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Ferroviária reencontra Timão após 20 anos para resgatar antiga fama

Grenás e alvinegros se enfrentaram pela última vez em maio de 1996. Desde então, a Locomotiva sofreu para voltar à elite, enquanto o Corinthians acumulou glórias e troféus

Time que recebeu o alvinegro há duas décadas já não dava sufoco aos grandes (Foto: Divulgação/Ferroviária)
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O Corinthians reencontra a Ferroviária neste domingo, às 19h30 (de Brasília), na Arena Fonte Luminosa, pela quinta rodada do Campeonato Paulista. Duas décadas se passaram desde a última vez que o clube do Parque São Jorge foi a Araraquara enfrentar a Locomotiva. No dia 18 de maio de 1996, as equipes empataram em 2 a 2 pelo returno do Estadual. Os gols dos anfitriões saíram pelos pés de Otávio Augusto e Juari, e Tupãzinho balançou as redes para os visitantes.

Naquele ano, a Ferrinha foi rebaixada à Série A2 do Paulista. Sem o patrocínio da Ferrovia da cidade, o clube chegou a cair duas vezes para a quarta divisão nos últimos 20 anos. O retorno à elite só veio nesta temporada, após a brilhante campanha do título de 2015, que teve Alan Mineiro, recém-contratado pelo alvinegro, como um dos artilheiros. A equipe que recebeu o Timão em 96, contudo, passava longe da Ferroviária dos tempos dourados.

— O time de 96 já era o fim da Ferroviária que dava calor nos grandes — explicou Celso Unzelte, jornalista e historiador do Corinthians, ao LANCE! — A equipe áurea da qual temos memória começou com o primeiro acesso, em 1956. Três anos depois, foi a primeira equipe do interior a ficar entre os três primeiros no Paulistão. Era um timaço, celeiro de jogador de time grande — acrescentou.

Segundo o jornalista, os anos 60 — do ídolo Bazzani — foram o auge. A fase boa se estendeu pelas décadas seguintes e a equipe se manteve firme na elite. Um dos momentos mais gloriosos, no entanto, só ocorreu no polêmico Paulista de 1985.

Liderada por Wilson Carrasco, a Locomotiva chegou às semifinais. Para isso, foi necessário ir além das quatro linhas e vencer também uma batalha extracampo. A equipe havia sido punida com a perda de um ponto por ter escalado o zagueiro Dama, suspenso, em vitória sobre o XV de Piracicaba. O Corinthians, responsável por alertar o Tribunal de Justiça Desportiva, foi beneficiado e beliscou a última vaga. A Ferroviária não deixou barato: recorreu e conseguiu reaver o ponto, assumindo o lugar do Timão. Acabou eliminada pela Portuguesa.

O brilho começou a se apagar na década de 90, com a perda do apoio financeiro. A agremiação foi rebaixada em 91, tornou a cair em 96 e passou as últimas décadas flutuando entre as divisões inferiores do Estadual. O ressurgimento iniciou nos anos 2000, com a criação da Ferroviária S.A, destinada a desenvolver o futebol do clube. Apoiada por políticos locais, a empresa atraiu investidores para montar um elenco bom e barato e finalmente retornar à nata do estado.

A Ferroviária não foi a única a passar por mudanças nos últimos 20 anos. Na contramão do time de Araraquara, o Corinthians evoluiu e aumentou consideravelmente sua coleção de glórias: faturou seis títulos do Paulista, cinco do Brasileiro, duas Copas do Brasil, dois Mundiais e a Libertadores. Apesar da queda para a Série B do Brasileiro, em 2007, foi capaz de se consolidar e construiu o sonhado estádio em Itaquera.

— O Corinthians de hoje é totalmente diferente da minha época — contou Tupãzinho ao LANCE! — Hoje tem estrutura, centro de treinamento, respaldo de jogadores… O time cresceu, conquistou taças importantes, e isso ajudou muito. E o que ajuda mais ainda é a torcida.

O Talismã da Fiel recordou o ímpeto que o Timão costumava inspirar contra as equipes do interior. Apesar do razoável número de corintianos em Araraquara, jogar ali era difícil porque os atletas “sempre tentavam dar o máximo” para superar o Corinthians.

O recente sucesso resgatou a paixão dos araraquarenses pela Ferroviária. A torcida, impressionada com a campanha, lotou as arquibancadas da Fonte Luminosa em 2015. Quase 14 mil pessoas — recorde de público da Série A2— testemunharam a entrega da taça no ano passado. Mas se engana quem pensa que a Ferrinha sempre foi o xodó da cidade.

— Eles impunham respeito jogando em casa, mas não era por causa da torcida, que nunca foi de comprar a causa do time — explanou Unzelte. — O mais popular era a Associação Desportiva Araraquarense (ADA). Nunca foi inferno jogar em Araraquara. A Ferroviária sempre deu mais medo e calor em clube grande pelos times bons que tinha do que por força da torcida. A transferência do apoio foi gradativo, a partir das novas gerações. — relembrou o autor do Almanaque do Timão. 

A Locomotiva pode não ter o poderio de outrora, mas cativou a cidade com sua ascensão e provou, com três vitórias em quatro jogos, ter potencial para buscar algo maior no Estadual. Embora o retrospecto favoreça o Timão (45 triunfos, 14 derrotas e 17 empates), o elenco grená crê que o líder não terá vida fácil para manter os 100% no reencontro.

— Jogar em casa nos dá vantagem, até porque estamos invictos há 22 jogos aqui — disse o zagueiro Marcão, de 19 anos, que assim como o colega Matheus Rossetto, sequer havia nascido quando os times duelaram pela última vez. — Enfrentar um time com a grandeza do Corinthians não é fácil, mas vamos encarar com a motivação de uma final — completou.