Flapress

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Luiz Gomes: ‘O Flamengo agora será um outro Flamengo. Só que não!’

'O que mais se ouviu essa semana no futebol, além, é claro, do litígio entre Messi e o Barcelona e o futuro do argentino, foi que Domènec Torrent não vai ter mais desculpa'

Domènec Torrent teve semana livre para treinos no Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Flamengo)
Escrito por

A Vila Belmiro será testemunha de um novo Flamengo neste domingo. Um Flamengo entrosado, em que os jogadores mesmo mantendo suas posições em campo saberão direitinho o que fazer. Os passes serão precisos como música. A posse de bola será objetiva, vertical, buscando o gol do primeiro aos 90 minutos de jogo. Haverá intensidade, entrega total da equipe em campo. Mas será que vai ser assim mesmo?

O que mais se ouviu essa semana no futebol, além, é claro, do litígio entre Messi e o Barcelona e o futuro do argentino, foi que Domènec Torrent não vai ter mais desculpa, que agora teve uma semana livre para treinar o time e moldar o Flamengo à sua imagem e semelhança. Não estamos falando de um mês, de uma pré ou intertemporada. Mas de uma mísera semana, notem bem. É brincadeira.

Quando Jorge Jesus se demitiu e decidiu voltar para a Terrinha para dirigir o Benfica, o discurso na Gávea era o de buscar um treinador que tivesse a mesma filosofia de jogo. Não se sabe se isso foi uma premissa na conversa com o catalão. Se foi, ou ele interpretou muito bem um personagem que não era ele ou faltou um mínimo de informação aos dirigentes rubro-negros. Ou as duas coisas se somaram. Mas o que se vê na prática é algo bem diferente disso.

Demissões precoces de treinadores, após duas, três ou quatro derrotas - só neste Brasileirão já foram quatro os demitidos em quatro rodadas - são um mal do futebol tupiniquim. Uma prova da incapacidade da cartolagem de pensar um pouco mais adiante, de levar a cabo qualquer planejamento mesmo que seja de curto prazo. Mas, convenhamos, tem muito treinador por aí que ajuda a alimentar essa máquina moedora da profissão.

Por que mudar tudo? Por que ignorar o que vinha dando certo e levou o Flamengo a conquistar tantos títulos em um ano com JJ. Essas são perguntas difíceis de Dome responder. Em nome de uma crença, de um estilo de jogar? É muito pouco. E, quando os resultados não chegam, fica ainda mais difícil de o torcedor e até mesmo boa parte da mídia aceitar.

A virtude primeira de um treinador deveria ser sua capacidade de analisar e entender o ambiente em que se insere e o elenco que tem em mãos para trabalhar. Isso vale tanto ou mais do que o conhecimento técnico, o domínio das táticas e dos esquemas de jogo. Até porque uma filosofia de jogo só será implementada se houver material humano que a faça rodar. Tentar fazer com que uma tartaruga corra ou um galo voe nunca vai dar certo.

Mas o Flamengo não tem o melhor elenco do Brasil? Tem sim. Não são jogadores de nível internacional que se adaptam a qualquer esquema? Não é bem assim. O Flamengo montou um elenco para jogar do jeito de Jesus. Não de Domènec. E que simplesmente se acostumou a jogar assim. Isso pode mudar? Claro que sim, talento não falta. Mas é preciso diálogo, liderança e acima de tudo tempo. Muito mais do que uma semana. Se Dome - que tem contrato com o clube até dezembro de 2021 - vai entender isso, aceitar a realidade e impor seu jogo aos poucos, o tempo vai dizer. O outro final é morrer abraçado a suas verdades.