Escrito por Lance!
- Esse é o melhor momento da carreira de Firmino?
- Sim.
- Gostaria de me dar uma resposta maior?
- Não.
E solta uma gargalhada.
Assim é o técnico alemão Jurgen Klopp, comandante do Liverpool (ING), que nesta terça faz o jogo de ida contra a Roma (ITA) pela semifinal da Liga dos Campeões. O mesmo treinador que disse recentemente a seus jogadores que eles poderiam ir treinar pelados, porque todos só queriam saber de Mohamed Salah.
Klopp, no entanto, é mais do que engraçado ou carismático. É um técnico arrojado e de times ofensivos, que melhora o desempenho de muitos de seus atletas e consegue resultados expressivos por onde passa. Ainda é destes capazes de fazerem sua equipe e seu clube, sua imagem e semelhança. Foi assim no Mainz 05, por onde passou oito temporadas (de 2001 a 2008), no Borussia Dortmund, onde ficou outras sete (2008 a 2015) e já é assim no Liverpool, antes do momento decisivo em seu terceiro ano.
Como jogador, Klopp foi um zagueiro de segunda. Dedicou os 12 anos de sua carreira ao Mainz e em onze deles esteve na segunda divisão. O outro, na terceira. Parou de jogar para treinar e transformar o clube que nunca havia chegado à elite da Bundesliga.
Em sua primeira temporada como técnico, no início do século, foi só o 14º lugar da segundona. Depois bateu na trave terminando duas vezes em quarto e uma em terceiro. Finalmente conseguiu o inédito acesso e o Mainz viveu duas temporadas na elite até ser rebaixado com o próprio Klopp.
Quando chegou ao Borussia Dortmund, o clube vivia momentos depressivos. Nos cinco anos anteriores, o melhor resultado havia sido um sexto lugar. No ano anterior, 13ª colocação. Terminar em sexto a primeira temporada era só o início. Klopp depois foi 5º, bicampeão, duas vezes segundo e na última temporada terminou em sétimo. Klopp ainda conseguiu vencer a Copa da Alemanha, em 2012, a Supercopa, em 2014, e foi vice-campeão da Liga dos Campeões, em 2013.
Sob seu comando, Mario Gotze, autor do gol do título mundial da Alemanha em 2014, foi revelado. Mais Hummels, Lewandowski, Kagawa e Marco Reus também despontaram para conhecimento de todos com Klopp no comando.
A chegada ao Liverpool se parece com o início no Dortmund. Duas temporadas antes o clube havia perdido a Premier League nas rodadas finais, Luís Suárez foi vendido e, um mês após a chegada do treinador, Steven Gerrard anunciou a aposentadoria. Não era um início fácil e, na primeira, o Liverpool quase venceu a Europa League, perdendo de virada para o Sevilla na decisão.
Na temporada passada, terminou a Premier League em quarto lugar e na atual ainda briga pelo vice-campeonato com o Manchester United.
Klopp levou o Liverpool de volta à Liga dos Campeões e de cara traz o time até à semifinal, algo que não acontecia há dez anos. Firmino já marcou 25 vezes na temporada, Salah 41. A melhor temporada de ambos. Perdeu Philippe Coutinho no meio da temporada e não pareceu se importar.
Nas quartas-de-final, eliminou o Manchester City de Pep Guardiola. Com o técnico catalão, Klopp tem um capítulo à parte. São 14 confrontos contra o terceiro treinador que mais enfrentou na carreira. O alemão venceu oito, empatou um e perdeu cinco jogos. Ele também leva vantagem em confrontos contra José Mourinho, Arsene Wenger, Thomas Tuchel ou Maurício Pochettino.
O alemão aposta por montar um time ofensivo, com agressividade e sem tanta paciência para construir jogadas. O Liverpool é apenas o 14º time com mais acerto de passes na Champions atual. Suas equipes se caracterizam pela força na frente. Na Liga dos Campeões, tem o melhor ataque com 33 gols, sete a mais que o Real Madrid, segundo semifinalista mais goleador. Além disso, é o time que mais finaliza (158), com uma média de quase 16 chutes a gol por partida.
- O Liverpool tem a cara de Jurgen Klopp?
- Sim.
- Gostaria de explicar melhor?
- Não - provavelmente responderia o alemão, em meio a uma gargalhada.