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Liberta-99: L! aponta 20 curiosidades da histórica conquista do Palmeiras

Único título do clube na principal competição do continente completa 20 anos neste domingo e teve algumas peculiaridades que tornam o triunfo ainda mais marcante

Há exatos 20 anos, o capitão César Sampaio erguia a taça da Libertadores pelo Palmeiras (Daniel Augusto Jr/LANCE!)
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Há exatos 20 anos, Zapata batia rente à trave direita, para fora, e Marcos arrancava para o outro lado, sendo o primeiro a iniciar uma correria que tomou conta do gramado enquanto torcedores vibravam nas arquibancadas do Palestra Itália. Após vencer o colombiano Deportivo Cali por 2 a 1 no tempo normal, devolvendo a derrota por 1 a 0 na ida, o Palmeiras fazia 4 a 3 nos pênaltis e conquistava a Libertadores. Selando uma história cheia de peculiaridades até aquele marcante 16 de junho de 1999.

O LANCE! falou com jogadores que participaram do título, ainda o único do clube na principal competição do continente, consultou arquivos e separou 20 curiosidades daquele inesquecível grupo comandado por Luiz Felipe Scolari.

Confira a lista abaixo:

Oséas fez gols nas finais da Copa do Brasil e da Liberta (Reprodução)

TUDO COMEÇOU E TERMINOU COM OSÉAS
Toda a festa de 16 de junho de 1999 não seria possível se Oséas não fizesse o impossível em 30 de maio de 1998. No Morumbi, o Palmeiras precisava reverter a derrota por 1 a 0 para o Cruzeiro, na ida, havia aberto o placar com Paulo Nunes e, aos 44 minutos do segundo tempo, o camisa 9 pegou um rebote rente à linha de fundo e achou espaço para fazer 2 a 0, e o primeiro título do clube na Copa do Brasil.

Naquela época, classificavam-se para a Libertadores apenas os campeões do Brasileiro e da Copa do Brasil. E o título continental também foi selado por Oséas: ele fez o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Deportivo Cali, no Palestra Itália, garantindo a disputa de pênaltis que traria a conquista.

- Fico muito contente de ter feito o gol decisivo da Copa do Brasil, que nos levou a disputar a Libertadores, e conseguimos também ser campeões e ficar marcados na história do clube. Mais uma vez, Papai do Céu falou: "é você que vai fazer". Tínhamos jogadores de qualidade, um grupo muito forte, e as coisas aconteceram naturalmente - comentou o próprio Oséas.

CAMPEÃO TURBINADO
O grupo campeão da Libertadores de 1999 começou a ser moldado na metade de 1997, quando Felipão foi contratado. Em 1998, já tinha conquistado a Copa do Brasil e a Copa Mercosul, com nomes como Arce, Junior Baiano, Júnior, Zinho, Alex, Paulo Nunes e Oséas. Mas o técnico queria mais e foi atendido em quase tudo pela co-gestora Parmalat.

Para a Libertadores, vieram o zagueiro paraguaio Rivarola, homem de confiança de Felipão no Grêmio, o meia Jackson, destaque do Brasileiro anterior pelo Sport, e dois ídolos bicampeões brasileiro e paulista em 1993 e 1994: o atacante Evair, que estava na Portuguesa, e César Sampaio, do Yokohama Flugels, do Japão, e um dos destaques da Seleção vice-campeã da Copa do Mundo de 1998. E a diretoria não economizou, tanto que, para trazer Sampaio, que foi capitão do time, igualou as propostas de La Coruña, da Espanha, West Ham, da Inglaterra, e Olympiacos, da Grécia.

Não faltavam craques de seleção naquele elenco (Arquivo Lance!)

ELENCO OU SELEÇÃO?
O elenco que levou o Palmeiras à conquista da Libertadores poderia tranquilamente ser chamado de seleção. Dos 26 jogadores que formaram o grupo de inscritos, 18 foram convocados para equipes nacionais ao longo da carreira, representando quase 70% (exatamente 69,2%) do plantel.

Passaram pela Seleção Brasileira os goleiros Marcos e Velloso, o lateral-esquerdo Júnior, os zagueiros Júnior Baiano, Cléber e Roque Junior, os volantes César Sampaio e Rogério, os meias Alex, Zinho e Jackson, os atacantes Paulo Nunes, Oséas, Evair e Euller. O grupo ainda contava com o lateral-direito Arce e o zagueiro Rivarola, da seleção paraguaia, e o volante Tiago Silva, que chegou a defender a seleção búlgara, além do Brasil nas categorias de base.

Somente oito daquele elenco não participaram da seleção principal de nenhum país: o goleiro Sérgio, o lateral-direito Neném, o zagueiro Agnaldo, o lateral-esquerdo Rubens Júnior, os volantes Galeano e Pedrinho e os atacantes Juliano e Edmilson. Desses oito, apenas Galeano foi usado com mais frequência naquela Libertadores.

No início do ano, Felipão disse que iria embora (MAURICIO LIMA/AFP)

FELIPÃO AVISOU QUE IRIA EMBORA
Scolari começou o ano ouvindo críticas de dentro do clube, inclusive sem aparentar ter a total aprovação do presidente Mustafá Contursi. Mesmo com o apoio da Parmalat, co-gestora, o treinador demonstrou cansaço da situação e, antes da Libertadores, avisou que sairia no meio do ano, independentemente do resultado na competição.

A declaração fez com que a torcida cantasse "Fica, Felipão! No fim do ano, nós vamos pro Japão" em todas as partidas do torneio. E o treinador acabou permanecendo, saindo somente na metade de 2000, depois de perder a final da Libertadores para o Boca Juniors, com acerto encaminhado para o Cruzeiro.

ÚLTIMA LIBERTADORES RAIZ
A edição de 1999 foi a última da Libertadores com um formato marcante no século passado: nada de gol fora de casa como critério de desempate, menos vagas e uma imposição que forçava clássicos nacionais. A competição tinha apenas 20 clubes divididos em cinco grupos - a partir do ano seguinte, passaram a ser 32 em oito chaves e com alguns países, como o Brasil, tendo mais times do que outros.

Na época, cada um dos dez países filiados à Conmebol poderia classificar só duas equipes. Na fase de grupos, até para diminuir os gastos, cada chave tinha todos os representantes de dois países - em 1999, o grupo do Palmeiras era composto também pelo Corinthians e pelos paraguaios Cerro Porteño e Olimpia. Dessa forma, era possível enfrentar os dois clubes do exterior na mesma viagem.

Além disso, havia uma imposição para que, nas semifinais, tivesse times de quatro países diferentes. Assim, o atual campeão entrava direto nas oitavas de final, já encarando o compatriota de pior campanha - em 1999, o Palmeiras ficou atrás do Corinthians e pegou o Vasco. Caso o outro time do mesmo país passasse, havia outro clássico nacional, como ocorreu no Dérbi das quartas.

Arce garantiu a vitória na estreia, contra o Corinthians (Reprodução)

ESTREIA COM CHORO CORINTIANO
Um Dérbi marcou a estreia de Palmeiras, campeão da Copa do Brasil, e Corinthians, vencedor do Brasileiro. E com muita polêmica. O time alvinegro estreava o técnico Evaristo de Macedo e o sábado à tarde no Morumbi ficou marcado por intensa reclamação de Marcelinho Carioca e seus companheiros.

O Corinthians já tinha perdido o lateral-esquerdo Kleber expulso no primeiro tempo, por agarrar Evair em lance claro de gol. Aos 11 minutos do segundo tempo, o árbitro Dacildo Mourão viu recuo de Gamarra para o goleiro Nei e marcou tiro livre indireto dentro da área, e Evair rolou para Arce fazer o único gol da partida. Vitória por 1 a 0 que teve ainda Marcelinho expulso por ter gol anulado e sair fazendo gesto com a mão, indicando roubo. O juiz ainda não deu pênalti para o Palmeiras em toque de mão do zagueiro Batata na área.

MARATONA COM GOLEADAS NO PARAGUAI
Pouco depois do Dérbi da estreia, o Palmeiras embarcou para uma maratona inimaginável atualmente de dois jogos em três dias no Paraguai. Ocorreram duas goleadas, uma a favor e outra contra o time de Felipão, claramente debilitado fisicamente pela sequência.

No primeiro jogo em Assunção, saiu atrás, mas impôs 5 a 2 sobre o Cerro Porteño, com dois de Junior Baiano e Evair, Cléber e Oséas completando o placar. Dois dias depois, no mesmo estádio Defensores Del Chaco, Felipão escalou a mesma equipe (Velloso, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Roque Júnior, Rogério, Zinho e Alex; Paulo Nunes e Evair) e tirou os mesmos do banco (Galeano, Jackson e Oséas). Mas com um resultado bem diferente: abriu o placar com Junior Baiano, nos acréscimos do primeiro tempo, levou quatro no segundo e descontou no fim, com Junior Baiano de novo.

Junior Baiano foi o artilheiro do Palmeiras na Liberta-99 (Reprodução)

ARTILHEIRO INESPERADO
Em um elenco com jogadores acostumados a artilharia, como Evair, Paulo Nunes e Oséas, o goleador do Palmeiras na Libertadores de 1999 foi um zagueiro. Junior Baiano balançou as redes cinco vezes, todas contra paraguaios: dois diante do Olimpia, em Assunção, e três sobre o Cerro Porteño, sendo dois fora de casa e um no Palestra Itália. E todos comemorados com uma camisa de margarida com pétalas faltando, marca do grupo de axé Chiclete com Banana. O curioso é que ele ficou só a um gol dos artilheiros do torneio.

SOFRIMENTO NO SEGUNDO TURNO
O Palmeiras largou na Libertadores com duas vitórias, mas foi voltar a ganhar só na rodada final. A derrota para o Olimpia, no Paraguai, iniciou uma sequência de tropeços: diante do próprio Olimpia, com 1 a 1 no Palestra Itália, e derrota por 2 a 1 para o Corinthians.

O Verdão chegou ao último jogo da fase de grupos correndo risco de eliminação, mesmo com o formato em que três dos quatro clubes da chave se classificavam para as oitavas de final. O Palmeiras dividia a segunda colocação com o Cerro, ambos com sete pontos, o Corinthians liderava com nove e o Olimpia, com cinco, sonhava com a vaga. Neste cenário, caso perdesse, o time de Felipão precisaria torcer para que o Corinthians, já classificado e planejando poupar titulares, não fosse derrotado pelo Olimpia em jogo que ocorreria dois dias depois, no Pacaembu.

O Cerro abriu o placar com quatro minutos do segundo tempo com um golaço do atacante brasileiro Gauchinho. Aos 15 minutos, Arce cobrou escanteio, Cléber ajeitou de cabeça quase da linha de fundo e Junior Baiano, na outra trave, testou, com a bola ainda batendo na cabeça de um zagueiro do Cerro, tirando qualquer chance de defesa do goleiro. Aos 19, em cobrança de falta perto da meia-lua, Zinho rolou e Arce encheu o pé, contando com um desvio na barreira para virar: 2 a 1, e classificação como segundo colocado do grupo.

BICHO-PAPÃO FOI EMBORA
Por ter ficado atrás do Corinthians, o Palmeiras precisou encarar o Vasco logo nas oitavas de final. O time carioca era considerado o favorito, com a condição de atual campeão da Libertadores e tendo perdido para o poderoso Real Madrid por 2 a 1 só no final do Mundial de Clubes meses antes. Entre os jogadores, o duelo é apontado como grande teste.

Para piorar, na ida, o goleiro Carlos Germano teve grande atuação e ficou 1 a 1 no Palestra Itália. Na volta, em São Januário, Luisão abriu o placar para os anfitriões. Mas Alex teve grande atuação, fazendo dois gols, com Paulo Nunes e Arce completando a vitória de virada por 4 a 2.

- Qualquer adversário da Libertadores é forte, mas todos da Libertadores não queriam enfrentar o Vasco. O Vasco era o bicho-papão. Então, estamos fazendo um serviço a todos da Libertadores. Agora, não tem mais bicho-papão. É tudo do mesmo nível - disse Felipão, logo depois do jogo, à ESPN na época.

Marcos passou de terceiro goleiro a santo na Liberta-99 (Reprodução)

SURGE SÃO MARCOS
Em 14 de março de 1999, uma vitória por 1 a 0, fora de casa, sobre União Barbarense no Paulista mudou a história do Palmeiras. Homem de confiança da torcida e de Felipão, Velloso se machucou. Logo no jogo seguinte, um Dérbi pela Libertadores, ainda na primeira fase. O Verdão perdeu por 2 a 1, mas aquele jogo marcou a estreia de Marcos na competição na qual foi o melhor jogador e virou santo com atuações memoráveis nas fases finais.

É impossível falar daquele título sem lembrar a sequência de defesas difíceis ao longo de todo o primeiro jogo das quartas de final, com vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians. Na volta, derrota por 2 a 0, mas Marcos pegou a cobrança de Vampeta e viu Dinei acertar o travessão. E ainda teve outra atuação memorável para evitar uma goleada na derrota por 1 a 0 para o River Plate, na Argentina, em Buenos Aires, na ida das semifinais.

- Essa Libertadores mudou minha vida. Eu era terceiro goleiro e, dentro da competição, virei o titular, recebi o apelido de São Marcos e tive a oportunidade de jogar a Copa do Mundo por causa dessa Libertadores. É o título mais importante que conquistei no Palmeiras e, também, para a minha carreira, para pegar confiança e ser o goleiro do Palmeiras por tantos anos - contou Marcos, que acabou titular da Seleção campeã da Copa do Mundo de 2002.

UM HERÓI NOVATO
Marcos foi o nome daquela Libertadores, mas com raras oportunidades até então. O próprio camisa 12, inicialmente terceiro goleiro na temporada, afirma que nunca tinha atuado em uma Libertadores, muito menos entrando em campo no exterior tantas vezes. Imagina ir para a decisão de pênaltis contra o Corinthians, nas quartas de final, e na final, diante do Deportivo Cali.

- Eu não tinha experiência nenhuma. Era o terceiro goleiro do Palmeiras no começo da competição. Apesar da idade, porque eu não era novo, tinha 25 anos, e o futebol tinha uma lei, na época, que goleiro bom é velho, não jogava com 20, 22 anos. Esperei muito tempo no banco. Tanto na Libertadores como no Mundial no final do ano e mesmo na Copa do Mundo eu não tinha experiência. Fui para a Copa jogando três anos, sendo um parado porque operei o punho. Ter ido para os pênaltis na Libertadores, um campeonato que o Palmeiras não tinha ganhado, foi uma pressão muito grande.

Roque Jr saiu do banco e foi decisivo (Mauricio Val/Lance!/Arquivo)

MELHOR VERMELHO DO QUE LEVAR GOL
Ciente da força do Palmeiras no Palestra Itália, o River Plate recebeu a ida das semifinais, em Buenos Aires, com a intenção declarada de vencer por, ao menos, três gols de diferença. E jogou para isso, com intensa pressão e seguidas bolas na trave, duas delas, inclusive, no lance do gol de Berti, aos três minutos do segundo tempo.

Mas os planos argentinos deram errado por dois motivos. O primeiro deles: Marcos, que voltou a executar milagres. E por conta de Junior Baiano, que errou um domínio e não pensou duas vezes ao acertar o corpo de Castillo com uma tesoura, evitando que ele entrasse livre na área. Foi expulso, conscientemente.

- Era ou fazer a falta ou tomar o segundo gol. Então era melhor fazer a falta - disse o zagueiro, sorrindo, pouco depois da partida, à TV Globo.

DEFESA QUASE INTEIRA RESERVA
O cartão vermelho e a consequente suspensão de Junior Baiano tornou-se mais um dos muitos problemas de Felipão para armar sua defesa para o jogo de volta das semifinais. Na Argentina, o técnico teve de substituir Cléber, que teve uma distensão muscular que o deixaria fora por bastante tempo. E já tinha iniciado a fase sem Junior porque o lateral-esquerdo acumulou duas expulsões no torneio (nos jogos de volta contra Vasco e Corinthians) e, por isso, pegou gancho nas duas semifinais.

Na prática, o lateral-direito Arce era o único titular da defesa à disposição para a volta no Palestra Itália. Na esquerda, Scolari continuou apostando em Rubens Júnior, cria do clube que tinha voltado de empréstimo do Coritiba. Na zaga, o ainda jovem Roque Júnior, reserva imediato de qualquer um dos titulares na época e também opção como volante, e o experiente Agnaldo, deixando no banco Rivarola, uma das contratações para a temporada, mas que não vingou.

Mesmo assim, tudo deu certo. O River Plate teve poucas oportunidades claras e, de quebra, a vitória por 3 a 0 teve participação direta de um defensor. Aos 18 minutos do segundo tempo, Roque Júnior foi à área em cobrança de escanteio e cabeceou nas redes para fazer o segundo gol.

Alex ratificou-se como craque e ídolo naquela Liberta (Reprodução)

UM 10 NOTA 10
Alex começou a Libertadores questionado, acusado de sumir em algumas partidas. Foi no torneio que firmou-se como grande jogador. Já tinha sido decisivo na vitória por 4 a 2 sobre o Vasco, nas oitavas de final, e, na semifinal, foi o dono da vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, no Palestra Itália. fez dois golaços e ainda criou chance clara que Euller mandou na trave. Virou ídolo.

DEPORTIVO CALI ERA UMA BABA?
Depois de passar por Vasco, Corinthians e River Plate, o Palmeiras, enfim, era incontestavelmente favorito na Libertadores. Mas enganou-se quem imaginou facilidade contra o Deportivo Cali. Na ida, pressão, vitória colombiana por 1 a 0 quase sem deixar o Verdão jogar e ambiente hostil, inclusive com bombas atiradas próximas a Felipão enquanto ele dava entrevistas no campo.

Parecia que tudo se resolveria tranquilamente no Palestra Itália, mas o primeiro tempo terminou 0 a 0. Scolari abriu o time logo aos 12 do segundo tempo, com Evair no lugar de Arce (o volante Rogério virou lateral) e viu o centroavante converter pênalti sete minutos depois. Mas, cinco minutos depois, Junior Baiano fez falta na área e Zapata empatou. A vitória só veio com Oséas, aos 30 do segundo tempo, e, na sequência, nos pênaltis.

- Sabíamos da dificuldade. Achavam que era um time de pouca expressão, mas chegou à final e tinha qualidade. Em Libertadores, não tem time fácil. Fizemos o gol, eles empataram com gol de pênalti, mas, graças a Deus, não demorou muito e fiz o gol da virada. Sempre acreditamos, porque sabíamos que tínhamos qualidade para isso. Nos pênaltis, sabíamos que tínhamos o Marcão, pegador de pênaltis. Estávamos confiantes, a torcida vibrando, e as coisas aconteceram naturalmente - contou Oséas.

PEGADOR DE PÊNALTIS CONTOU COM DEUS
Marcos já era chamado de santo e virou a principal esperança nos pênaltis na final. Mas Zinho errou a primeira cobrança e o goleiro não conseguiu defender nenhuma, embora quase tenha pegado duas. Contudo, Bedoya acertou a trave na quarta batida colombiana e Zapata mandou para fora depois. Graças a Deus, segundo Marcos.

- Sempre achamos que, às vezes, a pressão de jogar fora de casa na hora dos pênaltis é muito mais fácil do que dentro de casa. Já tínhamos um histórico de decepções na Libertadores. Chegar à final e perder nos pênaltis seria muito triste. Felizmente, Deus ajudou a uma bola bater na trave e outra, para fora, e ficarmos com o título. Pelo que jogamos, não seria justo perder a final. Foi a melhor defesa que não fiz na minha vida - sorriu Marcos.

A decisão foi extremamente tensa (Daniel Augusto Jr/LANCE!)

MARCOS QUASE SE MACHUCOU
Logo depois de ver Zapata errar, a euforia pelo título tomou conta de Marcos de uma tal forma que o goleiro quase sofreu um grave acidente. O camisa 12 saiu correndo em direção à torcida e, nos primeiros segundos, esqueceu do fosso que dividia o campo das arquibancadas do Palestra Itália.

- Eu me lembro que a minha vontade era correr e me jogar na torcida. Felizmente, a distância era um pouco longa para onde a Mancha ficava na época e deu tempo de eu lembrar que tinha o fosso. Se fosse mais perto, com certeza eu teria me jogado e me ferrado - gargalhou.

CARRO É SÓ DO SANTO
A Toyota patrocinava a Libertadores e o Mundial Interclubes no fim do ano, promovendo o duelo entre os campeões sul-americanos e europeus. Era uma marca na final da Libertadores o melhor da competição desfilar no campo com uma chave gigante, e também tornou-se comum o vencedor do prêmio individual vender o carro para dividir o valor com os colegas. Não em 1999.

Marcos foi eleito o craque daquela Libertadores. Na época, até declarou que pretendia dividir o prêmio com os colegas, mas, aparentemente, mudou de ideia. O goleiro tinha um dos menores salários do elenco, recheado de atletas milionários bancados pela Parmalat, e não só ficou com o carro como se viciou na marca. Recentemente, publicou em seu Instagram que aquele foi apenas o seu primeiro veículo da Toyota nos últimos 20 anos.

FIM DA ERA PARMALAT
A Parmalat promoveu uma viagem do Palmeiras à Itália logo depois da conquista da Libertadores, com o presidente da empresa cumprimentando pessoalmente os campeões da América. O principal objetivo esportivo da parceria havia sido atingido e a co-gestora ainda repassou o renomado atacante Asprilla, então no Parma, também da empresa, como reforço. Os investimentos seguiram fortes até o Mundial, perdido para o inglês Manchester United por 1 a 0. E parou ali.

Parceira do Verdão desde 1992, a Parmalat resolveu deixar o comando do futebol do clube no final de 1999. Manteve-se na camisa em 2000 apenas como patrocinadora, como um agradecimento à equipe que tornou a empresa popular no Brasil. Saíram os investimentos e, também, astros como Paulo Nunes, Oséas, Evair, Junior Baiano e Zinho. Acabava uma das eras mais vencedores do Palmeiras.