Dia 27/10/2015
13:31
Compartilhar

Campeão francês na temporada 2010-11 após 47 anos de jejum, o Lille precisava de um estádio que comportasse sua torcida. Essa necessidade foi a pedra de toque para a construção do moderno Stade Lille Métropole, localizado na cidade que está no norte da França, próxima à fronteira com a Bélgica. E, assim como o Stade de France, objeto de matéria da última sexta-feira do LANCE!Net, o negócio que levou ao erguimento da praça esportiva sobrevive “apesar do futebol”.

Enquanto o Stade de France não tem um clube mandante e a empresa que o explora tenha que viver de outros eventos, o Lille Métropole recebe todos as partidas do clube local. O fator coincidente é que a concessionária que construiu e explora o local não recebe nada da renda dessas partidas – o Lille fica com a bilheteria – e também precisa criar uma agenda de grandes eventos e shows para ter lucro.

A obra, finalizada em meados de 2012, custou 279 milhões de euros (cerca de 718 milhões de reais) e a Elisa, concessionária que firmou com o município uma PPP (Parceria Público-Privada), tem 31 anos para explorá-lo. Com estrutura moderna, o estádio possui um sistema tecnológico que permite a retração do gramado e a transformação em uma arena, ocupando metade do campo, para shows menores e até exibição de cinema. Além disso, partidas de rúgbi também estão previstas no cardápio de eventos e shows maiores, de cantores internacionais.

O Lille Métropole tem capacidade para 50 mil torcedores, bem mais que os 17 mil do antigo estádio em que o clube da cidade mandava seus jogos. Para atuar na nova arena, a agremiação paga um aluguel de 6 milhões de euros anuais para a prefeitura. A concessionária ainda paga as dívidas com os quatro bancos privados que financiaram a obra.

*O jornalista viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da França.

CASOS BRASILEIROS

Mineirão
O Cruzeiro fechou parceria com a Minas Arena, concessionária que venceu o leilão para administrar o estádio. O clube mandará seus jogos por 25 anos no local e a bilheteria das partidas será dividida, não igualmente, a depender do setor. Os camarotes, por exemplo, serão explorados pela empresa, que ainda irá utilizar o estádio para realização de shows e outros eventos e ficar com a arrecadação.

Maracanã
Haverá licitação para que uma empresa possa explorar comercialmente o estádio que receberá a final da Copa - ainda está em reforma. Por contrato, a concessionária vencedora, que terá 35 anos para gerir o estádio, precisará firmar com ao menos dois clubes para que mandem seus jogos no local. E o governo receberá no mínimo R$ 4,5 milhões por ano.

COM A PALAVRA
Guillaume Narjoux
Diretor do consórcio Elisa, que gerencia o Stade Lille Metropole

"Lille precisava de um estádio maior. Tanto que já tem 30 mil carnês vendidos para seus jogos e no palco anterior não tinha essa capacidade. Nós temos que nos adaptar ao calendário do clube para explorar os outros eventos no estádio.

A estrutura do estádio nos permite fazer múltiplos usos dele. Vamos negociar partidas de rúgbi e queremos também ter finais da Copa da França e da Copa da Liga aqui. Mas o nosso foco é trazer shows e eventos menores, que serão abrigados nessa arena que é montada em 24 horas. Não há estádio tão moderno como este aqui na França. Sabemos que podemos realizar muitas coisas e todos serão beneficiados, inclusive o clube."

Siga o Lance! no Google News