O Atlético anunciou na tarde desta quarta-feira (25) que o investidor da SAF, Daniel Vorcaro foi afastado do conselho de administração do clube. A decisão se deu em Assembleia Geral extraordinária realizada na última sexta-feira (21). O empresário foi preso no dia 18 de novembro por envolvimentos financeiros com organizações criminosas.
Confira o pronunciamento do Atlético:
"A SAF do Galo informa que, em Assembleia Geral Extraordinária, realizada na última sexta-feira (21/11), os acionistas decidiram pela destituição de Daniel Bueno Vorcaro do Conselho de Administração.
A decisão decorre de fatos de conhecimento público que geraram impedimentos para o exercício regular de suas funções, conforme previsto nas normas internas de governança.
O assento no Conselho permanecerá vago até nova deliberação da Assembleia Geral de Acionistas.
A SAF do Galo reafirma seu compromisso com a transparência, a responsabilidade institucional e as melhores práticas.
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Entenda o caso de Daniel Vorcaro
Vorcaro foi preso em operação da Polícia Federal (PF) na terça-feira (18). O empresário é um dos principais acionistas da SAF do Atlético Mineiro. O dono do Banco Master aportou R$ 300 milhões no clube e o valor utilizado para a transação teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas em atuação no Brasil.
Segundo o jornalista Rodrigo Capelo, do Estadão, documentações disponíveis na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicam que o fundo "Galo Forte FIP", usado por Vorcaro para comprar 27% das ações da Galo Holding SA - como é chamada a SAF do time mineiro - integra uma lista de fundos investigados em outra operação da PF, chamada "Carbono Oculto", deflagrada pelas autoridades em agosto deste ano e que apura lavagem de dinheiro via fundos de investimentos.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) suspeita que esses fundos de investimento servem para abastecer ações do PCC, facção que tem ampla atuação no estado de São Paulo. No caso do capital investido por Vorcaro no Atlético Mineiro, a CMV detectou que os valores anunciados pelo clube coincidem com aqueles que são investigados pela PF em sua operação. O formato de aplicação do montante também segue um padrão usado por outros fundos de investimento apurados pelas autoridades.
Em 2023, Daniel Vorcaro aportou R$ 100 milhões na SAF do Galo, além de outros R$ 200 milhões aplicados no ano passado. Os investimentos iniciaram com os fundos Olaf 95 e Hans 95, que têm gestão da Reag Investimentos, empresa que já foi alvo de buscas da PF na operação. As autoridades afirmam que não é possível determinar com precisão quem são todos os cotistas do Galo Forte FIP, apenas quais são os investimentos estão na carteira do fundo. A ligação do empresário preso pôde ser confirmada por ele ter tratado publicamente do tema.
O esquema investigado na Operação Carbono Oculto é que a lavagem de dinheiro utilizaria um sistema de "fundo sob fundo", onde esses veículos de investimento fariam aportes em outros fundos afim de dificultar a origem e o destino do dinheiro. O Olaf 95 tinha patrimônio líquido de R$ 19 bilhões, por exemplo, e tinha como principal investimento o Hans 95, que por sua vez tem patrimônio estimado em R$ 35 bilhões e outros três fundos como principais destinos financeiros.
