O duelo entre PSG e Inter Miami, neste domingo (29), às 13h (de Brasília), pelas oitavas de final do Mundial de Clubes, é muito mais do que um jogo. É o palco do reencontro entre Lionel Messi e o técnico Luis Enrique, protagonistas de uma das mais vitoriosas e conturbadas relações da história recente do Barcelona, marcada por conflitos de ego, um vestiário rachado e uma glória inesquecível.
Messi no banco e a 'treta' no treino
Tudo começou no início de 2015. Em um jogo contra a Real Sociedad, Luis Enrique ousou deixar Messi no banco de reservas, alegando que o craque foi o último a se reapresentar das férias. A decisão pegou mal e foi o estopim para uma crise. Em entrevista, o ex-lateral do Barça, Adriano, confirmou os bastidores.
— Ele [Luis Enrique] teve uma treta com o Messi em um treinamento. A gente tentou abafar, mas acabou saindo (na imprensa), não tem como — recordou Adriano, explicando que a briga começou por uma "bobeira": uma falta não marcada pelo técnico durante um treino. — O Messi é muito competitivo, ele não gostava de perder, não.
A situação ficou tão tensa que, segundo Adriano, nos jogos seguintes, sempre que o técnico ia dar uma instrução na beira do campo, o estádio inteiro gritava "Messi! Messi!". Segundo rumores da época, o craque argentino teria pressionado pela saída do treinador. Anos depois, o próprio Luis Enrique admitiu a tensão.
— Não foi algo que eu busquei. Mas aconteceu, precisei lidar com isso. E, sinceramente, só posso falar coisas boas do Messi — disse o técnico à Catalunya Ràdio.
Os detalhes do conflito vieram à tona por mais de um ex-companheiro. O zagueiro francês Jérémy Mathieu, em entrevista à RMC, revelou que a briga começou em um treino por uma falta não marcada em Messi. Segundo ele, a discussão foi "feia" e envolveu até um dos auxiliares de Luis Enrique, Joaquín Valdés, o que forçou o técnico a tentar "apagar o incêndio" em uma conversa particular com o camisa 10 no vestiário.
O papel de Mascherano
Com o Real Madrid dominando o campeonato e o vestiário rachado, os próprios jogadores tiveram que intervir. "Aí nos reunimos no vestiário e falamos assim: 'Ou a gente muda essa dinâmica, ou a gente faz aquele tratado de paz, Israel com Palestina, para dar uma amenizada na situação'", relembrou Adriano.
Segundo relatos da imprensa espanhola na época, um personagem foi fundamental para selar a paz: Javier Mascherano. O volante argentino teria feito a ponte entre Messi e Luis Enrique, ajudando a acalmar os ânimos. Ironicamente, hoje Mascherano é o técnico de Messi no Inter Miami e estará no lado oposto do campo de Luis Enrique.
Reencontro em um novo mundo
Apesar das faíscas fora de campo, a parceria funcionou. Com o trio MSN (Messi, Suárez e Neymar) voando, o Barcelona conquistou a Tríplice Coroa (Champions, La Liga e Copa do Rei) em 2015.
Agora, o reencontro acontece em um momento diferente. Messi, aos 38 anos, é a estrela de um projeto na MLS, Luis bem demais no PSG. No papel, o time francês é favorito, mas o Inter Miami tem Messi, e a história mostra o quanto o argentino leva a sério reencontros.