A dois minutos do fim do jogo, a decisão estava empatada. Se a igualdade persistisse também na prorrogação, a vitória seria decidida nos pênaltis. E o Milan (ITA) tinha um trunfo guardado. Do banco, porém, ele viu Jorginho fazer 3 a 2 e classificar o Vasco para as quartas do Mundialito de Clubes de futebol de areia, terça-feira, na Arena Guarapiranga, em São Paulo.
O trunfo era Dida. Aos 38 anos, o goleiro atuou em partes dos três jogos da equipe rossonera na competição, mas acabou eliminado na primeira fase, com três derrotas.
Na terça, participou apenas do primeiro dos três tempos de 12 minutos, com cinco defesas tranquilas em bolas rasteiras ou fracas e um gol sofrido, após chute cruzado de Mauricinho. Cansado, pediu substituição e assistiu a tudo do banco. Torcendo pelos companheiros e esperando, quem sabe, os pênaltis.
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– É acostumado a pegar pênaltis e decisão é com ele. Temos exemplos de várias partidas que pegou, então tentamos segurar o 2 a 2 para deixar nas mãos dele – admitiu Juninho, outro brasileiro da equipe.
Ao LANCENET!, o próprio Dida disse que esperava a chance para “resolver”:
– Talvez sim (entrasse), porque minha estatura pelo menos ajudaria nesse momento, eu cobriria mais espaços no gol e, nesse momento, quanto mais espaço cobríssemos, mais chances nós teríamos.
Dida se arrisca na areia, mas pretende voltar aos gramados
Palavra de um especialista na arte de defendê-los. Contra o mesmo Vasco, que é adversário do Corinthians nas quartas da Libertadores, ele brilhou em 2000. Na decisão do Mundial, após o empate sem gols, defendeu o cobrado por Gilberto e viu Edmundo isolar o dele, quando comemorou com frieza.
Postura que, até hoje, não mudou. Nem ao ouvir gritos de “frangueiro” de um grupo de vascaínos na arquibancada, e um pedido de um senhor para que “volte ao Timão.”
Longe da mídia desde julho de 2010, quando encerrou seu vínculo com os italianos, Dida vive no Brasil há um ano, em Belo Horizonte.
Esperança dos times por quais passou para momentos de decisão – como os dessa terça – ele agora mantém a sua viva pelo desejo de voltar a jogar. E na grama, é claro.
Bate-Bola com Dida
Em rápida entrevista ao LANCENET!, na saída do jogo
‘Espero ter chance no campo de novo’
Foi especial enfrentar o Vasco de novo? Lembrou daquele Mundial?
Bom, esse foi em futebol de areia. Do outro lado tinha a camisa do Vasco com jogadores que sabem jogar nesse tipo de quadra. A lembrança que me veio na mente, com certeza, foi daquela final em que vencemos o Vasco, mas o importante é eu estar competindo, fico feliz de estar sempre em atividade.
Tem muitas lembranças daquela decisão de Mundial, em 2000?
Tenho sempre lembranças, recordo o meu passado com bastante alegria, principalmente pelas decisões e foram várias. Ter a torcida do Timão às nossas costas, nos apoiando desde o início, foi fabuloso.
Eram duas Seleções em campo?
Com certeza, tinha grandes jogadores dos dois lados, como hoje. Essas duas equipes têm muita qualidade, tanto que estão chegando.
Como acha que será o jogo? Quem se irá para as semifinais?
Espero que seja um grande jogo, que as duas equipes joguem bem, com a rivalidade que tem de ser, mas que vença sempre o melhor. Não sei quem passa, vou estar torcendo para as duas equipes brasileiras. Com certeza é Brasil na final, se Deus quiser.
O que fez nos últimos anos?
Estava parado, de férias com a minha família, curtindo meus filhos. Depois que deixei o Milan foi um momento bom na minha vida porque me dediquei mais a eles.
Como foi a experiência na areia? Gostou? Ou seu negócio é campo?
Meu pensamento é o de voltar ao futebol de campo. Essa experiência foi agradável, recebi esse excelente convite de participar de um grande evento (o Mundialito), mas espero, quem sabe, jogar no futebol de campo de novo. Se não jogar acontecer, quem sabe um dia?, volto a areia se tiver outra oportunidade.
Serginho é convidado, mas refuga
Ex-lateral-esquerdo do Milan e atual consultor do clube para assuntos relacionados ao Brasil, Serginho foi o supervisor da equipe no torneio. Assim, coube a ele convencer Dida a disputá-lo.
– O clube precisava de um jogador para marcar, para ser um símbolo do time e foi feito o convite a ele e e a mim, mas para mim é muito mais difícil jogar na areia. Por ele ser goleiro, as coisas são mais fáceis, apesar de a bola rasteira complicar um pouco pelo terreno. Mas acho que ele se saiu bem e se divertiu, estava bem motivado no campeonato – disse.
Dida treinou apenas quatro vezes com a equipe antes do torneio, mas recebeu elogios. Na terça, bateu papo rápido com Marcelinho Carioca, que joga pelo Timão.