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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 19/12/2015
20:03
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Aos 56 anos, e com 40 dedicados ao basquete, Jorge Guerra, o Guerrinha, é um dos nomes mais experientes no Brasil. Mas, para que parar? No início desse mês, o treinador visitou o colega argentino Julio Lamas, comandante do San Lorenzo e ex-técnico da seleção de seu país, para atualizar seus conhecimentos de olho no futuro.

Com o Bauru, Guerrinha foi campeão Paulista (2013 e 2014) e das Ligas Sul-Americana (2014) e das Américas (2015). Além disso, ficou com o vice-campeonato mundial, após perder para o Real Madrid em setembro deste ano. Se não bastasse, disputou com a equipe três jogos na pré-temporada da NBA.

Depois disso, foi demitido do time, e, agora, após uma visita à Espanha e à Argentina, se atualiza visando um retorno ao basquete.

– Acho que toda a troca de conhecimentos é muito importante, em qualquer nível que seja. Nós estamos sempre aprendendo. Como eu tive a parada em Bauru, estou procurando me reciclar – comentou o, hoje, comentarista, ao L!.

Mesmo assim, Guerrinha ainda não “aceita” completamente sua saída do Bauru. Para ele, a falta de justificativas foi o que mais doeu.

– Fiquei surpreso. Fui gestor do projeto o tempo todo. Eu coloquei todas as pessoas lá dentro, dei credibilidade ao projeto, montei. Minha imagem foi usada para levar jogadores. Consegui vários patrocinadores e, na hora que ficou top, fui tirado sem nenhuma justificativa. Foi esquisito esse tipo de vaidade de algumas pessoas – afirmou.

Longe dos clubes, o treinador analisa o atual comando da Seleção Brasileira. Em sua opinião, o argentino Rubén Magnano não deve continuar após a Olimpíada. Quem será seu possível substituto ainda é uma incógnita, mas Guerrinha crê que seu nome poderia ser citado.

– Não me vejo como principal nome para ser o sucessor do Magnano, especialmente pela Confederação Brasileira (CBB), se não já estaria na comissão técnica. Acho que tenho capacidade, sou bastante experiente e tenho o perfil de ex-jogador da Seleção. Mas, cada momento é um momento. Na hora que aparecer, a gente analisa o que é o melhor – ponderou Guerrinha.

Atualizado, o comandante está pronto para uma nova guerra?

'Acredito que o Brasil tenha uma Seleção top que vai brigar por medalhas na Olimpíada' - Guerrinha

LANCE - Faz falta aos treinadores brasileiros, buscar atualizações e trocas de experiências no exterior?
Jorge Guerra -
Faz falta para todos os treinadores no mundo inteiro. Mas não são todos que podem. Se todos tivessem condições, fariam o mesmo que eu fiz.

L! - Qual o nível dos técnicos aqui?
JG - Acredito que nossos treinadores, principalmente da Liga, têm um ótimo nível. O que falta é a estrutura das equipes e patrocinadores.

L! - A estrutura do basquete brasileiro está defasada?
JG - Essa estrutura depende muito da parte financeira. O país vive uma crise. O que falta são arenas. Falta estrutura para treinamentos, arenas multiuso, com academias, locais para treinar. As grandes cidades não têm ginásios.

L! - Como você vê as atuais denúncias de desvio de verbas feitas contra a Confederação Brasileira?
JG -
Espero que tudo seja apurado. Que as pessoas que mereçam punição, seja em qual área for, sejam punidas. A gente vê muito no Brasil, não apenas nessa situação específica, uma inversão de valores muito grande. Pessoas capacitadas fora e outras incapacitadas tomando conta das coisas. Isso é muito ruim para nós.

L! - Voltaria ao Bauru?
JG - Sim, mas não com essa diretoria.

L! - Você manteria o Magnano na Seleção? Quem poderia assumi-la?
JG - O Magnano desenvolve um trabalho muito legal, mas é um ciclo. O dele termina agora. Acho que ele foi bem feito até a Olimpíada. Aí, precisa ver quem está mais capacitado, tem mais perfil e qual equipe vai entrar.

L! - A falta de minutos dos brasileiros na NBA atrapalha a Seleção?
JG - Eles sempre jogaram pouco. Quem atuava mais era o Nenê. Isso faz uma grande diferença. Não adianta apenas ter apenas uma grande quantidade de atletas na NBA, eles precisam jogar lá.

EXPERIÊNCIA

Como jogador
Guerrinha passou a maior parte de sua carreira no Franca, mas atuou muitos anos na Seleção. Com ela, foi campeão do Pan de Indianápolis (EUA), tornando o Brasil a primeira equipe a bater os Estados Unidos em casa. Foi quinto na Olimpíada de Seul (COR), em 1988, e Barcelona (ESP), em 1992.
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Como técnico
Teve seus principais títulos com o Bauru, sendo campeão nacional (2002), paulista (2013 e 2014), da Liga Sul-Americana (2014) e da Liga das Américas (2015). Foi vice no mundial desse ano.

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