A história do Clube Atlético Mineiro é marcada por conquistas, pioneirismo e por um espírito competitivo que o acompanha desde os primórdios do futebol em Minas Gerais. Fundado em 1908, o Galo se tornou o principal símbolo da paixão mineira, conhecido por unir técnica, garra e torcida vibrante. E entre os incontáveis capítulos de glória, há um resultado que permanece como o mais expressivo da trajetória atleticana: o 13 a 0 sobre o Calafate, conquistado em 11 de agosto de 1929, pelo Campeonato Mineiro. O Lance! relembra a maior goleada da história do Atlético Mineiro.
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Maior goleada da história do Atlético Mineiro
A goleada, disputada no Estádio Antônio Carlos, em Belo Horizonte, não foi apenas um número extraordinário — foi um símbolo do domínio absoluto do Atlético no futebol estadual. Em uma época em que as competições ainda se estruturavam, o Galo já mostrava sua superioridade técnica e física. O placar de 13 a 0 ainda hoje é o maior da história atleticana em jogos oficiais e permanece imbatível há quase um século.
O Calafate, clube tradicional da capital nas primeiras décadas do século XX, não resistiu ao ímpeto do ataque alvinegro. O Atlético, liderado por Mário de Castro, Jairo, Guará e Said, transformou o jogo em uma exibição de poder ofensivo. A equipe que se consolidava como a maior de Minas apresentou, naquela partida, o futebol envolvente que definiria a identidade do Galo: intensidade, ataque e espírito vencedor.
Mais do que uma goleada, aquele jogo foi um manifesto do que o Atlético representaria dali em diante — um clube que joga para vencer, que não se entrega e que sempre busca o gol.
O cenário do futebol mineiro nos anos 1920 e a ascensão do Galo
O futebol mineiro da década de 1920 vivia uma fase de transição entre o amadorismo e a profissionalização. As rivalidades começavam a se desenhar e, desde cedo, o Atlético se destacava como o grande protagonista da capital. O clube, que já havia conquistado títulos estaduais em 1915, 1926 e 1927, buscava consolidar sua hegemonia e seu estilo de jogo.
O Campeonato Mineiro de 1929 reuniu equipes tradicionais de Belo Horizonte, como América, Yale, Sete de Setembro e Calafate. Este último, um time formado por operários e jogadores da região oeste da cidade, enfrentava dificuldades para competir com a estrutura e o talento do Atlético. O confronto seria desigual — e se transformaria em uma das maiores exibições já vistas no futebol local.
A vitória por 13 a 0 simbolizou a diferença de nível entre o Galo e seus rivais da época. Com preparo físico superior e uma proposta ofensiva ousada, o Atlético dominou o jogo desde o início e não deu chances ao adversário.
Mário de Castro e a geração de ouro que marcou o futebol mineiro
O grande destaque da goleada foi Mário de Castro, atacante letal e ídolo eterno do Atlético. Integrante do lendário trio ofensivo Trio Maldito, ao lado de Said e Jairo, Mário marcou nove gols na partida — um feito até hoje inigualável em jogos oficiais do clube.
Essa geração de 1929 foi responsável por consolidar o Atlético como referência técnica e de competitividade no futebol mineiro. O "Trio Maldito" era temido por defesas de todo o Estado, combinando velocidade, precisão e entrosamento. A cada jogo, o Galo reafirmava sua superioridade, e a goleada sobre o Calafate foi o ponto culminante dessa fase de ouro.
Os jornais da época exaltaram o Atlético como o clube mais temido de Minas Gerais. A atuação de Mário de Castro virou manchete: "Nove gols de um só jogador — a prova de que o Atlético não tem rival em Minas". O artilheiro encerraria a carreira poucos anos depois, mas continuaria sendo lembrado como o primeiro grande ídolo do Galo.
O Estádio Antônio Carlos e o peso simbólico da goleada
A partida foi disputada no Estádio Antônio Carlos, casa do Atlético entre 1929 e 1950, localizado no bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. O local foi o palco da afirmação do clube como potência regional. Construído com recursos da própria torcida e dos dirigentes da época, o estádio simbolizava a estrutura e o profissionalismo que o Galo começava a desenvolver.
Ver o Atlético aplicar 13 a 0 em casa teve um valor especial. O estádio lotado vibrou a cada gol, e o clima de festa tomou conta da cidade. A goleada se tornou um marco na memória atleticana e um ponto de referência para as gerações seguintes.
Foi ali, no Antônio Carlos, que o clube consolidou sua identidade: um time que joga com intensidade, empurra o adversário até o fim e transforma cada vitória em demonstração de força.
O impacto histórico do 13 a 0 na história do Atlético Mineiro
O 13 a 0 sobre o Calafate teve impacto imediato. Naquele mesmo ano, o Atlético conquistaria o título mineiro, confirmando sua hegemonia estadual. O placar histórico foi mais do que um resultado — foi a consagração de um estilo de jogo ofensivo e da mentalidade vitoriosa que o clube carregaria ao longo das décadas.
Nenhuma outra equipe de Minas Gerais conseguiu superar o feito em competições oficiais. O resultado se tornou uma espécie de mito na história do Galo, frequentemente lembrado pelos torcedores como símbolo do "jogar para frente" que caracteriza o clube.
Décadas depois, o Atlético continuaria a honrar esse legado com times memoráveis — de Reinaldo nos anos 1970, a Ronaldinho Gaúcho em 2013 e Hulk na era recente —, todos herdeiros do espírito atacante e destemido daquela geração pioneira.
O 13 a 0 que definiu a alma do Atlético Mineiro
Mais do que a maior goleada de sua história, o 13 a 0 de 1929 é um espelho da alma atleticana. Representa a força, a determinação e a busca incessante pela vitória que movem o Galo há mais de um século.
Em uma época em que o futebol ainda engatinhava em Minas Gerais, o Atlético já mostrava profissionalismo e paixão. A goleada sobre o Calafate foi o prenúncio de um clube destinado a ser gigante.
Desde então, o Atlético Mineiro construiu uma trajetória marcada por conquistas épicas, viradas heroicas e atuações inesquecíveis. Mas nenhuma vitória resume tão bem o espírito do Galo quanto aquele dia em 1929, em que o clube escreveu seu nome na história com 13 gols e um legado eterno.