Dan Lacalle
Colunista
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 10/09/2025
22:12
Atualizado há 9 minutos
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A NFL voltou ao Brasil e entregou exatamente o que nós já esperávamos: um espetáculo dentro e fora de campo. O confronto entre Kansas City Chiefs e Los Angeles Chargers, realizado na Arena Corinthians, em São Paulo, na última sexta-feira (5), não foi apenas mais um evento esportivo. Foi a consolidação de algo que já estava claro desde o ano passado: o Brasil é território da NFL e o futebol americano não está crescendo no país - ele já é grande.

Os números falam por si só. Ingressos para a segunda partida da NFL no Brasil foram esgotados em duas horas. Presença de torcedores de todas as franquias espalhados pelas arquibancadas e uma atmosfera que muitos jogadores compararam a jogos de playoffs nos Estados Unidos. Audiência recorde para a liga no país (47.627 pessoas, em contrapartida a 47.236 da primeira partida entre Eagles x Packers), TV Globo em peso cobrindo o espetáculo, diversos veículos de mídia in loco, diversos artistas no local como a banda Green Day, Don Toliver, Lauryn Hill e Ana Castela (que cantou o hino nacional brasileiro), influenciadores como Igão e Mítico do Podpah, Júlio Cocielo, entre centenas de outros e até mesmo atletas como Neymar, Odell Beckham Jr, Gabriel Medina e Pedro Scooby estiveram presentes para acompanhar este jogo que foi comparado a um mini-Super Bowl (principalmente devido às duas endzones pintadas, uma com o logo de cada equipe, fato que só ocorre na final da NFL). Para quem acompanha o crescimento da liga por aqui, não há surpresa. A base de fãs brasileira já está entre as maiores do mundo fora dos EUA, superando mercados tradicionais da Europa, como Alemanha e Reino Unido, estando apenas atrás do México - muito, também, devido às partidas serem transmitidas em dois canais de televisão aberto e a fronteira ser justamente com os Estados Unidos.

NFL sabia exatamente o que estava fazendo

E aqui está o ponto: não foi um “teste”. Não foi “vamos ver no que dá”. A NFL sabia exatamente o que estava fazendo ao escolher o Brasil como sede. O país oferece audiência massiva, engajamento digital em níveis absurdos e uma cultura esportiva que abraça rituais, narrativas e símbolos como poucas no planeta. E a principal liga esportiva do mundo viu não apenas a mina de ouro que nós somos para o futuro do esporte, mas também, a paixão que entregamos pelo futebol americano, por aqui.

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O jogo, claro, teve seus enredos de drama e espetáculo. Era esperado (pelo menos por mim), que os Chiefs vencessem esse duelo divisional. Algo já rotineiro para eles. E o plot twist deixou tudo ainda maior. Ainda, tivemos em campo Mahomes, Kelce, Herbert, todos com jogadas plásticas. E até polêmicas de arbitragem. Mas o verdadeiro protagonista foi o torcedor brasileiro. Esse, sim, mostrou mais uma vez que não precisa de aula para entender o que significa uma grande noite de NFL.

Se alguém ainda tinha dúvida sobre a relevância do Brasil para a liga, essa dúvida morreu em Itaquera. O país não está na periferia do planejamento da NFL: está no centro. E não se engane, depois de dois anos seguidos de estádio cheio e audiência recorde, a pergunta já não é se a NFL voltará ao Brasil, mas quantas vezes e em quais cidades. E ao que tudo indica, para o próximo ano teremos 1 jogo e este será no Rio de Janeiro. 

O impacto das marcas foi colossal. Quase que o dobro de patrocinadores do primeiro jogo da NFL no Brasil. Visa, New Era, Old Spice, RAM, entre muitas outras, marcaram presença massiva antes e durante a partida. A cidade de São Paulo, que investiu US$5 milhões para assegurar o jogo na cidade, viu seu faturamento se multiplicar em mais de 10 vezes - de novo. Os principais nomes da mídia norte-americana estavam no país, bem como lendas da liga como os ex-Quarterbacks Kurt Warner e Cam Newton, que estiveram na transmissão oficial do Youtube para os Estados Unidos. Em um dia, o esporte movimentou para a cidade mais do que diversas modalidades esportivas juntas no ano inteiro. E o fã de NFL esteve presente em todas as ativações possíveis que permearam a cidade.

Foram Watch Parties oficiais de Chiefs, Chargers e Eagles - sendo que a de Kansas City teve direito até mesmo do comissário Roger Goodell servindo cerveja para o público, exposição de fotos da NFL Brasil, Media Summit para toda a imprensa brasileira com os principais porta-vozes da liga presentes, entre muitas ações que me fizeram sentir em uma semana de Super Bowl. E olha que já estive em 3, então tenho certa propriedade para transmitir esse sentimento para vocês.

Resumindo, se você me perguntar se esse foi um sucesso absoluto? Vou te responder que - com certeza - sim. Se você me perguntar se estou surpreso, te afirmo que não. Todo mundo que ama NFL já sabia disso.

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