Tênis

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Com apoio privado e de Ana Moser, Mauro Menezes dá vida a seu projeto social

Instituto de ex-duplista está contemplado em projeto macro que envolvem projetos no vôlei, basquete, judô e skate

Foto: Ariane Ferreira
Escrito por

Por Ariane Ferreira - Nesta terça-feira, em um evento pomposo e cheio de personalidades do esporte brasileiro, o Banco Votorantim apresentou o 'BV Esportes' que contempla seis projetos de educação pelo esporte em diferentes modalidades, dentre elas o tênis.

O sonho do ex-duplista brasileiro, que foi 64º do mundo e como treinador levou Fernando Meligeni à medalha de ouro dos Jogos Panamericanos de Santo Domingo, Mauro Menezes, tornou-se real com a parceria com a financeira e nasceu aí o "Instituto Próxima Geração".

Em conversa exclusiva com o Tênis News, Menezes acabou revelando a renovação de seu amor pelo tênis, através das 70 crianças entre 7 e 18 anos já assistidas neste um mês de existência do projeto, que está em atividade em uma das regiões mais carentes da capital paulista, o Parque dos Príncipes, na zona oeste.

Mauro Menezes diz que o projeto nasce, como todos os demais, baseado muito no desejo de "devolver ao esporte tudo que ele trouxe à sua vida", entretanto ressalta que as lições aprendidas por ele no tênis como autoconfiança, disciplina e honestidade.

"Uma criança assim, sem muitas condições financeiras e sociais, ganha muito com essas lições. Ela fica mais ágil, mais forte, mais confiante em si. Fora que ao trazer uma criança para o tênis, você a capacita para uma infinidades de coisas: ela pode ser rebatedora, professora, técnica e acompanhar crianças que se destacam, juiz (árbitro), auxiliar de quadra - um especialista em saibro, por exemplo. São vários caminhos e abrimos um leque para essas crianças", resume com empolgação.

Menezes rechaça a definição de que o "tênis é um esporte de elite", pois segundo ele é um "esporte que ajuda muito no caráter das crianças".

As atividades do instituto foram iniciadas oficialmente no mês de setembro e já nos primeiros dias todas as vagas foram preenchidas, no momento há uma lista de espera. "Este era o meu medo, a gente não conseguir atrair as crianças para o esporte", confessa Menezes. Mas seu temor caiu por terra já neste princípio e as crianças têm apresentado 95% de frequência.

No ato da matrícula, as crianças passaram por um pequeno crivo e para obter a vaga precisavam serem alunas de escola pública, terem boa frequência de aulas e boletim "razoável". A partir daí, foram organizadas não apenas de acordo com a idade, como com o nível de cada criança, já que algumas já tinham tido contado com o tênis. Durante toda a semana, o Instituto atual na Associação de Tênis Barley, que fica no bairro e tem quatro quadras de tênis no saibro cobertas.

A escolha do nome, "Próxima Geração" tem tudo a ver com o movimento da Next Gen, nascido de maneira comercial nos Estados Unidos em propagação da USTA e prontamente adotada e ampliada pela ATP. "A ideia é a mesma de lá: enxergar o futuro". Para Mauro Menezes, as crianças podem se inspirar nas estrelas mais jovens do esporte, inclusive pela 'proximidade maior' de idade e revela: "Sonho em poder trazer um destes meninos da Next Gen aqui no Brasil pra molecadinha vê-los de perto e entender que é possível".

Menezes conta que o apoio da financeira é primordial para a existência do projeto, pois além de viabilizá-lo dá-lhe a estrutura necessária. "O apoio da BV hoje é tudo, oferece uma estrutura e uma condição de trabalhar muito bacana. A gente tem uma estrutura de professores,nutricionistas, psicologia esportiva e a gente oferece um lanchinho pra elas com lanche, um suco e uma fruta. Então, a gente tem conseguido fazer direitinho e eu estou muito feliz", comenta Mauro, que comanda a equipe com mais de 10 profissionais dedicados às crianças.

Inspirado por exemplos do passado, em que um ex-pegador de bolas de sua antiga academia e um aluno de projeto social que frequentou suas aulas, Menezes incluiu no programa do Instituto Próxima Geração aulas de inglês para todas as crianças. "A gente deu suporte a esses dois apenas de base no esporte, eles se esforçaram, estudaram nos Estados Unidos através de bolsa atleta e hoje trabalham por lá. Quisemos agregar as aulas de inglês para a criança entender que além de tudo do esporte, escola e educação são tudo".

O diretor da BV financeira, Gabriel Ferreira, explicou ao Tênis News, que o intuito de apoiar os seis projetos são de ampliar a percepção de valores do esporte como " superação, cooperação, disciplina, saber ganhar e perder" na sociedade. Tenista nas horas vaga, Ferreira, revela valores diferenciais identificados em cada modalidade: "No tênis se aprende primordialmente duas grandes coisas. Primeiro, ensina a perder mais do que ganhar, porque toda semana tem um campeonato e você só não vai perder se for o campeão. Segundo, por causa da dinâmica do jogo você, precisa mudar a chave, mudar o foco do passado para o futuro e isso se traz pra vida. O tenista é alguém positivo por natureza, pois aprende a lidar com a frustração cotidiana".

A empresa investirá nos próximos dois anos um montante que chegará a R$ 10 milhões, sem lei de incentivo, nos seis projetos escolhidos, o que dá um fomento de pouco mais de R$1,6 milhão de reais por projeto. "Pra gente, o privado não está ai para substituir o público e sim contribuir. Nós temos sim o papel de cobrar e alimentar as discussões no setor público das causas que se acredita - educação, esporte e cultura são causas universais. Então é claro que através de leis de incentivo o poder público fomente essas causas. O que costumamos dizer é que não dá para esperar tudo do poder público, seja cada um de nós ou empresas privadas identificar onde se pode contribuir", explicou Gabriel Ferreira, que destaca que o projeto tem a ver com o crescimento da empresa e a decisão de reposicionar a marca iniciada em maio deste ano.

A parceria com a empresa do mercado financeiro tirou o projeto do papel e já deu a oportunidade de novas parcerias. Todos os materiais esportivos e os uniformes das crianças são fornecidos, via patrocínio, pela Wilson do Brasil. A diretora de marketing da marca, Caroline Gomes, disse Tênis News: "Nós confeccionamos os uniformes deles, personalizados mesmo do projeto. Não tinha como ficarmos de fora".

O ex-capitão brasileiro conta que vê muitas chances de crescimento para seu projeto e já está muito feliz com os resultados conquistados também do ponto de vista esportivo: "Temos um garoto, o Titi, que ele ganhou três torneios na categoria oito anos. Ele não perde de ninguém", contou explicando que o garoto já havia tido contato anterior com o tênis.

O crescimento para o Instituto Nova Geração também está na diretriz profissional, segundo Mauro Menezes, talentos que se destacarem do ponto de vista técnico esportivo deverão ser incentivados. "Isto é também parte do meu sonho".

Além do Projeto Nova Geração; o 'BurnKit' do skatista de mega-rampas Bob Burnquist, o 'Instituto Seginho 10' do líbero de vôlei e bicampeão olímpico Serginho; e o 'M4 nas escolas' do ex-ala-armador de basquete tricampeão pan-americano Marcelinho Machado, são projetos que nasceram do apoio da financeira e contarão com os 17 anos de experiência no terceiro setor da ex-atacante da seleção bronze no vôlei de quadra nos Jogos de Atlanta 1996, Ana Moser, como uma espécie de mentora.

Ao Tênis News, Ana conversou, também com exclusividade, e falou que 'Brasil' os novos projetos são encontrar e ajudar: "A gente já viveu dias melhores. Nós no IEE [Instituto Esporte e Educação, de sua fundação] tem a Caravana do Esporte, um grande evento, e uma vez por mês estamos em uma cidade do país atuando diretamente com essas prefeituras. [Anos atrás] Vivemos uma grande expansão de esperança e fé, a crença na educação, pessoas, esporte e instituições, e vimos isto nos últimos anos minguar. Mas ainda há esperança, é importantíssimo que iniciativas como as nossas sigam vivas para ajudar a que não se perca a esperança".
Ao ser questionada como a sociedade civil pode apoiar este tipo de projeto, Moser não deixou seu já conhecido lado sincero e crítico: "A sociedade precisa entender que isso não é caridade. A gente não tá fazendo isso porque somos bonzinhos. Nós entendemos que isso é bom, importante e é parte da nossa responsabilidade pelo que esporte nos deu. Uma sociedade não existe se não existir uma co-responsabilidade. Quem tem mais, tem que dar mais. É nossa responsabilidade humana. As pessoas precisam entender essa dinâmica, precisamos incorporar esses valores de empatia e responsabilidade com o outro. Aqui, ninguém tirou a camisa da seleção brasileira", finalizou.