Maior de Minas

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Daniel Guedes, do Cruzeiro, conseguiu provar sua inocência em caso de doping com pesquisa sobre a graviola

O lateral-direito financiou uma pesquisa para comprovar que a higenamina, substância que gerou a acusação de doping poderia ser produziada pela fruta

Daniel já  foi liberado e fez sua estreia pelo Cruzeiro contra o CSA, na noite de sábado, 19 de setembro-(Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
Escrito por

O lateral-direito do Cruzeiro, Daniel Guedes, teve um duro golpe na carreira no dia 27 de maio de 2019, quando defendia o Goiás em uma partida contra o CSA, pelo Campeonato Brasileiro. Ao fim do jogo, ele fora sorteado para o exame antidoping pós-jogo e, ali começaria um drama que durou um ano.


Daniel teve a substância higenamina", que cria um efeito similar à adrenalina e provoca vasodilatação no organismo, dando ganho no desempenho esportivo. A substância está na lista de itens proibidos pela WADA – Agência Mundial Antidoping.

O jogador iniciou uma cruzada pessoal em tribunais e até com laboratórios para provar sua inocência. O possível culpado: um suco de graviola, que Daniel e outros jogadores do Goiás consumiram antes do duelo contra o CSA.

Em entrevista ao programa ‘Esporte Espetacular”, da Rede Globo, Daniel contou como foi esse processo de investigação para conseguir provar sua inocência, sendo inclusive questionado pelo argumento que utilizou nos julgamentos.

– Na primeira audiência (no TJD-AD), isso (dizer que a substância veio do suco de graviola) foi uma afronta pro relator, que era nordestino, cara. Ele falou pra mim: "Daniel, desculpa. Eu sou nordestino, filho de nordestino, e quem toma suco de graviola sabe que é suco de graviola, e eu não aceito". E nessa primeira audiência eu perdi de 6 a 0 – disse Daniel.

Como o jogador refez todos os seus passos quanto à utilização de substâncias, a única coisa que lhe veio à mente foi o consumo do suco de graviola.

Enquanto suspenso, Daniel resolveu abrir uma investigação própria e gastou R$ 300 mil para construir sua defesa. Entre os profissionais contratados estava o bioquímico L.C. Cameron, que iniciou em seu laboratório no Rio de Janeiro uma pesquisa sobre a graviola e suas semelhanças com a Fruta do Conde, que comprovadamente pode produzir a higenamina.

– Nós analisamos voluntários ingerindo uma quantidade de fruta do conde, de graviola e de mamão, e seguimos durante 72 horas o aparecimento da higenamina na urina. Nós vimos que o grupo que comeu a fruta de conde e comeu a graviola tinha. Apareceu higenamina na urina e foi aí que nós construímos a defesa dele – explicou o bioquímico L.C Cameron.

Esse trabalho de “CSI” da química conseguiu provar que a graviola pode sim produzir a higenamina, gerando a absolvição de Daniel no pleno do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD) por 3 votos a 2.

O lateral voltou aos gramados, foi emprestado pelo Santos ao Cruzeiro e celebra com alívio a suspensão. Daniel, inclusive, estreou pela Raposa na derrota por 3 a 1 para o mesmo CSA, em Maceió, onde seu drama começou.

– Melhor do que o gol, melhor do que muitos gols, do que ser artilheiro de um campeonato, melhor do que ganhar um campeonato. Só quem passa, só quem vive uma situação dessas , uma injustiça como essa, sabe o quanto é difícil enfrentar. É uma vitória, mas uma vitória muito, muito grande mesmo – completou.

A pesquisa sobre a graviola poder produzir a higenamina chamou a atenção da Agência Mundial Antidopagem, a WADA, que ainda vai repetir o estudo, que não foi feito por conta da pandemia da Covid-19.

Se a WADA chegar aos mesmos resultados que a pesquisa financiada por Daniel Guedes revelou, a agência deverá rever suas regras para outros casos de doping, como o do jogador da Raposa, que teve um final feliz pela sua persistência em provar sua inocência.