Um corintiano trabalha duro para que o gramado do Beira-Rio, sempre considerado por jogadores um dos melhores do Brasil. E que em 2014 pode ser o local onde os pés de craques como Messi e outros desfilarão na Copa do Mundo. A sede dos jogos de Porto Alegre no torneio deve ter seu gramado pronto nos próximos 60 dias e tem um sistema de drenagem que ajuda a evitar problemas na grama e está sendo utilizado pela primeira vez no Brasil. O primeiro corte está muito próximo de acontecer, já que a fase atual é a de grow-in.
Com plantio da grama bermuda de verão finalizado no dia 1º de março, o campo do Beira-Rio vira a metade do ano 'fechado'. Esta é a expressão utilizada pelo engenheiro agrônomo Victor Scaldelai, da empresa World Sports, que recebeu o LANCE!Net na 'cidade' criada pela Andrade Gutierrez ao lado do Beira-Rio. De Catanduva, interior de São Paulo, é Scaldelai que acompanha de perto a melhora no local. É ele que mede o tamanho das leivas, crescendo sob ação de 300kg de adubo semanais e em média oito irrigações diárias.
O sistema de drenagem conta com dois tubos de 600mm de vazão abaixo de 15cm de brita, 30cm de areia e da grama, já nascendo no novo Beira-Rio. Dali, outras ligações menores recolhem a água dão encaminhamento para um local de armazenamento e descarte. A capacidade é de 400ml/hora, algo impossível de acontecer. O processo, porém, pode ser inverso: um insuflamento de ar, que oxigena e ventila a grama.
- Tanto puxa água pelos drenos, como assopra o ar, de baixo para cima, e ventila e oxigena. Até diminui a temperatura do solo, pode ajudar no controle de doenças que começam a se propagar por uma alta temperatura. Vai ser comum nos novos estádios. Mas é a primeira vez que é utilizado no Brasil. Antes da Copa, nenhum estádio tinha. Havia só o sistema à vácuo apenas – comentou Scaldelai.
Outra atenção especial para o novo gramado do Beira-Rio aconteceu ainda antes do plantio. Uma fibra elástica foi misturada aos últimos 10cm de areia colocados no campo. Após, com o plantio das mudas, as raízes se entrelaçaram com estas fibras, deixando o gramado mais firme que antes. A tecnologia é de uma empresa irlandesa, que tem parceria com a World Sports.
O tipo de grama pede temperaturas altas. Podia ter sido plantado antes, para aproveitar o verão de calor forte no Rio Grande do Sul. Mas não enfrenta nenhum problema no crescimento atualmente, no outono gaúcho. O tipo foi definido após uma análise do microclima criado dentro do estádio, com a colocação da cobertura. É recomendado uma máquina com iluminação especial, mesmo que a cobertura seja translúcida. A tecnologia já é utilizada no Engenhão, por exemplo, mas ainda não há a confirmação se será utilizada.
O Inter não descartou completamente usar o estádio em setembro, ainda que a data oficial de reinauguração seja em dezembro. Até lá, pode confiar que o tapete estará pronto, segundo Scaldelai. Até antes – a previsão é de em junho estar consolidado e pronto para ser usado. O engenheiro agrônomo é só sorrisos com o cuidado a um dos ‘protagonistas’ de 2014.
- É gratificante. Você poder cuidar da parte mais importante, do centro das atenções. Não tem uma sensação melhor que poder olhar e dizer que participou da construção daquilo ali - finalizou.
O Beira-Rio vai receber cinco jogos da Copa do Mundo de 2014. A capacidade total do novo estádio na competição será de 51.300 pessoas.
Bate-bola com Victor Scaldelai, engenheiro agrônomo da World Sports que cuida do campo do Beira-Rio.
Qual a atual situação do gramado do Beira-Rio?
Com 90 dias, no total, esperamos o gramado estar fechado. É o que esperamos. Estamos com pouco mais de 31 dias desde o plantio. Tem mais 60 dias pela frente e esperamos que vai estar tudo fechado sem problema.
Vira a metade do ano já pronto, então?
Vira o ano do ano fechado, sim, com certeza. O pessoal pergunta bastante de condição de jogo. Daqui 60 dias pode ter condições de jogo, mas coisas leves. Mas vai estar fechado. Não vai ser condição de jogo de campo consolidado, mas vai estar fechado.
Que tipo de análise é feita para a decisão da grama?
Esses estádios novos, pelo tipo de construção e cobertura, cada estádio forma um microclima. Cada um é cada um. No Grêmio a grama foi de inverno pelo que foi analisado lá. Incindência do sol, sombreamento, ventilação dentro do estádio. Tudo conta para a escolha da grama. Cada estádio é único. Não tem padrão. São feitas várias análises
Já tem data para o primeiro corte do Beira-Rio?
A questão do corte não está longe. Não tem data marcada porque também depende do crescimento da grama. Dependendo do tempo, ela cresce mais. Isso vai depender de olhar e falar que é o dia que cortaremos. Não tem uma data, mas não está muito longe, não.