A Copa dos Campeões do Brasil foi uma das competições mais curiosas e democráticas do futebol nacional no início dos anos 2000. Organizada pela CBF, ela nasceu da tentativa de unir os vencedores das principais copas regionais — como a Copa do Nordeste, Copa Sul-Minas e Torneio Rio–São Paulo — em uma disputa que desse aos clubes de todas as regiões a oportunidade de lutar por uma vaga na Copa Libertadores da América. O Lance! relembra a Copa dos Campeões do Brasil.
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Seu formato buscava corrigir uma antiga desigualdade: enquanto os clubes do eixo Rio-São Paulo tinham acesso facilitado às competições continentais, equipes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste raramente conseguiam essa chance. Assim, a Copa dos Campeões representou uma tentativa de democratização do calendário, valorizando torneios regionais que viviam um momento de grande popularidade.
O torneio foi realizado entre 2000 e 2002, período em que o futebol brasileiro passava por intensas transformações estruturais. As copas regionais estavam em alta, a CBF testava novos formatos e o país vivia o impacto do calendário reformulado após a criação da Copa João Havelange, em 2000. Dentro desse contexto, a Copa dos Campeões surgiu como uma espécie de “mini Libertadores nacional”.
A fórmula, apesar de curta, foi eficiente em criar confrontos inéditos, gerar boas audiências e movimentar cidades do Norte e Nordeste, regiões escolhidas como sede das partidas. Estádios como o Rei Pelé, em Maceió, e o Mangueirão, em Belém, receberam duelos entre gigantes do eixo e clubes emergentes, com público empolgado e atmosfera de decisão.
Mesmo durando apenas três edições, a competição deixou uma marca importante. A conquista do Paysandu em 2002, por exemplo, foi símbolo do sucesso da proposta: um clube amazônico campeão nacional e classificado à Libertadores. Essa diversidade era o espírito da Copa dos Campeões — curta, mas histórica.
O que era a Copa dos Campeões do Brasil?
A criação da Copa dos Campeões surgiu como uma forma de equilibrar a disputa nacional, dando às equipes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste a chance de competir por uma vaga na Libertadores. O torneio também buscava consolidar o calendário de copas regionais como parte do cenário competitivo nacional.
Nas duas primeiras edições (2000 e 2001), a competição contou com nove clubes. Havia uma fase preliminar com um triangular de turno único, envolvendo campeões das Copas Norte e Centro-Oeste, além do vice do Nordeste. Os dois melhores avançavam para as quartas de final, juntando-se aos vencedores do Torneio Rio–São Paulo, Copa Sul-Minas, Nordeste e aos campeões estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Os jogos eliminatórios ocorriam em partida única ou ida e volta, dependendo da fase, com sedes fixas nas regiões Nordeste e Norte — como os estádios Rei Pelé, em Maceió, e Almeidão, em João Pessoa.
Em 2002, o formato mudou: o torneio passou a ter 16 clubes, divididos em quatro grupos de quatro, com partidas em turno único. Os dois primeiros de cada grupo avançavam às quartas de final, seguidas de semifinais e finais em mata-mata.
Critérios de classificação
As vagas eram distribuídas conforme o desempenho nas competições regionais e estaduais:
- Torneio Rio–São Paulo: 1 vaga (2000 e 2001) e 6 vagas (2002)
- Copa Sul-Minas: 2 vagas (2000 e 2001) e 4 vagas (2002)
- Copa do Nordeste: 2 vagas (2000 e 2001) e 3 vagas (2002)
- Copa Norte: 1 vaga por edição
- Copa Centro-Oeste: 1 vaga por edição
- Campeonatos Carioca e Paulista: 1 vaga cada (2000 e 2001)
- Campeão da edição anterior: 1 vaga adicional a partir de 2002
A diversidade de critérios fazia com que clubes de várias regiões do país se enfrentassem, criando confrontos inéditos e interessantes.
Campeões e finais marcantes
Apesar de sua curta duração, a Copa dos Campeões teve três campeões diferentes em suas três edições:
- 2000 – Palmeiras: venceu o Sport por 2 a 1 na final disputada em Maceió.
- 2001 – Flamengo: derrotou o São Paulo por 5 a 3 no agregado (2 a 3 e 3 a 0) em uma das decisões mais emocionantes do torneio.
- 2002 – Paysandu: surpreendeu o país ao bater o Cruzeiro nos pênaltis após dois jogos equilibrados (1 a 2 e 4 a 3).
Essas finais reuniram grandes públicos e mostraram o potencial competitivo da competição. A conquista do Paysandu em 2002 marcou o auge do futebol nortista, garantindo ao clube sua primeira participação na Libertadores.
Regras e características da Copa dos Campeões do Brasil
O torneio era totalmente eliminatório após a fase de grupos, e o critério de desempate principal era o saldo de gols. Em caso de igualdade, havia prorrogação e, se necessário, pênaltis.
A Copa dos Campeões também ficou conhecida pelos locais neutros, sempre em estádios do Norte e Nordeste, o que ampliava o alcance nacional da competição e aproximava o público regional dos grandes clubes.
Fim da competição
Em 2003, com a adoção do formato de pontos corridos no Campeonato Brasileiro, o calendário nacional foi reformulado e a maioria das copas regionais perdeu espaço. Como consequência, a Copa dos Campeões foi extinta.
Mesmo com apenas três edições, o torneio cumpriu seu papel histórico de democratizar o acesso à Libertadores e fortalecer clubes de regiões fora do eixo Sul-Sudeste.
Legado e importância
A Copa dos Campeões é lembrada como uma experiência bem-sucedida e democrática, que deu protagonismo a clubes de todo o país. O título do Paysandu e as finais equilibradas de Palmeiras e Flamengo marcaram época e mostraram que o futebol brasileiro podia ter representatividade nacional sem depender exclusivamente dos grandes centros.
Até hoje, torcedores e especialistas citam a competição como um exemplo de integração regional e de formato competitivo que poderia inspirar novas ideias no calendário brasileiro.