Surpreendida com uma doença que a levou para a cadeira de rodas em 2007, Verônica Almeida se recuperou do baque e foi bronze olímpica na natação no ano seguinte, na Paralimpíada de Pequim, nos 50m borboleta na classe S7 (limitações físico-motoras). Entretanto, sua maior conquista foi poder continuar fazendo o que lhe dá mais prazer: o bodyboard.
Verônica, que competiu no Mundial Paralímpico de Natação na semana passada em Montreal (CAN) e não conquistou medalhas, tem a Síndrome de Ehlers-Danlos, uma doença degenerativa que ocasiona flexibilidade articular e fragilidade nos tecidos. Tudo isso acaba afetando os movimentos.
Quando teve a síndrome diagnosticada, ela foi informada pelos médicos de que teria apenas mais um ano de vida, e ainda foi demitida de seu emprego de personal trainer. A partir disso, ela procurou outras formas para solucionar o problema, até que achou um programa em Paris (FRA) que selecionava voluntários para tratamento experimental com células-tronco. Ela foi escolhida para uma turma de 20 pessoas e é a única que se manteve no projeto.
– O surfe para mim é uma terapia. Se pudesse, passava o dia na água – disse Verônica ao L!, durante o Campeonato Mundial de Montreal.
A baiana, que já competia na natação, começou a surfar em 2003. Ela nadou durante 15 anos, mas parou aos 20 devido a luxações no ombro. Sua volta foi em 2007, como uma forma de tentar manter a rotina de antes da doença. Os bons resultados no Open de Uberlândia, um ano depois, a levaram para a Seleção.
Ela chegou com o décimo tempo do mundo na Paralimpíada de Pequim, e se classificou para a final com a quinta marca, até sair com o bronze na decisão.
– O que me dá mais tesão é o surfe, mas o que me dá mais prazer é a natação – afirmou a atleta de 38 anos.
O repórter viaja a convite do CPB
Bate-Bola com Verônica Almeida, nadadora paralímpica, em entrevista ao LANCE!Net
Por que você voltou a nadar?
Eu era personal trainer de uma academia, tinha uma vida voltada para a atividade física. Vi na natação uma forma de continuar isso. Se dá para correr, também dá para nadar.
As pessoas estranham quando veem você no mar surfando?
Quando eu chego o pessoal já se aproxima. Eu fico olhando as ondas, vendo como elas estão. É muito tranquilo e eles gostam. Uma revista australiana me chamou para tirar fotos por causa do surfe. É curioso.
Em qual atleta você se espelha no surfe?
Gosto da Maya Gabeira (surfista de ondas grandes). Tenho um estilo parecido com o dela, de onda mais alta.
Síndrome de Ehlers-Danlos
O que é
A síndrome, que não tem cura, é um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo e que diminui a flexibilidade do organismo ao longo do tempo. Verônica foi diagnosticada com a doença em 2007.
Tratamento
Verônica se trata desde 2008 em um projeto experimental em Paris (FRA) com células-tronco, o que fez a doença regredir.