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Artigo: Libertadores feminina e o ‘olho no lance’

Corinthians e Ferroviária são representantes do Brasil na semifinal do torneio continental, que ainda necessita de uma melhor estruturação e exposição por parte da Conmebol

Corinthians terá o América de Cali como rival na semifinal (Foto: Rodrigo Gazzanel/Ag. Corinthians)
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Maior competição de futebol feminino do continente, a Copa Libertadores 2020 (sim, 2020) que acontece até o dia 21 de março na Argentina, teve a sua confirmação de transmissão para o Brasil em cima da hora. Nos últimos três anos a competição já teve três casas diferentes: 2017 no Esporte Interativo, 2018 apenas no Facebook da CONMEBOL com transmissão em espanhol e 2019 no DAZN.

Mesmo com Ferroviária e Avaí/Kindermann garantidos e o Corinthians defendendo o título, a competição que passou por um longo hiato teve que esperar até o primeiro dia de campeonato para ser oficialmente transmitido por aqui, enquanto países como Chile e Colômbia já tinham transmissão via tv a cabo e na Argentina, anfitriã da edição, que está sendo acompanhada no canal de esportes do governo.

O torneio feminino chega à sua décima segunda edição, tendo o Brasil como sede em sete anos diferentes e campeão por oito vezes, com São José alcançando o maior número de títulos: três. Mas, apesar da história de mais de uma década, a competição ainda é organizada de forma precária, com um calendário de apenas dezessete dias - causando uma sequência extenuante de jogos, o que diminui a performance e aumenta o risco de lesões nas atletas -, premiações baixas e pouquíssima divulgação, além de problemas logísticos e estruturais. Os casos de intoxicação alimentar de diversas atletas durante a edição de 2019, realizada em meio às tensões políticas e manifestações no Equador, e, mais recentemente, o impedimento da equipe do Corinthians de embarcar para a Argentina a três dias do início da edição de 2020, devido à condição da pandemia no Brasil.

Podemos argumentar que, mesmo com os planos de maior desenvolvimento e de uma Copa Intercontinental feminina, a entrega da Conmebol passa longe do ideal. Ela não explora todo o potencial comercial da competição e diminui sua atratividade. Mas a falta de transmissões no futebol feminino não é nenhuma novidade e se estende mesmo para produtos extremamente conhecidos e de qualidade.

Nas últimas temporadas, as próprias competições nacionais tiveram pouca visibilidade, ainda que num nível maior do que antes devido à Copa do Mundo. Desde 2017 não há um contrato fixo para a transmissão completa do Campeonato Brasileiro na televisão e os campeonatos estaduais são ainda mais difíceis de acompanhar. Apesar de acordos recentes com Twitter, Band, TV Cultura e SporTV, o futebol feminino ainda tem pouquíssimo espaço na mídia esportiva.

A situação é ainda pior quando se fala de campeonatos internacionais. Nenhuma das grandes ligas nacionais é transmitida no Brasil, enquanto no masculino conseguimos acessar até a segunda divisão de diversos campeonatos, como o inglês por exemplo. Mesmo a maior competição de clubes do mundo, a Champions League, alvo de investimentos gigantes por meio de canais nacionais – inclusive voltando à tv aberta na próxima temporada via SBT - tem, no máximo, a final transmitida na tv a cabo.

Para acompanhar o futebol feminino mundial, os torcedores dependem dos canais dos clubes e ligas ou links com VPN, impossibilitando o público de acessar uma modalidade em pleno crescimento e observar melhores práticas para entender melhor o esporte e suas jogadoras. Enquanto vemos empresas se especializando em direitos de mídia para o futebol feminino e ligas buscando alcançar mercados maiores, no Brasil e em praticamente toda a América Latina, a luta para criar bons produtos e gerar um crescimento sustentável para o futebol feminino ainda parece um sonho distante.

*Carolina Chrispim
é Consultora de Projetos de futebol feminino e eSports na OutField Consulting