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‘Muhammad Ali lutou no ringue, por suas crenças e contra doença’

Especialista em boxe, editor do LANCE! Wilson Baldini Jr mostra as 'mil faces' de Muhammad Ali dentro e fora dos ringues

(Foto: Reprodução/Facebook)
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- Eu não vou sentir falta do boxe. O boxe é quem vai sentir minha falta.

É verdade. O boxe está de luto com a morte de Muhammad Ali, no hospital Scottsdale Osborn, de Phoenix, no Arizona, em decorrência de problemas respiratórios. Ali tinha 74 anos e desde 1984 estava diagnosticado com o Mal de Parkinson.

Nascido Cassius Marcellus Clay Jr., foi campeão olímpico dos meio-pesados na Olimpíada de Roma, em 1960. No boxe profissional, se tornou peso pesado e ganhou o cinturão por três vezes: 1964, 1974 e 1978. Realizou duelos lendários contra Joe Frazier (seu maior rival), George Foreman e Ken Norton.

Fã de Sugar Ray Robinson, a quem chegou a convidar para ser seu técnico no início de carreira, Ali conseguiu imitar seu estilo clássico e eficiente. Mesmo com quase 100 quilos de peso, conseguia se mover como uma borboleta e picar como uma abelha, como gostava de ostentar. Foi um revolucionário da nobre arte.

Movia-se com leveza, por causa de um jogo de pernas inigualável, e sabia atingir os adversários com uma precisão assustadora, capaz de derrubar oponentes maiores e mais fortes.

Além de ser dono de uma técnica de luta espetacular, Ali sabia como nenhum outro desequilibrar o adversário psicologicamente. Foi assim diante dos fortões Sonny Liston e George Foreman, quando muitos críticos davam o combate como um suicídio para Ali. E ele saiu vencedor, ao quebrar os nervos dos adversários.

Fora do ringue mostrou a mesma coragem e determinação. Cassius Clay se converteu ao islamismo e adotou o nome de Muhammad Ali logo após se sagrar campeão mundial pela primeira vez, em 1964.

Ele se negou a servir o exército dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Foi duramente criticado por boa parte da sociedade e imprensa norte-americanas, foi julgado, perdeu o título e ficou três anos afastado do boxe, no melhor momento físico de sua carreira.

- Nenhum vietcongue me fez mal. Nenhum deles me chamou de crioulo.

Após abandonar o boxe, seu nome continuou com credibilidade e sempre ficou vinculado a grandes marcas publicitárias, o lhe renderam um faturamento anual de cerca de US$ 20 milhões anuais no fim da vida.

Politizado e atuante, chegou a intermediar pessoalmente em Bagdá com o ditador Saddam Hussein a liberação de reféns norte-americanos. O racismo e a busca pela descoberta da cura do Mal de Parkinson também foram pontos em que Ali se mostrou constantemente presente.

Sua atitude como ser humano ultrapassou o fato de ser um dos maiores pugilistas de todos os tempos. Ele influenciou a vida de muita gente. Ele lutou por toda a sua vida. Lutou no ringue, por suas crenças e contra a doença. Seu exemplo merece ser seguido. Sempre.