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CAMPO NEUTRO: o VAR não foi feito para humilhar ninguém

José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no mundo do esporte

Tottenham chegou a marcar no fim o gol da virada na Champions League, mas a jogada acabou anulada por meio do VAR (Foto: BEN STANSALL / AFP)
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Amigos, inicialmente devo reconhecer que o título acima tem um erro
gramatical. Afinal, as boas regras do português estipulam que não devemos usar um negativo duplo. Pela lógica, se você diz que o VAR “não foi feito para humilhar ninguém", fica implicitamente estabelecido que ele foi feito para humilhar alguém. Mas meu título é apenas uma adaptação do famoso aforismo do poeta Ferreira Gullar: “a crase não foi feita para humilhar ninguém”.

A frase, de um poeta, é uma “licença poética”. Tem a ver com a dificuldade experimentada por muita gente boa para a utilização da crase, que vem a ser a contração da preposição “a” com o artigo “a” ou o pronome demonstrativo “a”. Assim, permito-me também uma licença poética como a de Ferreira Gullar. O VAR não foi feito
para humilhar ninguém. Mas o VAR ontem deixou muita gente boa constrangida, a começar por todos os jogadores do Tottenham Hotspur, seu técnico, o italiano Antonio Conte, e até boa parte dos comentaristas que assistiam à partida.

Tudo teve a ver com o que seria o gol da vitória do Tottenham sobre o Sporting de Lisboa, pela Champions League, em Londres. Já nos descontos veio uma bola alta sobre a área e aí verificou-se uma coisa: Harry Kane, o centroavante do Tottenham Hotspur, estava impedido no momento do lançamento, mas a bola foi ao lateral direito, o brasileiro Emerson Royal, que se adiantara depois do lançamento e
cabeceou para trás. Kane aproveitou a cabeçada de Emerson Royal e marcou o gol. O juiz apitou para o centro do campo mas...
Mas o VAR interveio. O juiz foi à telinha e marcou o impedimento.

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Antonio Conte entrou em erupção vulcânica, a tal ponto que foi expulso da partida naqueles segundos finais e estará proibido de ficar no banco do Tottenham Hotspur, ou até no vestiário, no próximo jogo do time pela Champions League. Os jogadores do Tottenham, seguindo o exemplo do técnico, também ficaram furiosos. O argumento era o de que “a bola veio para trás, Harry Kane estava atrás da linha da bola”.

Tudo isto mostra apenas que eles ou não conhecem a regra ou fingem que não conhecem e estão puxando brasa para sua sardinha.
Pois o vídeo mostra claramente que, quando a bola foi lançada sobre a área do Sporting, havia três jogadores do Tottenham Hotspur em posição de impedimento e o fato de que Emerson Royal veio de trás e cabeceou para Harry Kane marcar o que seria o gol da vitória não dava a este último condição legal.

O VAR interveio corretamente. O VAR, afinal, não foi feito para humilhar ninguém, mas também não está aí para ser humilhado.