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Personalização da nova camisa da Seleção Brasileira gerou polêmica

Nike foi criticada por permitir “Jesus” e barrar “Exu” na customização das camisas; empresa afirma que houve falha no sistema

Personalização da nova camisa da Seleção Brasileira gerou polêmicas (Foto: Divulgação / Nike)
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A CBF anunciou, há alguns dias, os uniformes que serão utilizados na Copa do Mundo. Logo no lançamento, a Nike, que fornece materiais esportivos para a entidade desde 1995, manifestou que não é permitido customizações com palavras que contenham significado de cunho religioso, político, racista ou palavrões. Nomes de candidatos à presidência ou termos como “mito”, “comunismo” e “socialismo” foram barrados no site da empresa.

Nos últimos dias, porém, o tema se tornou polêmico por permitir palavras como “Jesus” e “Cristo” nos modelos e proibir outras como “Exu” e “Ogum”, entidades cultuadas por religiões afro-brasileiras.

A empresa, porém, alegou que ocorreu um erro no sistema, que permitiu a customização de algumas palavras de cunho religioso. Além disso, na nota oficial, a empresa frisou que não permite manifestações religiosas e que “o sistema é atualizado periodicamente visando cobrir o maior número de palavras possíveis que se encaixem nesta regra”.

- A camisa da seleção, antes de pertencer a uma fornecedora de material esportivo, é um símbolo nacional identitário. Não cabe a fornecedor de material esportivo algum regular o uso de qualquer expressão, como se fosse dona da camisa, quando o que existe é uma relação apenas de produção e transação de material esportivo. São tempos sensíveis, as marcas precisam estar atentas a todas esses pontos de contato de comunicação e erros podem acontecer. É compreensível a preocupação da Nike com o mau uso das ferramentas de customização, mas a linha da censura é sempre tênue. Ademais, a empresa tem um histórico de abraçar lutas identitárias e naturalmente pode rever essa decisão, melhorando o serviço no futuro. A gente evolui justamente quando um erro é cometido, revisitado e aprendido - opinou Bruno Maia, CEO da Feel The Match e especialista em inovação e novas tecnologias na indústria do esporte.

Fábio Wollf, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports, corrobora da opinião.

- O direito constitucional à liberdade de consciência e de crença é inviolável, de modo que acredito que a Nike deveria concordar em imprimir o nome desejado pelo consumidor, desde que este assine um termo de responsabilidade em relação ao termo utilizado.

Tanto a Nike, quanto a CBF, fizeram um movimento recente com o objetivo de “despolitizar” a camisa da Seleção, muito associada à imagem de Jair Bolsonaro. O lançamento do uniforme teve a participação do rapper Djonga, que faz críticas públicas constantes ao atual presidente. Além do aspecto político, a relação da torcida com a seleção brasileira esfriou nos últimos anos.

Na opinião de Renê Salviano, sócio da agência de marketing esportivo HeatMap, para captação de patrocínios e desenvolvimento de ativações, a camisa da seleção brasileira sempre será valorizada.

- Estamos acostumados a vencer no futebol e ter grandes talentos, isso gera uma conexão enorme com o público. Ainda que muitas vezes as coisas em campo não caminhem tão bem, fora dele a seleção possui um grande apelo, é uma marca valorizada - apontou Salviano.

No site da Nike, cada camisa oficial da seleção custa R$ 349,99, valor equivalente a quase 30% do salário mínimo no país. Mesmo assim, o manto azul do Brasil se esgotou em poucas horas em 8 de agosto, primeiro dia de vendas dos novos uniformes. A fornecedora já disponibilizou um novo lote aos torcedores.

- A camisa canarinho é a mais pesada do mundo, conhecida em todo o planeta. O sucesso de vendas é garantido e, se for atrelado a um bom desempenho em campo, o potencial de receita certamente se multiplica. A torcida perdeu um pouco a identificação com a seleção, porque o brasileiro está acostumado a títulos e a melhores desempenho em mundiais, mas acredito que neste ano temos tudo para fazer uma grande Copa e resgatar totalmente essa paixão - afirmou Pedro Melo, executivo comercial do Atlético-MG que atua na captação e gestão de patrocínios.

Inspirada na garra brasileira, o uniforme principal da Seleção traz detalhes que remetem a pele de uma onça. A camisa azul também conta com referências a um dos principais animais da fauna brasileira. No universo dos fornecedores de materiais esportivos, é comum a utilização de conceitos que não estão relacionados ao futebol. De acordo com Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt, os projetos devem ter embasamento e contarem com alguma ligação histórica para serem concretizados.

- Com minha experiência neste mercado, posso assegurar que no processo de criação de uma camisa, todos os detalhes que são desenvolvidos possuem alguma conexão com a história da agremiação, ainda mais quando estamos falando de um modelo que será utilizado na Copa do Mundo. Nos últimos anos, alusões a temas fora do futebol estão crescendo ainda mais, principalmente quando estão conectados ao planeta streetwear - explicou o executivo.