PR, Atlético-PR 0x0 Ceará, Ceará 1x1 Atlético-PR).

Até aqui, o rendimento do Furacão de Diniz já chama a atenção. O sistema tático mudou: não é mais o 4-2-3-1. Ataca no 3-4-3 e defende no 5-4-1. Diferente de 2017, quando pouco produzia ofensivamente, o time atleticano vem evoluindo a cada partida e os dois duelos da semana passada, diante de NOB e Chape, mostraram uma equipe que dominou o adversário naturalmente e colocou ambos na roda.

Esse modelo de jogo rubro-negro é feito de ideias reunidas e aplicadas, como a saída de três, flutuação defensiva, o perde-pressiona na recuperação da bola, jogo apoiado e posicional para triangulações, intensidade, profundidade, amplitude e jogo nas entrelinhas. Os jogadores têm a liberdade de trocar de posição e é frequente você ver um no lugar do outro, invertendo funções. Outra característica importante desse time, em particular, é o fato de atrair o adversário em seu campo, sair da pressão e ter o campo aberto para atacar. E trocar passes. Muitos passes.

Contra a Chape, mais da metade dos passes foi no campo de ataque. (Divulgação/Footstats)

Contra a equipe catarinense, por exemplo, o Atlético-PR fez 635 passes, de acordo com o Footstats. E o mais interessante disso tudo é que mais da metade (333) foi feito no campo de ataque, com destaque para o lado esquerdo. O aproveitamento de passes certos foi de 95%. Essas marcas são as maiores durante todo o ano entre equipes das Séries A e B. Já contra o time argentino chamou a atenção o terceiro gol, de Guilherme. Nove jogadores tocaram na bola, incluindo o goleiro Santos por duas vezes, que tem papel fundamental na saída de jogo, até a conclusão do meio-campista, em um total de 28 passes. Oito jogadores estavam presentes no terço final do campo.

Equipe paranaense atrai o adversário em seu campo e, após sair da pressão, tem o campo aberto para jogar. O goleiro Santos tem papel fundamental no início da construção. (Reprodução/RPC)

- Estou muito feliz. É um sonho de qualquer técnico trabalhar em um clube que tem uma estrutura física tão diferente e grandiosa. Mas mais do que isso são as pessoas que eu encontrei no Atlético-PR. O staff é de excelente qualidade. É um clube muito mair do que essa estrutura física que todos enxergam, por dentro existem pessoas que fazem acontecer, e isso gerido e pensado por uma cabeça privilegiada, que é o seu Mário (Celso Petraglia, presidente). É um clube diferente que, de fato, merece alçar voos mais altos - declarou Diniz.

O bom momento, apesar da pouca quantidade de jogos e com 100 dias de trabalho, já empolga o torcedor, que vem comprando a ideia do novo estilo de jogo. Certamente a equipe passará por instabilidades durante a temporada, até por ter deficiência atuais, como a bola aérea defensiva e espaços para o contra-ataque, mas o futebol vistoso já tem a semente plantada. Resta ao clube deixar amadurecer e colher os frutos.

Time-base: Santos; Pavez, Paulo André e Thiago Heleno; Jonathan, Camacho (Veiga), Lucho González (Rossetto) e Carleto; Nikão, Guilherme e Pablo.