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Presidente do Cruzeiro diz que Palmeiras foi ‘imoral’ no caso da saída do jovem Messinho

Sérgio Santos Rodrigues afirmou que a situação abalou a relação da Raposa com o Verdão e que uma conversa poderia evitar o desgaste

Estevão William, o Messinho, deixou a base do Cruzeiro e defenderá o Palmeiras-(Divulgação/Cruzeiro)
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A saída do jovem Estevão Willian, o Messinho, do Cruzeiro rumo ao Palmeiras, ainda está rendendo atritos entre mineiros e paulistas pelo jogador, de 14 anos. Messinho, que estava no time azul desde 2017, seguirá rumo ao Verdão, reforçando a base alviverde.

O novo capítulo do caso vem da Raposa, com a declaração do presidente Sérgio Santos Rodrigues de que o Palmeiras foi “imoral” na situação para conseguir ter Estevão em seu elenco de base.

- A gente sempre bateu na tecla, não de ilegalidade, porque não houve, mas de imoralidade, porque isso, com certeza absoluta, houve. Sempre tivemos ótima relação com o Palmeiras, principalmente com o diretor da base, eu pessoalmente tinha uma relação pessoal com ele, já o conhecia há muito antes de estar no Palmeiras. Então surpreende que ainda tem gente no futebol que aja desta forma. Poderia ter sido feita uma conversa amigável para que a coisa não desenrolasse para a forma que ela desenrolou-disse o dirigente à TV Globo Minas.

Estevão Willian, ao completar 14 anos, estava apto para assinar seu primeiro vínculo de formação com um clube, ainda não sendo um vínculo profissional. O jogador e seu pai, que cuida da sua carreira, optaram por fazer um acordo com o Palmeiras no dia 1º de maio. De acordo com Sérgio Rodrigues, Messinho ainda ficou dois dias treinando na Toca da Raposa, mesmo com o novo contrato assinado com os paulistas.

O presidente da Raposa também comentou que o atleta se recuperou no clube de uma uma fratura no tubérculo anterior da tíbia já tendo assinado contrato com o Palmeiras.

- Provavelmente ele usou a nossa estrutura com contrato já assinado com outra equipe. Então, a gente fica muito chateado, e isso mostra algumas coisas que precisam mudar no rumo do futebol brasileiro – disse Sérgio Rodrigues.

Aliciamento do atleta

Messinho estava no Cruzeiro desde 2017 e teve o seu nome envolvido no escândalo de irregularidades do clube, revelados em maio de 2019, durante a gestão Wagner Pires de Sá e Itair Machado, ex-vice de futebol.

O pai do garoto, Ivo Gonçalves, também é réu em alguns processos por ter envolvido o filho em negociações não permitidas pela legislação brasileira e internacional, como a cessão dos direitos do jovem a terceiros, que é proibido.

A Raposa tentou manter o jogador no seu elenco, oferecendo um contrato de longa duração, assessoria e todo suporte para o garoto ser promovido ao time profissional no futuro. Porém, os responsáveis por Estevão recusaram e optaram por fechar com o Palmeiras.

Por meio de nota, o Cruzeiro sugere que o Palmeiras aliciou o jogador para defender as cores do Verdão. Confira abaixo.

O Cruzeiro Esporte Clube recebeu como uma ingrata surpresa, nesta semana, a saída do jovem Estevão Willian, guiada de maneira bastante questionável pelo seu staff, que faltou com respeito e profissionalismo para com a instituição, dando um mau exemplo para o próprio garoto, que como muitos outros sonham em trilhar uma carreira de sucesso no futebol e em se tornarem referências positivas.

Estevão Willian chegou ao Cruzeiro aos 11 anos de idade e viu seu nome envolvido entre as diversas polêmicas causadas pela diretoria de Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato, alvo de investigações de órgãos como o Ministério Público e a Polícia Civil de Minas Gerais.

Inclusive, Ivo Gonçalves, pai do garoto, é réu em um dos processos dos quais o Cruzeiro é vítima, sendo investigado pelo crime de falsidade ideológica. Também faz parte do staff de Estevão o empresário André Cury, supostamente um dos alvos da recente operação de busca e apreensão da Polícia Civil, de acordo com informações veiculadas por alguns veículos de imprensa.

O Clube informa que em momento algum foi comunicado por Ivo Gonçalves, André Cury ou qualquer outra pessoa ligada ao jovem de 14 anos sobre o desligamento.

A carta assinada supostamente pelo pai do garoto, divulgada primeiramente pelo portal UOL, também não foi enviada a qualquer membro da diretoria do Clube. Cabe ressaltar que, inusitadamente, o conteúdo reproduzido mostra o nome do garoto escrito de maneira errada.

Em trecho da mesma publicação, Ivo Gonçalves destaca que: “Foram inúmeras reuniões realizadas junto à diretoria com promessas não cumpridas”, o que o Cruzeiro rebate de forma veemente.

Desde o início da atuação da atual gestão do Clube, iniciada em junho de 2020, o planejamento que vinha sendo executado foi de reaproximação junto ao pequeno atleta e sua família.

Ainda em 2020, a cúpula da Base Celeste realizou uma apresentação de quase três horas de duração, coordenada pelo diretor Gustavo Ferreira, na qual foi mostrada aos pais de Estevão toda a evolução e programação futura para o garoto dentro e fora de campo. A atividade multidisciplinar envolveu desde profissionais de comissão técnica a psicólogos, assistente sociais e pedagogos, dando uma visão 360 de todo o cuidado e carinho que o Cruzeiro mantinha com Estevão no dia a dia.

Em fevereiro deste ano, quando tinha 13 anos, Estevão sofreu uma fratura no tubérculo anterior da tíbia, uma lesão típica em atletas dessa idade, que ocorreu devido a um movimento de giro em uma atividade de finalizações.
Estevão foi operado por um dos médicos do Clube, Dr. Sérgio Campolina, e vinha sendo acompanhado diariamente por profissionais do DM do Cruzeiro.

Além dos médicos, profissionais do Departamento de Futebol do Cruzeiro, inclusive o presidente Sérgio Santos Rodrigues, visitaram o garoto em sua residência após a cirurgia, reforçando cada vez mais o apoio e compromisso do Clube em sua recuperação física e psicológica.

No começo de março de 2021, Estevão deu início ao seu tratamento na Toca da Raposa 2, usufruindo de toda a estrutura e dos profissionais que trabalham no futebol profissional, sendo acompanhado de perto pelo próprio pai.

No entanto, na última quarta-feira (5 de maio de 2021), Estevão não compareceu à sessão programada e ninguém do Clube foi avisado. Em contato posterior com Ivo Gonçalves, o mesmo informou que se encontrava na cidade de Franca/SP, terra natal da família, alegando problemas particulares emergenciais. Após a chamada telefônica, Ivo cortou o contato com todos os profissionais do Cruzeiro, passando a não atender mais ligações, muito menos responder mensagens.

Neste meio tempo, Estevão também se ausentou de forma recorrente de importantes consultas odontológicas oferecidas pelo Clube, através do Dr. Fred Araújo, e de exames de rotina previamente marcados. As ausências nunca foram justificadas.

O Cruzeiro destaca que sempre primou pela empatia e responsabilidade em conduzir da melhor maneira a formação de Estevão dentro e fora das quatro linhas.

Ao mesmo tempo, sempre foi intenção do Cruzeiro estabelecer um contrato de formação com o atleta assim que ele completasse 14 anos, idade completada no final de abril deste ano, tendo inclusive apresentado uma proposta oficial.

O Clube também foi surpreendido ao constatar que, horas depois do desligamento (não comunicado ao Cruzeiro), o nome do jovem atleta apareceu no BID, da CBF, como jogador do Palmeiras, o que poderia, em tese, caracterizar aliciamento, corroborado por notícias posteriores apontando um alto e incomum investimento para um atleta em formação.

Nota-se, pelo registro, que a entrada da documentação na entidade foi realizada no dia 1º de maio de 2021, sábado passado. Estevão compareceu à Toca da Raposa até o dia 4 de maio, terça-feira última. Ou seja: o garoto realizou sessões de tratamento já com contrato assinado com outra equipe, o que só reforça o comportamento questionável por parte de seu staff e também de João Paulo Sampaio, gerente do Centro de Formação de Atletas do Palmeiras e também membro da ABEX – Associação Brasileira dos Executivos de Futebol – o que potencializa ainda mais a decepção e repúdio por parte do Cruzeiro.

Como já relatado, o Cruzeiro lamenta profundamente a condução feita pelas pessoas que cercam Estevão Willian. Enquanto este tipo de pensamento prevalecer no futebol brasileiro, contando com a anuência de diversos “profissionais” do mundo da bola, estejam eles representando atletas ou clubes, o esporte nacional continuará caminhando na contramão do profissionalismo e da ética, e não contribuirá de forma efetiva na formação de grandes atletas e, especialmente, pessoas corretas.