Maior de Minas

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Cinco problemas que o próximo técnico do Cruzeiro precisará corrigir

Raposa está a oito jogos sem marcar e venceu apenas uma das últimas 18 partidas; Próximo comandante terá jornada árdua para botar equipe nos trilhos

Pedro Rocha é uma das esperanças para ataque do Cruzeiro voltar a marcar (Foto: Bruno HaddadCruzeiro)
Escrito por

A derrota por 1 a 0 contra o Internacional, no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil, na última quarta-feira, foi a gota d'água para Mano Menezes à frente do Cruzeiro. Em acordo com a diretoria celeste, o técnico de 57 anos anunciou o fim de sua segunda passagem pelo clube - que sonda Dorival Júnior para a lacuna no comando técnico. 

Demitir Mano, porém, não fará que a situação mude da água para o vinho. Eliminada da Liberadores, a Raposa está a oito jogos sem balançar as redes e venceu apenas um dos últimos 18 jogos. Diante da má fase da equipe mineira, o LANCE! reuniu cinco problemas que o próximo técnico do Cruzeiro terá que corrigir se quiser ter sucesso: 

FALTA DE INTENSIDADE NO MEIO-CAMPO

A partida de Edenílson, Patrick e Rodrigo Lindoso contra o Cruzeiro, na última quarta-feira, escancarou um dos pontos fracos da equipe celeste: o meio-campo. Móveis, atuando com intensidade de área a área durante os 90 minutos, o trio colorado dominou o setor, tanto no momento defensivo - recuperando a bola - como na transição ofensiva, saindo em velocidade. 

Do outro lado, Henrique e Ariel Cabral entregam características opostas. Menos móvel, a dupla pouco deixa a frente da área defensiva para criar superioridade numérica em outros setores, como no terço final do campo. Assim, quando propõe o jogo, desde a construção das jogadas, o Cruzeiro é estático, sem trocas de posição e elementos surpresa na área. Foi assim nos últimos dois jogos, contra Inter e Atlético-MG - que perceberam a ineficácia ofensiva do time azul, entregaram a bola aos comandados de Mano Menezes, e abusaram dos contra-ataques. 

Abaixo, os mapas de calor de Ariel Cabral (à esq.) e Henrique (à dir.), na partida contra o Internacional, mostram que os volantes da Raposa não pisaram na área ofensiva uma vez sequer durante o jogo. 

Mapas de Cabral (à esq.) e Henrique (à dir.) Divulgação/Footstats

Já nos mapas de Patrick (à esq.), Lindoso (centro) e Edenilson (à dir.), é possível flagrar uma maior cobertura das duas metades do campo e, consequentemente, uma maior presença na grande área ofensiva. 

Mapas de Patrick, Lindoso e Edenilson, respectivamente (Foto: Divulgação)

ELENCO RESTRITO...

Diante dos escândalos e a dificuldade financeira enfrentada pelo Cruzeiro em 2019, o elenco celeste foi enfraquecendo ao longo da temporada. Desde o primeiro trimestre, auge da Raposa no ano, a equipe perdeu Rafinha, boa peça de reposição que saiu para o Coritiba, Lucas Romero, voltando à Argentina, e Lucas Silva, que poderia ser a solução da falta de presença dos volantes cruzeirenses no momento ofensivo do jogo, mas retornou ao Real Madrid em julho. 

A verdade é que o grupo atual carece de jogadores com características distintas entre si. Éderson, da base, surge como opção para ser um volante 'de chegada', diferente de Henrique e Cabral, mas ainda carece de minutos no time de cima. Muito por isso, especula-se que o clube esteja atrás de Jobson, do Santos. O jogador de 23 anos destacou-se pelo Red Bull Brasil, no Campeonato Paulista deste ano, pelas boas chegadas ao ataque, e marcou dois gols na competição. 

...E JOVEM

O jovem Maurício, de 18 anos, é um exemplo da mudança de paradigma que o Cruzeiro enfrenta no segundo semestre. Desde a saída de Rafinha, de destaque da base que sequer havia estreado pelo profissional, o garoto tornou-se uma das alterativas diretas, tendo, inclusive, entrado em campo contra o Inter, na quarta-feira. Nos últimos dois meses, o jogador fez suas quatro primeiras partidas no time de cima. 

Esta, inclusive, é uma nova realidade para a equipe não só neste ano, mas em relação às últimas temporadas. Não por opção, mas por necessidade, dos nove jogadores que a Raposa tinha no banco contra os gaúchos na quarta-feira, cinco vieram da base (Vinícius Popó, Adriano, Cacá, Maurício e Fabrício Bruno). Com a exceção do último, que jogou uma temporada emprestado à Chapecoense, todos com pouquíssima experiência no profissional. 

POSICIONAMENTO DE ROBINHO

Sob a batuta de Mano Menezes, o meia atuou, na imensa maioria das vezes, aberto pela direita, com a missão de acompanhar os laterais-esquerdos adversários. Robinho, porém, nunca foi reconhecido pela capacidade atlética acima da média, o que o permitira atacar e defender com a mesma intensidade. Aos 31 anos, nessa função, o jogador acaba muitos dos jogos nitidamente exaurido - substituído em 10 das 30 partidas que fez como titular em 2019. 

Além disso, com Robinho aberto, o Cruzeiro se aproveita menos das melhores qualidades do atleta. O paranaense, que tem um bom passe, capacidade de lançamento, visão de jogo, além de ser um bom finalizador de média e longa distância, poderia utilizar melhor essas características mais ao centro, de frente para o ataque celeste. 

Abaixo, é possível a região do campo em que Robinho tocou na bola contra o Inter: majoritariamente, pela ponta direita. 

Mapa de toques na bola de Robinho, contra o Inter (Foto: Footstats)

FIGURÕES E CLIMA INTERNO

Se nos bastidores, com os escândalos envolvendo a cúpula que comanda o clube, o clima não é nada bom, nos vestiários a situação com Mano Menezes não parecia muito melhor. Logo após a eliminação contra o River Plate, pela Libertadores, respondendo em tom duvidoso a perguntas na zona mista, Fred disse que o estilo de jogo do treinador não se encaixava nas suas características, e que a equipe estava "jogando para isso mesmo, para ganhar de 1 a 0 e passar de fase no mata-mata". 

Artilheiro do Cruzeiro no ano, com 16 gols, o centroavante está há 16 jogos sem balançar as redes. Parte do ataque que não marca há oito duelos, Thiago Neves também enfrenta queda de rendimento. Ambos mostraram irritação após a derrota dos mineiros no último jogo - o camisa 9 bateu boca com um torcedor no corredor de acesso aos vestiários, enquanto o camisa 10 alfinetou repórteres na Zona Mista. 

Exceto neste fim de trabalho, o controle sobre o ego de seus principais jogadores foi uma das grandes virtudes de Mano Menezes durante os três anos à frente da equipe estrelada. Diante do mau momento de jogadores de peso, os quais exercem grande liderança nos vestiários da Toca da Raposa, o próximo treinador precisará se inspirar em seu antecessor, neste quesito, se quiser ter sucesso.