Ex-Seleção, Oscar lembra pedido de Telê na Copa de 82: ‘Não jogamos para esperar, mas, para vencer’

Ex-zagueiro recordou a Copa do Mundo na Espanha e revelou o que atrapalhou a Seleção de Falcão, Zico e Sócrates na 'Tragédia do Sarriá'. Jogos estão sendo reprisados pelo 'SporTV'

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Mesmo após quase 38 anos, a derrota da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, ainda é lembrada por muitos apaixonados por futebol. Na semana em que o "SporTV" repisa todos os jogos daquela campanha histórica, o ex-zagueiro Oscar contou como foi ter participado de um elenco lembrado até hoje pelo seu estilo de jogo.

Ao LANCE!, o ex-atleta destacou a união daquele grupo, que se formou bem antes da competição na Espanha, e revelou o que pode ter atrapalhado a Seleção na derrota contra a Itália, por 3 a 2. Além disso, Oscar lembrou o que o treinador daquele time, Telê Santana, não parava de repetir: "Não jogamos para empatar ou esperar o adversário. Jogamos para vencer".

- Não só um time, mas era um grupo. Grandes jogadores, não só 11, mas todos escolhidos a dedo pelo Telê , com uma comissão técnica muito boa. Jogávamos para vencer. Fosse quem seja, a forma era a mesma: ofensivo, técnico e procurava a vitória, não era para dar espetáculo. Eram um time confiante para jogar, sob o comando de um grande treinador.

Contra a Itália, o goleiro Zoff defendeu ótima cabeçada de Oscar (Foto: Reprodução)

Os torcedores que quiserem acompanhar, às 19h, no "SporTV", nesta quarta-feira, a goleada do Brasil contra a Escócia, por 4 a 1, pela Fase de Grupos, verá o único gol que Oscar marcou no campeonato. Contudo, ele lembra que o mérito das vitórias naquele ano eram graças à uma preparação muito anterior à Copa começar.

- Ficamos quase 2 anos sem perder. Com sede na Toca da Raposa (Centro de Treinamento do Cruzeiro, em Belo Horizonte), treinamos 3 meses para ter esse entrosamento. Já jogávamos sabendo que iríamos buscar o resultado.
 (...)  Nós íamos jogar em Fortaleza, voltávamos para a Toca, íamos jogar em Porto Alegre e voltávamos para a Toca. Seguia os treinamento - disse ele.

Oscar vestiu a camisa da Seleção Brasileira (Reprodução)

Até sábado, a emissora exibirá a campanha completa daquela Seleção, começando com a vitória sobre a União Soviética na estreia, por 2 a 1, na terça-feira, até a derrota para a Itália, na segunda fase da Copa, no sábado. A "Tragédia de Sarriá", como ficou conhecida, marcou uma geração no futebol. Zico, Sócrates, Falcão e cia. mobilizaram não apenas Brasil e Espanha, mas o mundo.

- Quando acabavam os jogos do Brasil, era uma festa danada nas ruas da Espanha. E, após a derrota, o dia seguinte foi muito chato, triste. Imaginávamos que no Brasil seria da mesma forma. Foi uma experiência grande demais ter participado com esse grupo, e ter deixado esse carinho com a Seleção de 82. Não vencemos, mas temos um consolo muito grande, porque você não vê falar mal da Seleção de 82. Só a forma carinhosa como todos nos tratam.

Contudo, não são apenas lembranças maravilhosas que fazem o ex-camisa 3 olhar com atenção para aquela Copa. Enquanto o mundo esperava uma vitória do Brasil, a Itália de Paolo Rossi passou. Aos 65 anos, Oscar ainda lembra negativamente deste momento.

- Não tem como deixar de falar no último jogo. Não que o Brasil tenha jogado mal. Acho que nos descuidamos. Como disse, não jogávamos para empatar, para esperar, era atacando. E a Itália se beneficiou disso. Se fecharam, usaram os contra-ataques, o empate era nosso. Coisas do jogo. Talvez, com mais cinco minutos de desconto (acréscimo), poderíamos até empatar.

Atacante Rossi, da Itália, se tornou o carrasco dos "Canarinhos" (Foto: Reprodução)

Acompanhe agora outras respostas do ex-zagueiro da Ponte Preta, Cosmos (EUA) e São Paulo, assim como da Seleção:

PRESSÃO PELA CONQUISTA DA COPA

​- Sempre existe pressão em uma Seleção, principalmente pelas conquistas do Brasil. Natural que sejamos cobrados e cobrados a vencer. Cada jogador sabe disso e dá ao máximo para corresponder. Em 82, desde 1970, o Brasil não vencia uma Copa. A pressão era pelo longo tempo sem vencer. Nos víamos na obrigação de vencer com aquele grupo. Era uma preocupação nossa: "Não deixar o Brasil ficar tanto tempo sem uma Copa". E achávamos que, em 1982, daríamos alegria aos torcedores e imprensa brasileira.

ATRITOS E DISPUTAS DENTRO DO VESTIÁRIO
- É comum, seja no futebol profissional ou no futebol amador, ter disputa. Há jogadores que querem ser titulares e não se conformam. Na cabeça deles, ele é melhor. Então, é difícil, no grupo que tínhamos, para o treinador na Seleção. Eram 11 em campo e mais 5 no banco. (...) É comum, dentro do vestiário, alguma reclamação. Alguns palpites, mas no intuito de ajudar. Apenas disputa de posição, e pode extrapolar um pouquinho com as palavras.

* sob supervisão de Tadeu Rocha

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