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CAMPO NEUTRO, por José Inácio Werneck: ‘As verdades do futebol’

Não precisávamos de dotes de oráculos. Bastava acompanhar as partidas do Liverpool e do Real Madrid para antecipar o que ia acontecer na decisão da Champions League

Vinicíus Júnior entra na história do Real Madrid com gol do título diante do Liverpool (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
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O tempo passa, os teóricos opinam sobre táticas - e algumas verdades do futebol permanecem. Quantas vezes eu e alguns outros colunistas escrevemos que o caminho para o gol do Real Madrid contra o Liverpool estava em explorar as jogadas de Vinícius às costas de Alexander-Arnold?

Não precisávamos de dotes de oráculos. Bastava acompanhar as partidas do Liverpool e do Real Madrid para antecipar o que ia acontecer. A torcida também sabia. Já aos 30 minutos do primeiro tempo veio um passe longo de Toni Kroos para Vinícius, às costas de Alexander-Jones, que só não chegou a seu destino porque Fabinho interceptou. O “oohhh” dos torcedores do Real, atrás do gol, mostrava que eles sabiam que ali estava o caminho das pedras.

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Por que Jürgen Klopp não sabia? É claro que ele sabia, mas achava válido correr o risco, dadas as qualidades de Alexander-Arnold no apoio do ataque.

Algo que me faz voltar no tempo e lembrar um lateral brasileiro que era o Alexander-Arnold daquela época, só que jogando pela esquerda. Era Marinho, ou, para alguns, Marinho Chagas, o louro jogador do Botafogo e da Seleção Brasileira na Copa de 1974.

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Ele adorava ir para a frente, driblar, chutar em gol e nem as instruções precavidas de Zagallo o impediam de fazê-lo. Na disputa pelo terceiro lugar, contra a Polônia, Marinho foi à frente, a Polônia partiu no contra-ataque e Lato fez o gol que nos derrotou.
No vestiário, Leão, nosso goleiro, se engalfinhou com Marinho, nosso lateral - ou, supostamente, lateral.

Agora, na final da Champions League, ali pelos 15 minutos do segundo tempo, bola nas costas de Alexander-Arnold, gol de Vinícius para o Real Madrid. Foi o que bastou. As estatísticas mostram que, ao longo da partida, o Liverpool atacou, pressionou, correu muito mais, chutou muitas mais vezes e cobrou mais escanteios que o rival. Mas o número que realmente importava estava no marcador do estádio e das televisões pelo mundo afora: Real Madrid 1 x 0 Liverpool.

Gol de Vinícius. Às costas de Alexander-Arnold. Há ainda outra estatística interessante: ao longo de sua campanha, o Real Madrid passou pelo PSG, pelo Chelsea, pelo Manchester City e pelo Liverpool.

Pela ordem: um time de um país (Qatar), um time de um investidor russo (Roman Abramovich, agora nas mãos de um investidor americano, Todd Behly), um time de um outro país (Emirados Árabes) e um time de um investidor americano (Fenway Sports Group). O Real Madrid ainda é um clube de sócios. O modelo tradicional. Um clube de sócios dado a algumas trampolinagens fiscais, com o beneplácito do governo de Madrid e da Espanha, mas ainda assim um clube de sócios.

O modelo tradicional. Dado que o Real Madrid acaba de conquistar seu décimo quarto título na Champions League, cabe também perguntar se esta não será outra verdade do futebol: os clubes devem ser associações, não empresas.