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Ednaldo Rodrigues: saiba detalhes sobre o primeiro presidente negro e nordestino da história da CBF

Ex-dirigente da Federação Bahiana e dono de hábitos simples, afeito ao diálogo e terá desafios pela frente. Seu mandato dura até março de 2026

'Minha vida foi sempre lutando contra essas diferenças e sempre respondendo com trabalho e com dignidade acima de tudo', diz Ednaldo Rodrigues (Divulgação / CBF
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A Assembleia Geral da CBF foi precedida por turbulências. No entanto, o baiano Ednaldo Rodrigues já traz uma mudança muito simbólica: trata-se do primeiro negro e nordestino a alcançar a presidência da entidade (cargo no qual ficará até março de 2026). Com sua chapa única eleita por unanimidade entre os presentes, o ex-mandatário da Federação Bahiana reforçou suas origens (e inclusive seus vínculos com o futebol) e desabafou sobre o preconceito que sofreu durante muitas décadas.

- Eu sou nordestino com muito orgulho, nascido na Bahia, em Vitória da Conquista, onde comecei toda minha trajetória profissional e desportiva. Tenho orgulho de ser nascido no Nordeste, tenho orgulho de ser negro. Sofri muito preconceito por conta disso. Mas minha vida foi sempre lutando contra essas diferenças e sempre respondendo com trabalho e com dignidade acima de tudo - afirmou.

Pessoa de hábitos simples e comedido nos eventos, o cartola de 68 anos logo adiantou que venderá a aeronave e o helicóptero da CBF. De acordo com ele, o trabalho tem de ser "econômico, de curto prazo, para resgatar a credibilidade e a lisura que nesses últimos anos ficou muito abalado por benefícios tristes que a sociedade cansou". 

Ednaldo chegou à presidência da entidade após a necessidade de reorganização entre os vices da CBF. Seu nome não era cotado para assumir a cadeira presidencial. Havia uma disputa interna entre Gustavo Feijó, Castellar Neto e Fernando Sarney pelo posto. 

Com a saída de Caboclo, a presidência ficou nas mãos de Ednaldo e a rota mudou. O atual presidente da CBF tem vasta trajetória em seu estado.

De lateral-esquerdo de um time amador chamado União, tornou-se presidente da Liga Conquistense de Desportes Terrestres. Em 1992, ingressou na Federação Bahiana de Futebol como diretor de futebol do interior. Cinco anos depois, tornou-se vice-presidente.

Em 2001, chegou à presidência, cargo no qual ficou até 2018. Neste período, um caso rendeu grande controvérsia: o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) denunciou o dirigente por falsificação de um documento no registro do atacante Liedson.

Equivocadamente, aparecia que o atacante iniciara a carreira no juvenil do Poções. Porém, na verdade, o jogador pertencera à Liga Valenciana de Futebol. Este documento poderia ter rendido dinheiro ao Poções por causa do mecanismo de solidariedade após a venda de Liedson ao Sporting. O cartola foi absolvido e o caso foi tratado como um erro de documento.

Eleito pela chapa de nome "Pacificação e Purificação do Futebol", o dirigente já garantiu como será sua forma de conduzir a CBF.

- Pacificação é tudo aquilo que a gente busca e foi por isso que construímos esse apoio. Foi dialogando. Sou uma pessoa simples, humilde. Tenho como lema conversar, conversar, dialogar e tudo aquilo que eu possa entender e procurar o bom senso. Sempre haverá divergências, mas procuraremos convergências. Quanto a purificar, é porque estamos cansados de todos esses escândalos, dos desrespeitos às mulheres, aos abnegados. É para que não aconteça nenhum tipo de assédio moral. A CBF vai ser transparente - afirmou.

Logo em seu início de mandato, ele encarará uma acusação. De acordo com o "GE", Gustavo Feijó apresentou uma denúncia contra Ednaldo na Comissão de Ética da entidade. Uma das acusações é de aumentos dos salários dos presidentes das federações estaduais que na quarta-feira votaram para elegê-lo. Os integrantes da comissão pediram novos documentos a Feijó para prosseguirem a investigação.

Ednaldo negou a acusação e disse que a abertura de cofres aconteceu para equiparar salários entre as federações. O novo presidente da CBF reconhece desafios que terá pela frente: ratificou respaldo à Seleção Brasileira e ao trabalho de Tite e a confiança na conquista da Copa do Mundo. Por mais que se esquive, há no horizonte a necessidade de contratar um novo treinador. Além disto, o velho problema do calendário. Que terá de ser resolvido na base do diálogo, de muito diálogo, ao que indica o tom de Ednaldo Rodrigues.