O técnico Luis Zubeldía concedeu entrevista exclusiva ao "ge" e abordou um dos temas que mais geram debate entre torcedores do Fluminense em 2025: o uso dos jogadores de Xerém. O treinador argentino defendeu a importância da base, mas alertou que o ambiente atual do futebol dificulta o desenvolvimento tranquilo dos jovens atletas.
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— O futebol hoje está muito rápido. Não te deixam formar com tranquilidade os jogadores juvenis. Joga duas partidas e já acha que precisa ser titular, pensa que é estrela. Porque o entorno faz o jogador acreditar nisso, o empresário, o pai, a mãe, o irmão, as redes sociais, a imprensa. Todos dizem que ele é o melhor. E como cuidar do processo desse garoto assim? É muito difícil para o treinador — afirmou Zubeldía.
A fala do argentino não foi sobre um problema do Fluminense nem de nenhum jogador específico do clube, mas de uma situação geral do futebol geral.
Zubeldía utilizou o caso de Riquelme Felipe, de 18 anos, como exemplo de atleta que ainda precisa de tempo para amadurecer. O jovem vem sendo observado de perto pela comissão técnica, mas, segundo o treinador, não deve ser acelerado no processo de transição.
— O Riquelme, por exemplo, é um jogador que ainda precisa de formação. Se nos derem tempo, ele pode se tornar um grande jogador. Mas precisamos de tempo.
A fala do argentino reforça uma tendência que se reflete nos números. Apenas um jogador formado em Xerém, o volante Martinelli, está entre os 23 mais utilizados do Fluminense na temporada. Riquelme é o segundo jovem com mais minutos, mas aparece apenas na 24ª posição, com 753 minutos em campo em 22 partidas, a maioria vindo do banco.
Zubeldía reconhece a importância histórica das categorias de base do Fluminense, mas aponta que a realidade atual é mais desafiadora. O técnico lembra que, em seus 20 anos de carreira, sempre trabalhou com jovens e revelou nomes conhecidos do futebol internacional, como Marchesín, Rodrigo De Paul, Flaco López, Estupiñán, Vietto, Bernabei, mas destaca que o cenário mudou.
— As pessoas pensam que não gosto de usar jogadores da base, mas é o contrário. Sempre foi uma das minhas virtudes. O problema é que hoje o tempo é muito curto. Tudo acontece rápido demais e não há paciência para trabalhar o jogador com calma — explicou o treinador.
Desde que chegou ao Fluminense, em setembro, Zubeldía utilizou apenas três atletas com 23 anos ou menos: John Kennedy, Bernal e Riquelme. A média de idade dos jogadores escalados por ele é de 30,3 anos, uma das mais altas da Série A.
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O treinador argentino tenta equilibrar o trabalho de reconhecimento do time no Brasileirão, onde o Tricolor ocupa a sétima colocação — com 47 pontos, com o cuidado na integração dos jovens. A próxima partida será nesta quinta-feira (6), contra o Mirassol, às 19h30 (de Brasília), no Maracanã. Como mandante, desde a chegada de Zubeldía, o Tricolor tem 100% de aproveitamento e nenhum gol sofrido.
