Poucos zagueiros marcaram tanto uma torcida no futebol brasileiro quanto Réver Humberto Alves Araújo. Alto, forte no jogo aéreo, líder nato e com faro de gol, ele se transformou em símbolo de uma das eras mais vitoriosas da história do Atlético-MG, conquistando Libertadores, Copa do Brasil, Brasileirão, estaduais e acumulando gols como se fosse atacante. Não à toa, o apelido pegou: "Capitão América". O Lance! conta por onde anda Réver.
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Revelado pelo Paulista de Jundiaí, com passagem importante pelo Grêmio e breve experiência na Europa, Réver explodiu de vez com a camisa alvinegra. Também vestiu as cores de Internacional e Flamengo, somou convocações para a Seleção Brasileira e participou da campanha campeã da Copa das Confederações de 2013.
Nos números gerais, ele figura entre os zagueiros que mais marcaram gols na história do Campeonato Brasileiro, superando a casa das três dezenas de bolas na rede pela competição. Ao mesmo tempo em que defendia, decidia jogos em bola parada, principalmente de cabeça.
Hoje, já aposentado, Réver vive uma nova fase longe das quatro linhas, mas segue muito ligado ao Atlético-MG e ao futebol. Por onde anda Réver?
Início de Réver no Paulista e a base de um zagueiro-artilheiro
Réver começou a carreira nas categorias de base do Paulista de Jundiaí, onde se profissionalizou e deu seus primeiros passos como zagueiro. No clube, conquistou um título marcante logo no início da trajetória: a Copa do Brasil de 2005, ao lado do goleiro Victor, outro futuro ídolo do Atlético-MG.
No Paulista, ele desenvolveu algumas das características que se tornariam marca registrada: bom tempo de bola, força física e presença constante na área adversária em jogadas aéreas. Essas credenciais chamaram a atenção de clubes maiores e abriram a porta para o próximo salto da carreira.
Empréstimo ao Al-Wahda e projeção nacional no Grêmio
Em 2007, Réver teve uma rápida experiência internacional, emprestado ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes. A passagem, embora curta, foi importante para ganhar bagagem fora do Brasil.
Na volta, o zagueiro foi emprestado ao Grêmio, em 2008 — e foi em Porto Alegre que seu nome ganhou projeção nacional. Com atuações seguras, muita imposição física e gols importantes, ele se tornou peça-chave no vice-campeonato brasileiro daquele ano. Ainda em 2008, foi indicado ao prêmio de melhor zagueiro do Brasileirão.
No Grêmio, Réver começou a ser enxergado como algo além de "apenas" um bom defensor: tratava-se de um líder em formação, com grande capacidade de decidir jogos em bola parada e de organizar o sistema defensivo.
Passagem pelo Wolfsburg e volta de Rever rápida ao Brasil
O bom desempenho chamou a atenção do Wolfsburg, da Alemanha, que o contratou em 2010. A aventura europeia, porém, não teve sequência longa: com poucas oportunidades e sem se firmar como titular, Réver retornou rapidamente ao futebol brasileiro.
Esse retorno, no entanto, mudou a sua história. A partir de 2010, vestido de alvinegro, ele passaria a escrever o capítulo mais importante da sua carreira.
Primeira passagem pelo Atlético-MG: auge, títulos e idolatria
Em julho de 2010, Réver chegou ao Atlético-MG e logo assumiu a braçadeira de capitão. No Galo, viveu o auge: marcou gols de todos os tipos, firmou-se como referência técnica e emocional e criou uma identificação raríssima com a torcida.
A parceria com Leonardo Silva formou uma das duplas de zaga mais marcantes do futebol brasileiro recente. As "Torres Gêmeas", como ficaram conhecidas, eram sinônimo de segurança atrás e perigo constante nas bolas paradas ofensivas.
O momento mais emblemático veio em 2013, ano da conquista da Copa Libertadores da América. Réver foi capitão, ergueu a taça e ainda marcou gols importantes, como o tento contra o Tijuana, no Independência, que garantiu a classificação para a semifinal. Somou ainda títulos de Campeonato Mineiro, Recopa Sul-Americana e Copa do Brasil, consolidando-se como um dos maiores jogadores da história do clube.
Internacional: bons momentos, mas marcado por lesões
Em 2015, Réver trocou o Galo pelo Internacional, assinando contrato longo. No Colorado, também levantou taças, como Campeonatos Gaúchos e Recopa Gaúcha, mas encontrou um obstáculo pesado: as lesões.
Os problemas físicos impediram uma sequência sustentada de jogos em bom nível. Em vários momentos, o zagueiro ficou afastado, o que dificultou a consolidação de um status similar ao que tinha no Atlético. Mesmo assim, deixou sua contribuição, principalmente em 2015, quando conseguiu atuar com mais frequência.
Flamengo: reconstrução da carreira e títulos estaduais
Em 2016, Réver chegou ao Flamengo por empréstimo em um momento de desconfiança sobre sua condição física. No Rubro-Negro, deu a volta por cima: estreou bem, marcou gol logo no primeiro jogo contra o Cruzeiro no Mineirão e rapidamente assumiu a titularidade e a faixa de capitão em diversas partidas.
Fez parte da base defensiva do Fla em 2016 e 2017, foi campeão invicto do Campeonato Carioca de 2017, ganhou prêmios individuais como Bola de Prata e entrou em seleções de campeonatos estaduais e nacionais. A passagem no clube carioca devolveu protagonismo e recolocou Réver na prateleira dos zagueiros mais respeitados do país.
Retorno ao Atlético-MG e a tríplice coroa
Em 2019, Réver voltou ao Atlético-MG para uma segunda passagem. Não era mais o mesmo jovem de 2010, mas seguia importante técnica e emocionalmente. Assumiu novamente papel de liderança no vestiário e esteve presente em uma das temporadas mais emblemáticas da história do Galo.
Em 2021, ele fez parte do elenco que conquistou a tríplice coroa: Campeonato Mineiro, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. No ano seguinte, somou ainda o título da Supercopa do Brasil de 2022, completando uma coleção praticamente completa de taças possíveis no cenário nacional pelo clube.
Ao final desse ciclo, Réver se isolou como um dos jogadores mais vitoriosos da história atleticana, tendo conquistado Libertadores, Recopa, Copa do Brasil, Brasileirão, estaduais e Supercopa com a mesma camisa.
Seleção Brasileira: conquistas de Réver e participações em grandes torneios
Na Seleção Brasileira, Réver teve passagem relevante, ainda que sem o mesmo protagonismo dos tempos de clube. Estreou em 2010, foi titular em jogos do Superclássico das Américas contra a Argentina, ergueu taças da competição e integrou o elenco campeão da Copa das Confederações de 2013, disputada no Brasil.
Chegou a ser cotado como opção para a Copa do Mundo de 2014, mas as lesões e a falta de sequência no período anterior ao Mundial acabaram tirando-o da lista final. Ainda assim, deixou seu nome registrado como um defensor respeitado no cenário de Seleção, com oito jogos e um gol pelo time principal.
Por onde anda Réver?
Por onde anda Réver? Depois de encerrar o ciclo no Atlético-MG ao fim da temporada 2023, Réver (@rever_5) está preparando terreno para ser técnico de futebol. Ele tirou a licença PRO da CBF e atualmente integra a comissão técnica do técnico Vagner Mancini. Começou a temporada no Goiás e atualmente está no Red Bull Bragantino.
Todos os clubes da carreira de Réver (em ordem cronológica)
Ao longo da carreira profissional, Réver defendeu sete clubes:
- Paulista de Jundiaí – 2004–2008
- Al-Wahda (Emirados Árabes Unidos, empréstimo) – 2007
- Grêmio – 2008–2010
- Wolfsburg (Alemanha) – 2010
- Atlético-MG – 2010–2014 (primeira passagem)
- Internacional – 2015–2018
- Flamengo (empréstimo) – 2016–2018
- Atlético-MG – 2019–2023 (segunda passagem)
Entre todas essas camisas, foi no Atlético-MG que ele se tornou eterno: capitão, multicampeão e um dos maiores zagueiros da história do clube.