Futebol Internacional

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Aragonés e a lição espanhola: É momento de olhar com mais carinho para o meio-campo do Brasil

<b>LANCE! resgata revolução no futebol de 'La Roja' para exaltar nova geração de meio-campistas brasileiros, que ganhou elogios de Tostão em comentários à reportagem</b>

SINERGIA: 'Don' Luis Aragonés e Xavi marcaram época na seleção espanhola (Foto: Reprodução)&nbsp;
Escrito por

Luis Aragonés morreu em 2014, vítima de uma leucemia. Em uma carta muito emocionada de despedida e agradecimentos ao treinador, Xavi Hernández fala sobre como o ex-comandante de La Roja foi importante para a autoestima do meio-campista em um momento delicado. Ao final da temporada 2007/2008, o jogador estava em cheque no Barcelona e figurava na lista de possíveis transferências do clube blaugrana. Até que veio a Eurocopa.

Aragonés entregou a chave da casa a Xavi. "Aqui manda você, e que me critiquem", teria dito o treinador, segundo o relato do ex-atleta. Assim, com o time centrado em um meio-campo muito técnico, completado por Xabi Alonso, Santi Cazorla e David Silva, porém frágil fisicamente, a Seleção Espanhola foi campeã europeia em 2008, na Suíça, com Xavi eleito o melhor jogador do torneio.

Espanha comemora conquista da Euro-2008 (Foto: AFP)

Dentro de campo, a missão era "simples": recuperar a bola o mais rápido possível. Pois, caso precisassem marcar o espaço e/ou jogar por meio de transições, aqueles mesmos jogadores estariam perdidos. Assim, “Don Luis” plantou uma semente - da qual Vicente Del Bosque e Pep Guardiola colheriam toneladas de frutos nos anos seguintes.

NOVA GERAÇÃO PODE OXIGENAR MEIO-CAMPO BRASILEIRO

Brasil, 2019. A Seleção brasileira enfrenta seu pior momento sob o comando de Tite. São quatro jogos sem vitórias desde o título da Copa América. Para tentar retornar às boas atuações após o empate com a Colômbia e a derrota para o Peru, na Data Fifa do início de setembro, o treinador do time brasileiro esvaziou o meio e povoou o ataque.

Contra Senegal, à frente de Arthur e Casemiro, um quarteto formado por Phillipe Coutinho, Neymar, Jesus e Firmino. Diante da Nigéria, o jogador do PSG sentiu lesão no início e o gremista Everton integrou o quadrado. Nada funcionou e o Brasil amargou dois empates por 1 a 1, em Singapura. Enquanto os esforços foram dedicados ao setor ofensivo, as respostas poderiam estar um pouco atrás.

Brasil de Tite mostrou falta de inspiração nos últimos amistosos (Foto: Pedro Martins / MoWA Press)

SEMIFINAL ENTRE FLAMENGO E GRÊMIO TERÁ MARCA DA NOVA GERAÇÃO

Como destacou Higor Leonardo em publicação no 'El9ymedio', há uma semana, três nomes saltam aos olhos em uma nova geração de meio-campistas: Bruno Guimarães, Gerson e Matheus Henrique. Os dois últimos se enfrentam nesta quarta-feira, no segundo jogo da semifinal entre Flamengo e Grêmio, pela Libertadores. O trio é parte de um grupo com potencial para rebobinar o estilo do futebol praticado tanto dentro do país, quanto com a "amarelinha". Desde que recebam o controle - como houve com um tímido Xavi em 2008. 

E a lista de 'controladores' não para por aí. Na última convocação de André Jardine para a Seleção olímpica, além do destaque do Athletico-PR, tivemos Allan (Fluminense), Douglas Luiz (Aston Villa-ING e ex-Vasco), e Wendel (Sporting-POR e ex-Flu). Com essas características, e idade para estar em Tóquio-2020, ainda há Jean Pyerre, companheiro de Matheusinho no Grêmio. 

TOSTÃO VISIONÁRIO

Esta fornada vai na contramão da separação entre volantes e meias-atacantes - fonte de tantas reclamações de Tostão, ex-jogador e atual colunista. E alguns de seus textos para a "Folha de São Paulo", o campeão do mundo em 1970 lamenta como um país de Falcão e Toninho Cerezo, por anos, abandonou a primazia pelo tipo de jogador que domina todo o centro do campo, de área a área.

Em conversa com o LANCE!, o maior artilheiro da história do Cruzeiro comentou o retorno da produção desta categoria de meio-campista, cuja a fôrma parecia perdida em algum momento da década de 1980.

Antes artistas com os pés, Tostão também inspira com as palavras Foto: Pedro Silveira/Folhapress

- Está voltando, depois de um longo tempo de divisão de volantes que só marcavam atrás e meias que só atacavam na frente. Estão surgindo os meio-campistas, como Gerson, o Guimarães. O Arthur (do Barcelona) avança menos, mas está tentando jogar num espaço maior - disse Tostão, que destacou a importância deste tipo de jogador para a pentacampeã mundial:

- É fundamental para a Seleção Brasileira. Ter algo como o Kross, que é mais armador, mas joga de uma intermediária a outra, o Modric, o Pogba… É importantíssimo, depois de ficarmos 20, 30 anos sem formar esse tipo de atleta. Por isso a maioria desses europeus, ao invés de jogador com dois volantes e um meia avançado, jogam com um volante centralizado e um armador de cada lado.

Tostão, assim como o LANCE!, relembrou os agentes de uma revolução recente - apesar das raízes no "futebol total" da Holanda de 1974 - e apontou uma ressalva na contenda brasileira.

- O grande exemplo dessa transformação do meio-campo foi a Espanha de Xavi e Iniesta. São dois armadores que iam e voltavam. Os dois se movimentavam de uma intermediária outra. Foi o auge da seleção espanhola, os dois com o Busquets, que formavam o meio-campo do Barcelona do Guardiola. Então esse negócio de dois volantes em linha está acabando. Porém, no futebol brasileiro, o Flamengo é a exceção.