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Eleição Flamengo – Marco Aurélio Asseff: ‘É fundamental termos o resgate das nossas tradições’

LANCE! traz material exclusivo sobre as eleições do Flamengo, com entrevistas com os candidatos à presidência. O pleito será realizado no próximo sábado, na sede da Gávea

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Marco Aurélio Asseff é o candidato à presidência do Flamengo pela Chapa Azul - Sempre Flamengo. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, dada em conjunto com Juliane Musacchio, candidata à vice-presidência, o advogado afirmou que a sua candidatura tem como base a busca pelo "resgate das tradições do clube", além de destacar projetos para o futebol e demais pastas. Assista no vídeo acima!

Em relação ao carro-chefe do Flamengo, Marco Aurélio é taxativo: o chamado "Conselho de futebol", que toma as decisões da pasta, é anti estatutário e não existirá em sua gestão. O candidato e Juliane Musacchio também têm como proposta a criação de uma vice-presidência médica, a reestruturação da Gávea, inclusive o Estádio José Bastos Padilha, e mudanças no programa de sócio.

O LANCE! publicará as entrevistas com os candidatos Ricardo Hinrichsen (Chapa Branca - Flamengo Sem Fronteiras) e Walter Monteiro (Chapa Ouro - Flamengo Maior) nesta quarta e quinta, respectivamente. O atual presidente Rodolfo Landim (Chapa Roxa - UniFla) preferiu não atender a reportagem. O cronograma da publicação das entrevistas foi definida por ordem alfabética.

Marco Aurélio Asseff, candidato à presidência do Flamengo (Arte: L!)

Confira, abaixo, as respostas de Marco Aurélio Asseff e de Juliane Mussacchioao LANCE!:

L!: Começando por uma questão mais particular, por que Marco Aurélio Asseff é candidato à presidência do Flamengo?

M.A.: Recebi um chamado de inúmeros associados do clube, de pessoas tradicionais do clube, preocupados com o rejuvenescimento do nosso quadro diretivo. O Flamengo é um clube que sempre esteve na vanguarda, sempre formou grandes dirigentes e hoje estamos buscando dirigentes sempre fora do Flamengo. Alguns diretores, alguns vice-presidentes não têm histórico algum com o Flamengo, sobretudo com as nossas raízes populares.

Portanto, cada vez que venho a falar sobre o Flamengo, busco alegar que é fundamental termos o resgate das nossas tradições para que o Flamengo se eternize sempre como um clube vencedor, e que não viva apenas de ciclos. O Flamengo precisa ter a hegemonia em todos os esportes. Então, assumi esse chamado de inúmeros associados. Posso enumerar alguns: o Michel Helal, filho do ex-presidente George Helal, Roberto Braga, neto do ex-presidente Márcio Braga, Roberto Sá Filho, filho do ex-presidente Roberto Sá. Inúmeros rubro-negros, com tradição no clube, com currículo competente, me convocaram para assumir esse desafio que é ser candidato à presidência do Flamengo.

'O estatuto determina que haja um vice-presidente de futebol não remunerado. Penso que não existe pessoa mais capacitada e gabaritada, hoje, que o Marcos Braz para exercer essa função'

L!: Quais os projetos para o departamento de futebol?

M.A.: O projeto número um é sempre cumprir o estatuto. Notamos, hoje, que o departamento de futebol possui um conselho que é anti estatutário. Não há previsão no estatuto para a criação do chamado "conselhinho" de futebol. O nosso estatuto é claro: a criação de um modelo de governança precisa passar pelo Conselho Deliberativo. A criação desse conselho de futebol não passou pelo crivo Conselho Deliberativo. O conselho de futebol é anti estatutário.

O mesmo estatuto determina que haja um vice-presidente de futebol não remunerado. Penso que não existe pessoa mais capacitada e gabaritada, hoje, que o Marcos Braz para exercer essa função. Eu tive a honra de conhecê-lo em 1995, quando meu pai o convidou para ser diretor de planejamento. Então, tenho muito gratidão por ter conhecido e poder chamar o Marcos Braz de amigo. É um amigo que herdei do meu pai.

L!: Uma nova concessão do Maracanã será decidida a partir de 2022. O que pensa a respeito da gestão do estádio? A ideia é mantê-lo como a casa do Flamengo?

M.A.: O Flamengo tem uma relação umbilical, uma relação de alma com o Maracanã. Todos nós, torcedores do Flamengo, temos a alegria de ser campeão e, sobretudo, de ser campeão no Maracanã. A nossa história diz isso. Mas o Maracanã pertence ao Governo do Estado, que publicou um edital que faz com que os clubes se associem para vencer o certame. Na regra do edital há a exigência de uma certa quantidade de partidas que os clubes, individualmente, não conseguem disputar como mandantes no Maracanã em um ano.

Portanto, por força do edital, que foi publicado, o Flamengo precisa se associar, para vencer o certame, e assim penso que será. O Maracanã sem o Flamengo não sobrevive, e o inverso não é o mesmo. O Flamengo provou. Jogamos uma vez na ilha, jogamos no Engenhão. Sempre tivemos capacidade de jogar sem o Maracanã. Mas o inverso não é verdadeiro. O Maracanã precisa do Flamengo e, com certeza, nossas receitas de bilheteria são aumentadas quando jogamos no Maior do Mundo.

L!: E quanto à política de preço de ingressos?

M.A.: O Flamengo não pode se afastar de sua alma popular, de suas raízes, de sua origem. O Flamengo foi o clube escolhido pelo povo e, infelizmente, o Flamengo tem praticado preços que são fora do padrão, da realidade, do homem médio, torcedor do Flamengo, assalariado, aqui no Brasil. Em relação ao preço de Montevidéu é quase que uma extorsão. O que observamos durante a pandemia é que o Flamengo conseguiu ser superavitário mesmo com os estádios com portões fechados.

É sempre praticada a política de diminuição de preços dos ingressos às vésperas de eleição ou quando há possibilidade de um dirigente ser candidato a um cargo "A ou B". E digo isso porque o Flamengo não pode esquecer do seu torcedor com menos capacidade financeira. É fundamental que a gente integre cada vez mais a nossa Nação. É através da política de preço de ingressos que precisamos ser cada vez mais inclusivos.

L!: Ainda neste tema, quais melhorias e mudanças você pretende realizar no programa de sócio-torcedor do Flamengo?

M.A.: A questão do sócio-torcedores é que esse plano, na verdade, nada mais é do que um samba de uma nota só. Trata-se, exclusivamente, da venda de ingressos pela metade do preço. O meu projeto é o seguinte. Hoje temos uma rivalidade do sócio-torcedor que quer votar. E o nome já é infeliz, chama-se de sócio. O associado do clube concorre com o sócio-torcedor na prioridade 4 (da venda de ingressos), que é o plano "Jogamos Juntos". O meu plano não é em detrimento do sócio-torcedor, mas sim para que o associado do clube concorra, em pé de igualdade, com o melhor plano do programa de sócio-torcedor. Não em detrimento, mas em pé de igualdade.

L!: E quanto ao direito a voto do sócio-torcedor?

M.A.: Eu já nomeei uma comissão para estudar esse tema, pois serão necessárias regras transitórias. Não estou afirmando nem negando que o sócio-torcedor terá ou não terá direito a voto. Mas, nessa comissão, os estudos iniciais começaram a encontrar algumas saídas para integrar e fazer para que o sócio-torcedor migre para o corpo interno dos associados rubro-negros.

De que forma? Alguns sócios-torcedores são organizadas através de embaixadas e consulados. Nessa comissão, foi levantado uma questão muito interessante que acontece na política americana, que é um certo número de sócios-torcedores elegerem um delegado para que esse tenha direito a voto nas eleições. Falo isso porque os recursos do plano de sócio-torcedor não vão 100% para os cofres do clube. Ao contrário dos recursos dos associados do Flamengo. Todas receitas captadas dos associados vão 100% para os cofres do clube. Havendo essa migração, não será mais necessário o pagamento de quase 33% para uma empresa que administra o plano de sócio-torcedor do Flamengo, que na verdade é um samba de uma nota só. É uma política única e exclusiva de venda de ingresso pela metade do preço.

L!: O que pensa a respeito da criação da Liga e qual deve ser o papel neste sentido, de buscar a melhoria do futebol nacional junto com as federações e confederações?

Fui diretor de Relações Externas do Flamengo e fui representante do Flamengo na CBF e na Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Nunca fiz o inverso. Nunca representei os interesses da CBF no Flamengo. Pelo contrário, sempre defendi o Flamengo. O que quero deixar muito claro é que o Flamengo sempre deve liderar os movimentos no futebol brasileiro e no desporto, em geral. E assim foi em 1987, com o presidente Márcio Braga e meu pai como vice-presidente jurídico.

A criação de uma nova Liga passa, inevitavelmente, pela negociação dos direitos de transmissão das partida, os quais correspondem a uma grande parcela da nossa receita. Isso precisa ficar muito claro. As receitas decorrentes dos direitos de transmissão não passem primeiro pelo funil das federações e confederações para depois chegar ao Flamengo. É fundamental que o Flamengo lidere e para isso o Flamengo precisa entender que não joga sozinho em campo. Precisamos de um adversário dentro de campo e aliados no desporto nacional para que possamos vir a implementar o futebol brasileiro no protagonismo mundial.

'O Flamengo sempre deve liderar os movimentos no futebol brasileiro e no desporto'

L!: Sobre os Esportes Olímpicos, quais são os projetos da chapa para esta pasta do clube?

No que diz respeito ao Esporte Olímpico, vou dar o exemplo do remo, pois somos um clube de regatas. Ficamos seis anos perdendo as regatas para o Botafogo. O que fizemos no ponto de vista do curto prazo: fomos lá e contratamos os atletas do Botafogo e nos tornamos campeões. Isso é um remédio que cura a dor imediata, mas não faz com que o Flamengo tenha a hegemonia. Hoje e sempre. O Flamengo precisa investir em atletas da base para que possamos ter campeões com identidade com a camisa, que treinem e frequentem a Gávea diariamente. Essa identidade faz com que o Flamengo seja campeão e lembrado como aquele time de 81, que, em sua grande maioria, era formado por atletas criados na base do Flamengo.

L!: E em relação à Sede e ao Estádio da Gávea, quais são os planos?

M.A.:O Flamengo tem estádio, que se chama José Bastos Padilha, construído nos anos 30. Daqui a pouco vai completar 100 anos de idade e desde então não passou por nenhuma reforma estrutural. A sede da Gávea, hoje, tem o m² mais caro do Brasil e a Gávea é subaproveitada. O Estádio José Bastos Padilha precisa de uma reforma estrutural com urgência. Há um parecer de uma empresa contratada pelo Flamengo que afirma categoricamente que a cobertura parcial da arquibancada precisa ser demolida.

Antigamente, a nossa administração ficava abaixo do José Bastos Padilha, onde, hoje, foi inaugurado o Museu da Charanga. No prédio novo, construído nos anos 80/90, há inúmeros espaços ociosos, varandas enormes, que o sócio não desfruta pois lá estão as vice-presidências e a presidência do Flamengo. É fundamental que o Flamengo permita o acesso do sócio a essas áreas, para que sejam criados, restaurantes, áreas comuns aos sócios, e vamos tirar a administração de lá e levar para o espaço que hoje está subutilizado, onde era o antigo restaurante Mais Querido e a antiga bocha. É fundamental para o Flamengo aproveitar cada m² da Gávea pois é o mais caro do Brasil.

L!: Alguma outra proposta que gostaria de destacar?

J.M.: Uma de nossas propostas é a recriação da vice-presidência médica. Ela existiu quando o Flamengo foi campeão mundial em 1981. A ela se reportaria o departamento médico. O objetivo seria juntas os dois departamentos médicos. Hoje existe um para os atletas olímpicos e outro para os jogadores profissionais, a fim de padronizar as condutas, tanto diagnósticas quanto terapêuticas, e evitar gastos desnecessários com procedimentos e equipamentos que são comprovadamente ineficazes. E buscar a excelência no tratamento de doenças que os atletas possam vir a ter e de lesões. Não haveria necessidade de atendimento por médicos externos. Isso seria feito dentro do próprio departamento médico do Flamengo.

L!: Muito tem se falado a respeito da internacionalização da marca Flamengo. É um ponto que a sua gestão tem como foco? Como desenvolver esse projeto?

M.A.: O projeto de internacionalização da marca é muito sensível e precisa ser submetido aos Conselhos. Em um primeiro momento, foi aberto uma empresa em nome de dois vice-presidentes, em Las Vegas, com a intenção de adquirir um time que jogará a Liga B do futebol nos Estados Unidos. O diferencial do Flamengo é sua torcida, que, em sua imensa maioria, está sediada no Brasil.

Eu penso que o projeto de internacionalização da marca deve passar por outros ativos, e não somente pela aquisição de um time no exterior. Digo isso porque, em reunião, em entrevista dada pelo VP de finanças (Rodrigo Tostes), que toca o assunto, o motivo maior da criação de um time no exterior se dá porque quando um jogador revelado pelo Flamengo e vendido ao exterior tem um adicional de 20% em seu valor quando tem alguma passagem por algum time europeu. Isso é muito pouco para falarmos da internacionalização da marca através de um time no exterior.

O risco de termos um endividamento em moeda estrangeira, em uma moeda forte, tendo em vista o que aconteceu com o Fluminense recentemente, pode se revelar um projeto que venha causar prejuízo ao Flamengo, sobretudo quando não passa pelo conselhos.

L!: Tem algum ponto do Estatuto que pretende colocar em discussão?

Sou membro nato do Conselho Deliberativo do Flamengo e fui relator da comissão de estatuto na reforma mais importante que o Flamengo teve nos tempos modernos, que foi a Lei de Responsabilidade Rubro-Negra. Tive a honra de pertencer a comissão junto ao nosso saudoso Gilberto (Cardoso, ex-presidente), membro do grupo Sócios pelo Flamengo. Esse projeto que integrou o nosso regulamento interno foi um grande passo à equação necessária para que o Flamengo tenha um orçamento respeitado, mas não é só isso que deve ser feito.

Nosso estatuto é de 1992 e deve ser atualizado para o século XXI. Pensando nisso, já convoquei o desembargador Gerson Arraes, um dos relatores do estatuto de 1992, para atualizar todo texto para que o Flamengo tenha um estatuto moderno e compatível com um clube que venha orçar 1 bilhão de reais.

'Temos algumas propostas a serem feitas. Criar canais de comunicação para denúncias de mulheres que se sintam assediadas em dias de jogo e até mesmo no no clube.'

L!: Qual importância da representação feminina na chapa?

J.M.: O nosso clube sempre foi vanguardista na participação e liderança de mulheres, como a Dona Laura, da Charanga, da Verinha, da Flamor, Tuninha, da Flamante, e a Tia Helena, da Jovem. Esse protagonismo não foi trazido para a diretoria do clube. Temos como exemplo que não há uma mulher no Conselho Diretor há mais de 10 anos. O que queremos é uma participação, realmente, das mulheres. O próprio plano de sócio-torcedor do Flamengo não condiz com o cenário nacional. Não tem uma porcentagem de mulheres participantes. Fica atrás de clubes de São e do Internacional, que tem 25%. Temos algumas propostas a serem feitas. Criar canais de comunicação para denúncias de mulheres que se sintam assediadas em dias de jogo e até mesmo no no clube.

L!: O que pode ser feito em relação ao acidente do Ninho do Urubu?

J.M.: Temos a proposta de resgatar a memória dos garotos que foram vitimados na tragédia do Ninho do Urubu. Achamos que uma construção singela, com consulta e aprovação dos sócios, dentro do CT, já acalentaria os corações de pais e avôs, e permitiria que eles visitassem e homenageassem os meninos no dia de suas mortes. Como todo tragédia humana, um memorial serve como um marco para evitar que novos acontecimentos como esse voltem a acontecer. Jamais esqueceremos os 10 meninos: Arthur Vinícius, Athila, Christian Esmério, Bernardo, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo, Samuel, Vitor Isaías e Gedson.

L!: Uma mensagem final para a torcida.

M.A.: 
Esse projeto é muito importante. Não somos candidatos de si mesmo, representamos um grupo e temos a responsabilidade de fazer com que o Flamengo respeite suas raízes, suas origens e tradições. Buscamos ter mente, como plano 1, o Flamengo ser campeão hoje e sempre.

QUEM É:

Nome: Marco Aurélio Asseff
Chapa: Azul
Ocupação: Advogado
Cargos anteriores no Flamengo: Ex-diretor de relações Externas, ex-secretário do Conselho de Administração e ex-presidente do Conselho de Administração