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Clube que revelou Ronaldo, São Cristóvão luta para se reerguer dentro e fora de campo

Após não disputar a Série C do Carioca de 2021, clube se volta para reestruturação de suas instalações. Há distanciamento na relação do clube com o Fenômeno

Orgulho por Ronaldo ter iniciado carreira no clube é estampado no nome do estádio e no muro (Renato Campos / São Cristóvão
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O anúncio de que Ronaldo se tornou acionista majoritário do Cruzeiro voltou as atenções também para o São Cristóvão. Clube que utiliza a frase "Aqui nasceu o Fenômeno" para sintetizar seu orgulho de ser o local onde o camisa 9 deu seus primeiros passos, o São Cricri hoje não mede esforços para se restruturar.

HORA DE ARREGAÇAR AS MANGAS

Estádio não recebe jogos oficiais dos profissionais desde 2009 (Renato Campos / São Cristóvão)

Em 2021, quando torcedores e simpatizantes recordaram os 95 anos do primeiro título carioca do São Cristóvão, a diretoria tomou uma atitude drástica. O São Cricri decidiu que não disputaria a Série C (o equivalente à quinta divisão) do Campeonato Carioca.

- Para disputar a Série C, teríamos tanto de montarmos nossa equipe quanto de contarmos com uma série de custos envolvendo cada partida. Por não termos a liberação do Corpo de Bombeiros no nosso estádio, teríamos de jogar na Rua Bariri, no Marrentão... Comunicamos à Ferj nossa licença, dissemos que não iríamos jogar a Série C e voltamos de vez as atenções para reestruturarmos nosso clube - detalhou o presidente João Machado, ao LANCE!.

A mobilização do São Cricri passou pelo Estádio Ronaldo Nazário (em 2014, o palco da Rua Figueira de Melo ganhou novo batismo). Por meio da campanha de financiamento coletivo intitulada "De Volta Para Casa", o clube tentou na Internet atingir a meta de R$ 149.545,00. O valor seria destinado a obter o laudo do Corpo de Bombeiros, além de renovações de alvarás e licenças.

Após 60 dias, foram arrecadados em torno de R$ 50 mil, valor já aplicado para melhorias no estádio.

- É difícil conseguir apoio para um clube que não tem base de sócios tão forte, mas o pessoal ajudou bastante. Achamos um bom resultado. O importante era colocar essa ideia no ar - afirmou Thiago Vancelotte, ex-gerente de marketing do clube.

Vancelotte detalhou como está o andamento das obras no Ronaldo Nazário.

- As obras já estão na segunda fase. Terminamos o necessário quanto a incêndios, faltam apenas os extintores. A próxima etapa é a alvenaria, que consiste em cimentar toda a arquibancada e subir em 5 centímetros. A última etapa serão os portões corta-fogo - disse

O local não abriga uma partida oficial desde 2002, em um São Cristóvão e America.

UM 'OUTRO' OLHAR PARA INSTALAÇÕES DO SÃO CRICRI

Em 2020, o então técnico do Vasco, Ramon Menezes, acompanha jogo-treino entre Vasco e Volta Redonda (Foto: Rafael Ribeiro / Vasco)

Embora ainda busque para voltar a receber jogos da equipe profissional, o São Cristóvão encontrou alternativas para o Estádio Ronaldo Nazário seguir funcionando. Em 2020, o clube abriu as portas para o "vizinho" Vasco se preparar de olho naquela edição do Brasileirão. Isto incluiu a realização de um jogo-treino com o Volta Redonda, vencido por 2 a 1 pelo Cruz-Maltino.

- O Ramon (então técnico do Vasco) e a comissão técnica fizeram uma visita, acharam que o gramado estava em boas condições e houve um acordo. Mas ali foi, na verdade, importante como uma forma de nos dar visibilidade - afirmou o mandatário João Machado.

Os aluguéis da sede na Figueira de Melo e da sede náutica são fontes de renda do clube. Atualmente ocupando o cargo de gerente geral, Renato Campos exaltou.

- Não daria para o São Cristóvão continuar a investir no futebol e deixar de lado espaços como a nossa sede náutica e o nosso estádio. Temos de contar com uma renda e não esquecer de buscar melhorias - e acrescentou:

- Melhoramos a estrutura de vestiário para os jogadores do estádio, o local é ótimo, tem grama sintética. A diretoria está muito empenhada - finalizou Campos, que já ocupou diversos cargos nas últimas décadas no São Cricri.

No dia 27 de dezembro de 2021, o Estádio Ronaldo Nazário ainda recebeu um jogo beneficente promovido por Athirson. O ex-lateral, que treinou o São Cristóvão em 2015, "convocou" outros ex-atletas, como Fernando, Tita, Beto, Nélio e Zé Roberto. 

A LIGAÇÃO DO CLUBE COM SEU 'FILHO ILUSTRE'

Em 2014, Ronaldo visitou o estádio mais recentemente. Depois, relação esfriou (Foto: Divulgação)

A serenidade marca o tom da atual diretoria do São Cristóvão ao falar sobre as movimentações recentes de seu "filho" consagrado nos bastidores do futebol. O mandatário João Machado ressalta:

- Ronaldo agora é um empresário muito bem-sucedido. Ele em campo passou pelo São Cristóvão, mas, com sua visão, entendeu que teria mais retorno ao investir no Valladolid e no Cruzeiro.

A mais recente visita de Ronaldo à Rua Figueira de Melo aconteceu em 2014, ano no qual se tornou o nome do estádio no qual começou a sonhar com a consagração. Renato Campos aponta que o Fenômeno é fundamental para o clube de alguma forma.

- A vinda dele aqui em 2014 foi ótima. Tudo que ele faz, inclusive em relação a outros clubes, acaba gerando uma mídia também com com o São Cristóvão. Vem a imprensa falar sobre a gente, a gente vende camisa de clube. Mesmo que não seja uma ajuda dele diretamente, o Ronaldo traz um retorno importante para nós - disse.

Na época, o Fenômeno posou com a camisa do São Cristóvão e chegou a convocar torcedores para a reinauguração do estádio. Hoje, há um distanciamento do craque em relação ao São Cricri.

- Tentamos falar com ele, mas nunca conseguimos contato direto. Por alguma rusga com a antiga diretoria, da qual não temos conhecimento, não há relação nossa com ele no momento - afirmou o ex-diretor de marketing, Thiago Vancelotte.

Em meio a isto, a atual diretoria projeta uma nova homenagem ao camisa 9. 

- Queremos colocar no estádio uma pintura do Ronaldo vestindo a camisa do São Cristóvão. Seria uma surpresa, mas precisávamos da autorização de imagem. Entramos em contato com o estafe e recebemos a notícia de que ele aprovou a homenagem - disse.

Para que a novidade saia do papel, o clube precisou receber a autorização da empresa Hoya. A fachada que fica atrás de uma das metas do campo pertence a uma multinacional japonesa que fabrica lentes. Ainda não há uma data exata para a inauguração da pintura. 

OLHAR NO HORIZONTE

Clube deposita as fichas em atletas de base, incluindo parcerias com outros clubes (Foto: Alvaro Rosa/ LANCE!Press)

O fato do São Cristóvão não disputar a elite do Campeonato Carioca desde 1995 culminou em sucessivos problemas. Aos poucos, vieram outras sequelas e a equipe foi caindo de divisão em divisão.

- São anos de muito sofrimento, muita luta. Há uma disparidade muito grande principalmente para clubes tradicionais da cidade do Rio de Janeiro. Não há tanto apoio financeiro e por isso clubes como o São Cristóvão, Bonsucesso, Campo Grande hoje perderam espaço... - declarou Renato Campos.

O atual gerente geral também vê com naturalidade o fato de Ronaldo não dar um aporte financeiro forte ao clube da Zona Norte do Rio de Janeiro, como aconteceu com o Cruzeiro.

- O Cruzeiro está na Série B e tem condições de acesso na próxima competição. E o São Cristóvão, pode chegar a uma elite do Brasileiro quando? - constatou.

Sem partidas da equipe profissional em 2021, o clube da Rua Figueira de Melo volta sua expectativa para as categorias de base.

-  Além de termos atletas que atuam base, temos parcerias e atletas nosso atuam nas categorias de base de diversos clubes. Isto vai ajudar a consolidar o São Cristóvão como um time formador. Não dá para dizer que sairá um "novo" Ronaldo, mas esperamos que venham outros jogadores promissores - declarou João Machado.

Perto de iniciar seu segundo mandato consecutivo, Machado diz que planeja enxugar ainda mais as dívidas. 

- Conseguimos reduzir uma dívida de R$ 1,5 milhão para R$ 600 mil e quitamos pendências trabalhistas, de fundo de garantia. Nosso objetivo neste 2022 é darmos mais um passo para estabilizarmos as contas do clube - afirmou.

A busca por voltar a ascender no cenário carioca é encarada de forma gradual.

- Enxergo daqui a cinco anos o São Cristóvão na Série A2 (segunda divisão do Carioca). Primeiro temos de investir no futuro para irmos subindo de divisão. Não adianta ir degrau por degrau e depois a equipe passar a ser uma "gangorra" -  definiu João Machado, exaltando:

- Hoje temos 25 atletas que atuam em clubes grandes e depois vão ser jogadores pertencentes ao São Cristóvão no profissional. É uma geração que acompanhamos com muito otimismo - finalizou.

Ainda sem definições sobre datas e competições de 2022, o São Cristóvão já sabe que os desafios continuarão a imperar em campo.