PM não quer Palmeiras e Corinthians com treinos abertos juntos no próximo sábado (Foto: Fellipe Lucena)
As más línguas dizem que São Paulo é o túmulo do samba. O mais coerente seria dizer que São Paulo é o túmulo do futebol. É proibido ser torcedor na maior cidade da América Latina. Não bastasse a imposição dos clássicos com torcida única ou bloqueios de ruas que limitam o direito constitucional de ir e vir, a Polícia Militar agora vetou que Corinthians e Palmeiras façam treinos abertos à torcida em seus estádios na véspera da final do Campeonato Paulista, alegando não ter como garantir segurança com eventos simultâneos. Sim, treino aberto. Você não leu errado. Segundo Paulo Castilho, promotor do Ministério Público, “é um risco desnecessário”. Com certeza não é uma logística simples, e os riscos envolvidos não podem ser ignorados. Mas a premissa é a mesma que sustenta o monstro dos clássicos sem arquibancada dividida, que nada mais é do que uma incapacidade (que pode ser estrutural ou pura má vontade com o tema) das autoridades em executar as suas funções primordiais. Tirar o corpo fora é mais fácil do que comprovar eficiência.
Na mesma linha
Para corroborar a posição da PM, basta lembrar que os estádios dos rivais ficam em lados opostos da cidade, mas o caminho a eles via transporte público é o mesmo: a Linha 3 – Vermelha do metrô. Invariavelmente, corintianos e palmeirenses irão se cruzar, longe ou perto das arenas, como se cruzariam em qualquer dia de jogo, mas a função da polícia não é justamente prevenir e proteger? Outra: recentes episódios de violência entre torcidas em São Paulo ocorreram distantes de possíveis pontos de encontro e, em alguns casos, foram brigas marcadas pela internet. Inibe-se a violência com ação e, acima de tudo, com prevenção das autoridades. Mas ser eficiente dá muito trabalho. Melhor resolver tudo na base da canetada e sem sair do ar-condicionado.
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