Loucos da Cabeça

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Mário Bittencourt completa três anos no Fluminense com melhora nos cofres e promessas não cumpridas

Mandatário tem sido xingado pela torcida nas arquibancadas e se encaminha para tentar a reeleição no final do ano pelo Flu

Mário Bittencourt completa três anos de mandato no Fluminense (Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)
Escrito por

Prestes a iniciar uma nova corrida eleitoral, o presidente Mário Bittencourt completa, nesta sexta-feira, três anos de mandato no Fluminense. Eleito em 8 de junho de 2019, o dirigente tomou posse oficialmente dois dias depois e de lá para cá viveu dificuldades para equilibrar as contas, aumento no investimento no futebol, turbulências políticas, um título do Campeonato Carioca e foi voz ativa em debates relevantes do futebol brasileiro.

Mário chega aos últimos meses de mandato em clima ruim com a torcida. Xingado em praticamente todos os jogos em casa, o mandatário é cobrado principalmente pelas eliminações nas competições continentais e a venda de jovens de base a preços mais baixos do que o torcedor avalia ser justo. Além de promessas ainda não cumpridas, apesar da melhora financeira do clube.

Eleito com a maior quantidade de votos da história do pleito tricolor com 2225, ele tenta retomar a confiança para sonhar com a permanência para o triênio seguinte. A eleição acontece a partir de novembro e Mário ainda não oficializou a candidatura, mas deve tentar a reeleição. Veja a seguir os principais pontos da gestão.

Veja a tabela da Série A do Brasileirão

​FINANÇAS

Mário deixou claro no início que as propostas da gestão foram traçadas para os três anos e meio e dificilmente, até pela situação que o clube se encontrava, seriam cumpridas a curto prazo. Com relação às finanças, o programa envolvia organização com responsabilidade e equilíbrio fiscal e a captação de patrocínio e criação de instrumentos para investimentos. A implantação do portal da transparência, lançado no dia 31 de janeiro, também era uma prioridade.

O clube fechou 2021 com um superávit no resultado financeiro de R$22.905 milhões, acima dos R$540 mil de 2020, mas teve um déficit pelo sexto ano consecutivo, desta vez de R$2.059 milhões. O resultado foi considerado positivo pela diretoria, uma vez que houve também uma diminuição do prejuízo, que era de R$2.922 milhões há dois anos. O balanço ainda demonstrou um aumento nas receitas, de R$182.876 milhões para R$291.030, consequência dos ganhos do futebol.

Com relação aos patrocínios, em 2021 houve crescimento das receitas (primeiro ano com patrocínio master), que gerou um aumento de 106%. O clube apresentou um plano para pagamento de dívidas à Justiça e já iniciou o acerto com os credores. Além disso, o presidente acredita precisar de mais três ou quatro anos (somando sete desde o início do mandato em 2019) para equacionar os cofres. 

No entanto, os salários relativos a maio estão atrasados, além de uma parcela do 13º. Neste momento não há previsão para o pagamento. Os jogadores também têm dois meses de direitos de imagem a receber.

CELSO BARROS

Uma das ideias de Mário com Celso Barros era a extinção da vice-presidência do futebol, deixando a pasta para o ex-presidente da Unimed-Rio, eleito na mesma chapa. Em novembro de 2019, porém, a relação rachou e Barros acabou afastado do comando do departamento. A princípio, a medida seria pelo menos até o final do Brasileirão, mas nada mudou desde então. As divergências entre presidente e vice se tornaram públicas, especialmente com relação à continuidade do técnico Marcão.

Mário acabou isolando Celso do futebol de forma gradual até evoluir para o afastamento completo. A falta de sintonia foi algo comum nos cinco meses de gestão. Se no início o dirigente era discreto, atualmente ele utiliza as redes sociais para criticar as ações do presidente.

PROTAGONISTA EM DEBATES

A torcida entende que o Fluminense poderia ter uma força maior institucionalmente para assuntos como a reclamação com a arbitragem, por exemplo. Por outro lado, o clube tem sido protagonista no debate sobre a criação de uma nova liga no futebol brasileiro. O último capítulo é a criação de um estatuto do bloco com 25 equipes com seus termos e propostas.

Além disso, houve também o debate sobre a volta do futebol em meio à pandemia da Covid-19, quando o Fluminense foi voz ativa. O clube lutou para que se esperasse a redução dos casos até o retorno das partidas. Relembre os passos ao longo do processo. A defesa institucional era um dos focos da campanha na última eleição.

Fred, ao fundo, voltou ao Fluminense em 2020 (Foto: Mailson Santana/Fluminense FC)

VOLTA DE FRED E INVESTIMENTO NO TIME

O investimento no futebol foi aumentando ao longo do tempo, mas as escolhas seguiram sendo contestadas até em 2022, quando a folha salarial atingiu o maior valor. Depois de se livrar do rebaixamento em 2019, a equipe foi eliminada pelo Unión de La Calera na Copa Sul-americana 2020, pelo Atlético-GO na Copa do Brasil do mesmo ano, e vice do Carioca para o Flamengo.

No Brasileiro, porém, a volta à Libertadores depois de oito anos longe. Os reforços na época eram Caio Paulista, Danilo Barcelos, Egídio, Felippe Cardoso, Fernando Pacheco, Henrique, Hudson, Yago Felipe, Michel Araújo, Wellington Silva e Lucca. Quem voltou foi o ídolo Fred, uma promessa de campanha de Mário.

Na temporada 2021, o Fluminense contratou oito jogadores. Entre eles: Wellington, Abel Hernández, Raúl Bobadilla, Manoel, David Braz, Samuel Xavier, Cazares e Rafael Ribeiro. No fim, nova vaga na Libertadores, competição da qual foi eliminado nas quartas de final. Além disso, novo vice-campeonato para o Flamengo e queda nas quartas da Copa do Brasil. 

Para 2022, os nomes foram o goleiro Fábio, o volante Felipe Melo, os atacantes Willian Bigode e Germán Cano, os laterais Pineida e Cris Silva, o zagueiro David Duarte e o meia Nathan. Um perfil já diferente, mas que de nada adiantou. Apesar do título do Carioca tirando o jejum de 10 anos, eliminação na Libertadores e na Sul-Americana.

Projeto contestado, o Sub-23 segue existindo apesar da instabilidade sobre o futuro da competição. Capitaneado por Paulo Angioni, a equipe tem como objetivo ter os jogadores que não tem oportunidade nos profissionais, mas estouraram a idade do sub-20. Com relação a Xerém, inclusive, as promessas eram independência e maior investimento, o que vem acontecendo.

VENDAS DE JOGADORES


Uma das grandes críticas está na negociação de jogadores. Foram 10 no total, incluindo a de Luiz Henrique para o Real Betis, da Espanha. A lista inclui Leandro Spadacio em julho de 2019 para o Shabab Al Ahli, dos Emirados Árabes, por US$ 500 mil dólares (R$ 1,9 milhão na cotação da época), Pedro para a Fiorentina no mesmo ano por € 11 milhões de euros (R$ 50,2 milhões na cotação da época). O Flu levou R$ 36,5 milhões. Rafael Resende também saiu pouco depois por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época) ao Al Sharjah, dos Emirados Árabes, país para o qual também foi Jônatas por US$ 300 mil dólares (R$ 1,2 milhão na cotação da época).

Gilberto saiu em agosto de 2020 para o Benfica, de Portugal, por € 3 milhões de euros (R$ 18,7 milhões na cotação da época). O Flu ficou com cerca de R$ 9,35 milhões. Já Evanilson teve a saída mais polêmica. Com direito federativo pertencente ao Tombense depois de ficar sem perspectiva de renovação nas Laranjeiras, o jogador assinou com o Porto. O Fluminense detinha 10% do atacante, mas com a taxa vitrine (20%) ficou com 30%, levou cerca de R$ 13,5 milhões do negócio.

Dias depois foi a vez de Marcelo Pitaluga, que teve 75% de seus direitos econômicos comprados pelo Liverpool, da Inglaterra, por € 1 milhão de euros (R$ 6,2 milhões na cotação da época), mais € 1 milhão de euros de bônus contratuais. Metinho e Kayky foram vendidos ao Grupo City. O primeiro foi para o Troyes, da França, por € 5 milhões de euros (R$ 33,2 milhões na cotação da época), mais bônus contratuais de até € 8 milhões de euros. O segundo custou €10 milhões de euros (R$ 66,5 milhões na cotação da época) mais bônus de até €11 milhões de euros, além de uma cláusula de opção de compra dos 20% dos direitos restantes por € 5 milhões de euros.

Luiz Henrique foi o último a deixar o Fluminense (sairá no meio do ano). O atacante teve 85% dos direitos econômicos vendidos ao Betis por cerca de € 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 50 milhões), mais bônus de até € 4 milhões de euros.

O QUE FALTA


Algumas promessas que não se cumpriram envolvem o voto online. O presidente afirma que estudos vem sendo feitos para a viabilidade, mas até o momento nada avançou. Já com relação a Laranjeiras, no ano passado, o clube contratou uma empresa para fazer um "diagnóstico" da parte estrutural do local. Com o "ok" para a mudança, o mandatário disse que espera que as obras comecem em outubro. A tendência inicial era voltar a ter jogos oficiais no estádio em 2022, mas agora a previsão passou para 2024.

Um dos objetivos era o término da construção do CT Carlos Castilho, o que não será possível ainda nessa gestão. O Fluminense observou diversos problemas na atual estrutura e avalia um custo alto para reparar e finalizar a obra. Com relação ao sócio-torcedor, a promessa acaba de se cumprir com o lançamento dos novos planos. Agora falta garantir que a base de adimplentes aumente para ampliar os lucros do clube.