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Nada feito para o Flamengo: STF confirma Sport como único campeão Brasileiro de 1987

Supremo Tribunal Federal (STF) entende que clube pernambucano é o verdadeiro campeão. Flamengo, por outro lado, ainda se considera campeão e posta foto do time no Twitter

Reprodução/Youtube
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O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve o Sport como único campeão Brasileiro de 1987. Em julgamento realizado na tarde desta terça-feira, em Brasília, três ministros votaram contra o recurso do Flamengo, que exigia ser também reconhecido como vencedor do torneio nacional daquele ano. Os ministros Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes e Rosa Weber deram parecer favorável ao clube pernambucano. Somente Luis Roberto Barroso acatou o pedido de declarar ambos os times como campeões. O ministro Luis Fux declarou-se impedido de julgar o caso, pois é pai do advogado Rodrigo Fux, que representou os cariocas.

FLAMENGO NÃO JOGA A TOALHA E SE CONSIDERA CAMPEÃO

Apesar de nova derrota nos tribunais, o Flamengo ainda não se dá por vencido no caso. O vice-presidente jurídico do clube, Flávio Willeman explicou a posição do clube.

- O Flamengo vai esperar a publicação da decisão para avaliar se cabe novo recurso. Nossa posição segue firme, uma vez que ganhamos o título no campo. A posição do Flamengo não muda, foi o legítimo campeão, ninguém pode tirar a alegria do torcedor de ser o campeão Brasileiro de 87. Do ponto de vista jurídico, vamos aguardar a publicação deste recurso extraordinário. Ainda há outro recurso extraordinário pendente de julgamento. Claro que os argumentos são muito parecidos, mas o Flamengo vai aguardar a publicação para dar os próximos passos jurídicos. A torcida do Flamengo, que comemorou o título de 87, vai continuar comemorando - comentou.

No Twitter, o Flamengo postou uma foto do time campeão da Copa União de 1987 e escreveu: 'No campo, na bola, sempre Flamengo. Campeão Brasileiro de 1987.'

Apesar da posição do Flamengo, a decisão do STF é definitiva.

O Sport, por outro lado, aproveitou para comemorar e postou uma foto da Taça das Bolinhas no Twiiter: 'É nosso, é indiscutivelmente nosso'. 

O JULGAMENTO

O relator do caso, Marco Aurélio Mello (que é torcedor do clube da Gávea), disse que a decisão transitada em julgado não deveria ser modificada a partir da resolução da CBF. 

- A coisa julgada possui envergadura maior, não assumindo a posição de instituto a envolver simples interpretação de normas ordinárias. Trata-se de garantia inerente a cláusula do Estado Democrático de Direito, a revelá-la ato perfeito por excelência, porquanto decorre de pronunciamento do Judiciário.

Já os demais ministros lamentaram o fato do caso precisar ser avaliado pelo poder judiciário. 

- Não há espaço pior para discutir questões esportivas do que no poder Judiciário - declarou Barroso, único a votar a favor do recurso do clube da Gávea.

Já Alexandre de Moraes e Rosa Weber acompanharam o relator. Aos olhos de Moraes, a CBF tentou utilizar a autonomia esportiva para fazer uma mudança determinada pela Justiça:

- Terminado o campeonato a discussão era o Sport entendendo que era campeão, porque o conselho arbitral não pode alterar o regulamento por maioria, e sim por unanimidade. Judiciário concordou, não houve unanimidade. Não alterando o regulamento o Sport era o único campeão.

Além de ratificar a decisão judicial que manteve o Sport como único campeão de 1987,  a ministra Rosa Weber fez críticas acintosas ao impasse da questão ter chegado ao STF:

- Futebol é paixão, eu também entendo é que o ideal é que as questões desportivas não fossem judicializadas, se pudesse definir com o meu voto quem seria o campeão de 1987, eu estaria declarando o Internacional, e não estaria com a tristeza na alma de estar na segunda divisão

Em 2014, o Sport já tinha sido declarado como único campeão nacional pelo STF. Na época, o ministro Marco Aurélio Mello rejeitou a queixa dos cariocas.

ENTENDA O CASO

A CBF EM CRISE E A CRIAÇÃO DA COPA UNIÃO


O impasse que saiu das quatro linhas e chegou à esfera jurídica começou a se desenhar em 1986. Sem condições financeiras e lidando com uma crise administrativa, evidenciada pelas confusões do inchado Brasileirão do ano anterior, a CBF (à época, presidida por Octávio Pinto Guimarães, tendo como vice Nabi Abi Chedid) sinalizou que não tinha condições de organizar o Campeonato Brasileiro de 1987.

Diante deste panorama, os clubes tomaram a dianteira e organizaram a própria competição nacional. Houve a criação do Clube dos 13 (tendo Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Bahia) e, com os convites a Coritiba, Santa Cruz e Goiás, a Copa União ganhou forma. Inicialmente, a competição teve o aval da CBF, e teria dois módulos (Verde e Amarelo), mas não foi aceito o cruzamento na fase final para definir o campeão da temporada.

SUBIU DE VALOR? NÃO PARA TODOS!

A competição mostrou-se rentável, especialmente pela transmissão exclusiva da Rede Globo e por a Coca-Cola decidir patrocinar boa parte dos clubes (apenas Flamengo, Palmeiras e Corinthians, que já tinham vínculo com outros patrocínios, não tinham a marca estampada nas suas respectivas camisas). No entanto, a situação trouxe descontentamento a vários clubes.

Quem tomou a dianteira foram Guarani, vice-campeão brasileiro de 1986, América, semifinalista do Brasileirão do ano anterior, e Portuguesa, que teria vaga na elite, segundo regulamento antigo. Diante da pressão, Nabi Abi Chedid impôs novamente que houvesse o cruzamento dos Módulos Verde e Amarelo para decidir quem seria o campeão nacional.

A DISCÓRDIA COMEÇA A SURGIR... E VEM A REVIRAVOLTA!

À revelia dos demais integrantes do Clube dos 13, o dirigente Eurico Miranda acatou a decisão dos módulos após a Copa União. Dirigente do Flamengo e vice-presidente do C13 na época, Márcio Braga afirmou que regulamento "foi acrescido pela CBF" e só aceitaria o acordo após a realização de um Conselho Arbitral envolvendo os 32 clubes dos dois módulos.

Enquanto o Flamengo de Zico, Bebeto, Zinho e Renato Gaúcho superava o Internacional no Maracanã, com um triunfo por 1 a 0 e dava volta olímpica no Maracanã em 13 de dezembro de 1987 com ares de tetracampeão brasileiro, havia outra decisão. O rubro-negro Sport (também com um Zico) entrava em campo na luta por um título nacional na Ilha do Retiro medindo forças com o Guarani.

Pelo Módulo Amarelo, o Sport derrotou o Guarani por 3 a 0 no tempo normal. Houve uma prorrogação (os bugrinos venceram por 2 a 0 o primeiro jogo) e, devido ao empate, o jogo foi para os pênaltis.

Após um 11 a 11 nas cobranças iniciais, os dois finalistas decidiram interromper a partida, pois ambos estavam classificados para o cruzamento previsto pela CBF: o Bugre abdicou do título, e os dois clubes se cumprimentaram pela classificação.

UMA VOLTA OLÍMPICA, DOIS RUBRO-NEGROS DESCONTENTES

o início de 1988 trouxe os primeiros passos da queda de braço, com o Flamengo e Internacional se recusando a entrar em campo. Na Gávea, o clube fez um amistoso de entrega de faixas da Copa União, no qual venceu por 3 a 0 a seleção da Costa do Marfim.

No mesmo dia, o regulamento da CBF previa que o Rubro-Negro enfrentasse o Guarani no Brinco de Ouro da Princesa. Diante de 20 pessoas, o Bugre treinou cobranças de escanteios à espera da vitória no tempo normal.

Já o Sport, diante da ausência do Internacional, não quis saber de outra coisa que não comemorar. Diante de sua torcida na Ilha do Retiro, os jogadores deram a volta olímpica pelo título do Módulo Amarelo.

Em 30 de janeiro de 1988, Guarani e Sport empataram em 1 a 1 no tempo normal. No jogo de volta, em 6 de fevereiro, o Leão conseguiu a vitória por 1 a 0 com gol de Marco Antônio e sagrou-se campeão, segundo a CBF, do Brasileiro de 1987. Os dois clubes, a partir de julho, disputaram a Copa Libertadores.

No mesmo ano, o Sport entrou na Justiça para ser reconhecido como o campeão de 1987.