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Análise: contexto, erros e ‘fatores externos’ explicam a derrocada do Flamengo em relação a 2019

Mais do que erros individuais e decisões dos treinadores, Flamengo sofre com contexto do futebol sul-americano e decisões da diretoria ao tentar repetir êxito do mágico ano de 2019

Desolados: Flamengo, em semanas, caiu na Libertadores e Copa do Brasil (Foto: Miguel Schincariol / saopaulofc.net)
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De "supertime', com comando definido e exaltada força mental para superar desafios e candidato a todos títulos, o Flamengo, em um intervalo de meses, tornou-se uma equipe frágil, exposta à goleadas e eliminações precoces, mas que, apesar dos percalços, está na briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Mais do que falhas individuais e coletivas dentro do gramado, o contexto vivido pelo clube e no qual ele está inserido explica a queda no desempenho e nos insucessos recentes, após o mágico ano de 2019 e também o início de 2020.

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De maneira mais imediata, pode-se colocar a responsabilidade (ou culpa) das eliminações precoces na Copa do Brasil, diante do São Paulo, e na Libertadores, para o Racing, ou das goleadas sofridas no Brasileirão, para o Atlético-MG e Atlético-GO, por exemplo, apenas nos jogadores - que erraram, de fato, tanto no ataque quanto na defesa - ou nas decisões tomadas pelos treinadores - seja Domènec Torrent ou Rogério Ceni. Por outro lado, uma visão mais ampla permite enxergar os fatores extra-campo que contribuíram para o Flamengo ter os resultados recentes, tanto os que partiram do clube quanto os externos.


A derrocada rubro-negra em relação a 2019 tem, como "pontapé inicial", a saída de Jorge Jesus em julho, semanas após renovar seu vínculo com o clube até junho de 2021. O técnico não foi o único a trocar o Flamengo pela Europa: foi o caso de Rafinha e Pablo Marí, casos que exemplificam o desafio que é tornar-se hegemônico na América do Sul enquanto clubes de menor expressão da Europa ainda permanecem mais atrativos aos olhos dos atletas e técnicos.

Dentro deste cenário, no qual o clube da Gávea foi forçado a fazer uma troca no comando técnico da equipe - uma exceção à regra do futebol brasileiro, no qual as diretorias demitem e contratam treinadores com extrema naturalidade -, o Flamengo apostou em Domènec Torrent. A quebra de filosofia em relação ao antecessor fez com que o catalão fosse descartado após três meses, e a dias de decisões da Libertadores e da Copa do Brasil. O resultado foi este: Rogério Ceni, há 22 dias no cargo, soma duas eliminações e uma vitória em seis jogos.

As opções de Rogério Ceni, Dome Torrent ou qualquer que seja o técnico podem - e devem - ser questionadas. Contudo, em um calendário espremido pela pandemia do coronavírus, e que não permitem aos treinadores tempo de treinar  com o grupo, eles não podem ser os responsáveis pelos insucessos.


As tomadas de decisão da diretoria - que está a par de todos detalhes da rotina do futebol desde janeiro de 2019 -, por exemplo, têm mais "peso" nos recentes resultados. Os reforços contratados para 2020, com a exceção de Pedro, não deram o retorno esperado. O departamento médico, referência em 2019, foi reformulado, sob coordenação do Dr. Márcio Tannure, e vem tendo problemas com as frequentes lesões e longos períodos de recuperação dos atletas. Pilar da defesa, Rodrigo Caio ficou afastado por 70 dias após retornar lesionado da Seleção Brasileira, caso similar ao de Pedro e também do uruguaio Arrascaeta.

O aspecto psicológico do time - elogiado na "Era Jesus", na qual o time não se desesperava mesmo diante de cenários adversos - também "desmoronou". A presença de um profissional para tratar este fator já foi descartada pelo vice-presidente de futebol Marcos Braz, que disse não ver necessidade para tal no elenco profissional. Rogério Ceni, por sua vez, destacou o "lado mental" como "o maior problema do Flamengo" no dia 19, após a queda na Copa do Brasil.

O Flamengo afastou Alberto Figueiras do departamento de futebol no primeiro trimestre de 2019, e, desde então, o elenco profissional não tem um psicólogo à disposição no dia a dia do Ninho do Urubu. Entre junho de 2019 e junho de 2020, com a chegada de Jorge Jesus e sua comissão técnica, Evandro Motta (mental coach que acompanha o Mister há anos) foi o responsável por trabalhar o lado mental da equipe do Mister, mas não é formado em psicologia.

É nos resultados obtidos na passagem do Mister que Braz respalda a ideia de que não é necessário a presença de um profissional no dia a dia do Ninho do Urubu. Mas, diante de todo este contexto, é possível entender que o sucesso alcançado pelo time de Jorge Jesus é a exceção da regra no futebol brasileiro. Os títulos da Libertadores e Brasileirão conquistados no mesmo ano (aliás, no mesmo fim de semana), os recordes e campanhas históricas comprovam isso.